A vista da feira em 2008, na Bienal de São Paulo. Ela tem um crescimento controlado, de 15% a cada edição
Abre nesta quarta-feira (28), para convidados, a sexta edição da SP-Arte, maior evento do mercado de arte brasileiro. São 80 galerias representando seus artistas no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, dez delas estrangeiras. Ao todo, a feira deve expor 2500 obras em cinco dias. A criadora e diretora geral do evento, Fernanda Feitosa, fala sobre a nova edição, a situação do mercado de arte no Brasil e compara a feira com eventos internacionais similares.
ÉPOCA – Quarenta galerias ficaram na fila de espera para entrar na feira. Como funciona a escolha das galerias participantes na SP-Arte?
Fernanda Feitosa – A SP-Arte está crescendo e aumentando sua repercussão. Nesses cinco anos de realização, modéstia à parte, tivemos uma trajetoria de muito sucesso. É claro, a cada edição, recebemos novos interessados em entrar para a feira. Neste ano, não pudemos atender 40 galerias, algo inédito. A seleção é feita com base no perfil da galeria. É uma feira de arte moderna e contemporânea. Procuramos participantes com esse perfil, que representem bons artistas, e que estejam em sintonia com a feira. Outro elemento importante é uma necessidade da feira de se internacionalizar. Às vezes, temos que priorizar uma presença internacional importante em detrimento de uma galeria nacional.
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ÉPOCA – Quais são as principais novidades desta edição?
Fernanda – Temos 13 galerias novas que entraram na feira – cinco do exterior. Teremos, pela primeira vez, três galerias do Recife. Uma das coisas que mais celebramos neste ano é a entrada de uma galeria inglesa (Stephen Friedman). O mercado latino-americano é um mercado que nós gostaríamos de atrair para a feira. É um passo natural que as melhores galerias da América Latina procurem o Brasil para mostrar os seus artistas.
ÉPOCA – Há planos de expansão da feira em número de galerias? Haveria espaço no próprio Pavilhão da Bienal?
Fernanda – Em 2004, quando buscamos um local para fazer a feira, a Bienal foi escolhida não só pela relação com a arte, mas também por ela ter um formato que permite crescer. A cada ano crescemos. Eu poderia ter crescido até o máximo, mas a feira tem um planejamento de crescimento controlado. Eu não acredito em megaevento. Acho que perturba. É um evento de formação de público, de novos colecionadores. A gente tem crescido uma média de 15% em público por ano. O ideal é que a feira cresça junto com o público. Assim, não temos uma situação em que haja muitas galerias e poucos compradores. Megafeiras europeias que têm 250 galerias viram um feirão. O visitante fica deseperado por não conseguir ver tudo.
ÉPOCA – Mas não há a pretensão de chegar ao tamanho desses eventos estrangeiros?
Fernanda – Eu acho que naturalmente vamos crescer, mas eu não acho que 250 participantes seja um número bom. Nossa perspectiva é continuar crescendo e, nos próximos 5 anos, atingir entre 180 a 200 galerias, o limite máximo para um bom aproveitamento do evento.
ÉPOCA – Os produtos expostos continuam com o mesmo perfil da primeira edição?
Fernanda – A feira começou com galerias de arte moderna e contemporânea em número parecido – hoje, 75% das galerias são contemporâneas. Eu noto uma tendência na maior presença de trabalhos em fotografia e, em menor escala, em vídeo. A pintura continua forte.
ÉPOCA – Há alguma estimativa de quanto a feira movimenta?
Fernanda – Não. O que sabemos é que cada galeria expõe em média 30 obras por edição. Algumas galerias chegam a faturar 30% da sua movimentação anual. Em termos de movimentação financeira da feira, há que se entender que por ser uma feira de arte, as decisões de compra não são imediatas e ninguém sai carregando a obra. Não é uma feira em que você compra uma bolsa e a leva para casa. Muitas vendas são efetuadas muito tempo depois da feira. A feira é uma vitrine. As galerias encaram a feira como um momento de posicionamento da sua proposta, do trabalho de seus artistas. Vender é importante, mas tão importante quanto isso é se posicionar no mercado, mostrar que seus artistas são assim. No caso de artistas inovadores, que abrem novas perspectivas, nem sempre eles são vendáveis à primeira vista, nem para colocar em casa.
Da galeria Fortes Vilaça, obra de Rodrigo Matheus
ÉPOCA – Como você avalia o momento do mercado brasileiro de arte?
Fernanda – Está em um excelente período. O Brasil sempre esteve bem em relação à sua produção, que agora está sendo reconhecida e valorizada no exterior. O mercado brasileiro não é uma bolha, é fruto do trabalho de 20 anos. O Brasil tem um histórico artístico sólido, por causa do modernismo. Então não é um mercado que foi criado da noite para o dia, fruto de algum boom econômico. É um mercado que, comparado com o mercado europeu, está aí há pouco tempo, mas são 60 anos, e isso dá legitimidade a ele. É um mercado ainda em organização.
Repórter: Mariana Shirai
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