quarta-feira, 27 de maio de 2009

Primeiro a grana, depois a caipirinha

Nicole Büsing e Heiko Klaas


Crise? Mas que nada! Em São Paulo, na maior feira de arte da América Latina, os negócios vão de vento em popa – e de maneira bem racional. O mercado internacional cai de boca no modernismo brasileiro e até leva consigo a arte de rua do país.

Caipirinhas, mansões de luxo e loiras exuberantes de salto alto. A piscina é obrigatória e, é claro, com iluminação subaquática. Se estivéssemos no sul da Flórida, na época do boom da Art Basel Miami Beach, o resto da história seria óbvio. Após três drinques no máximo, os convidados continuariam a festa dentro da piscina. À certa altura, não haveria mais contenção e os tablóides obteriam sua história, seguindo o velho lema: esses organizadores de eventos artísticos são loucos.

Porém, em São Paulo, a maior cidade brasileira com mais de 11 milhões de habitantes, o cenário das artes se apresenta mais sóbrio, inclusive em suas festas de lançamento. Formas de comportamento afetado, tipo nouveau-riche, não são benquistas, algo que também se deve ao fato de que os bairros nobres e as favelas nem sempre estão tão distantes, como se imagina.










Interior do pavilhão Ciccillo-Matarazzo

No entanto, no pavilhão da Bienal, no parque do Ibirapuera – criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e considerado o maior pulmão verde da cidade -, o clima é de descontração. Alguns visitantes até desfilam de jogging na quinta feira de arte da SP Arte. Trata-se da maior e a mais importante feira da América Latina. Oitenta galerias, em sua maioria na América do Sul, mas também na França, na Espanha e em Portugal, exercem uma disciplina que recentemente não causou muita alegria aos organizadores da Europa e dos Estados Unidos: a venda de obras de arte em tempos da crise.

Mas, enquanto os números das vendas nas feiras de arte na Europa e nos Estados Unidos sofreram quedas significativas, constata-se um clima de garimpo ao sul do equador: colecionadores brasileiros e internacionais estão açambarcando as últimas peças vendáveis do modernismo brasileiro, cujas obras dos anos 50 aos 80 não precisam temer nenhuma comparação com obras da América do Norte e da Europa.




Mira Schendel, Sem Título, 1984

Até Jay Jopling, o dono de uma célebre galeria de Londres, visitou a feira espontaneamente, embora estivesse, na mesma data, expondo obras de sua galeria White Cube na feira de arte em Hong Kong.

E Sarina Tang, colecionadora, curadora e conselheira de arte de Nova Yorque, diz com propriedade: “Por muito tempo, a arte brasileira moderna foi marcada como arte do terceiro mundo. Parece que agora essa imagem está sendo corrigida num processo sumário.”

Tang, que nasceu em Xangai e cresceu em São Paulo, conhece bem os mercados em alta. Desde o início, ela acompanhou o desenvolvimento deste na China. Lá surgiu, praticamente do nada, uma cena contemporânea que, muitas vezes, seguiu a ordem do vendável e da caça ao efeito, e cujos preços subiram de forma exorbitante devido às atividades de especuladores e leilões.

Tang atesta à jovem cena brasileira um padrão maior de substância. “A arte contemporânea brasileira se serve de um vocabulário bem mais internacional e consistente do que a arte jovem da China ou da Rússia. Por causa disso, desejo a ela um público mais amplo.”

Fernanda Feitosa, a diretora da feira, expressa um ponto de vista semelhante. Ela também espera que a tendência seja menos extrema que na China. “É bem provável que, um dia, os preços também exacerbem aqui. Mas, a longo prazo, dinheiro demais no mercado não é bom. Seria melhor se pudessemos nos desenvolver passo a passo.”

Por que será que os especialistas consideram o Brasil um dos centros do modernismo internacional? Felipe Chaimovich, curador no Museu de Arte Moderna de São Paulo, esclarece o assunto:



Helio Oiticica, Grande Núcleo, 1960 (Fonte: Projeto Hélio Oiticica)

“Nos anos 50, o Brasil se posicionou de uma forma completamente nova: como poder de liderança da América Latina e do terceiro mundo. Oscar Niemeyer realizou Brasilia, a nova capital, e a Bienal de São Paulo ganhou um nível de padrão internacional. Naquela época, artistas, como Lygia Clark ou Helio Oiticica, comecaram a produzir a arte neoconcreta que também foi reconhecida internacionalmente.”

Embora tenha sido um advento tardio, é exatamente esse tipo de arte que agora está sendo procurado por colecionadores e museus do mundo inteiro. As esculturas desdobráveis e frágeis de aço fino de Lygia Clark; os trabalhos delicados de papel de Mira Schendel; ou um biombo de Ivan Serpa, pintado com formas reduzidas e geométricas. Na SP Arte, tais obras são adquiríveis – no entanto, a preços que, em geral, estouram os orçamentos dos grandes museus internacionais.

Segundo Emma Lavigne, curadora do Centre Pompidou de Paris, isso coloca os museus numa posição de desvantagem. “Às vezes, leva de seis a sete meses, ou até um ano, para um museu como o Centre Pompidou aprovar uma aquisição, porque o processo passa por mais de uma instância. Já os colecionadores particulares podem reagir bem mais rápido.

Em cartaz na Art Basel: Arte de Rua de São Paulo

Porém, para quem acredita que a High Art dos museus seja um tema batido, terá sua recompensa em São Paulo mesmo assim. A arte do grafite, criativa e colorida, está surgindo em todos os cantos da cidade. Desde que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, proibiu os outdoors e as propagandas luminosas na paisagem urbana, há muito mais área à disposição dos grafiteiros. Os protagonistas da cena são notórios.

Atualmente, os gêmeos Gustavo e Otavio Pandolfo, 34, estão em voga.

Suas pinturas de um colorido intenso acharam a trilha para a primeira liga da cena de arte brasileira: a famosa galeria Fortes Vilaça vende as obras com grande sucesso. O fato de os gêmeos continuarem ativos no espaço urbano é uma questão de honra.


Kboco

O colega Kboco, 31, também fez sucesso. Seus sistemas geomêtricos e harmônicos de linhas e círculos se encontram nas fachadas de muitas cidades brasileiras. O trabalho dele será exposto este ano, pela primeira vez, pela Galeria Marilia Razuk na famosa Art Basel.

O motor da cena é o ágil galerista Baixo Ribeiro. Cinco anos atrás, ele fundou o “Choque Cultural”, um espaço para novos talentos. Antes disso, Ribeiro marcava presença em cenários de skateboard e da moda. Foi assim que ele entrou em contato direto com as celebridades do grafite. Hoje Ribeiro as interliga com os sprayers de Nova Yorque, Los Angeles, Paris e Londres. Como a maioria dos colecionadores de Baixo Ribeiro aprecia a pintura contemporânea, ele consegue lhes transmitir que a Arte de Rua de São Paulo é de alta qualidade pitoresca, tanto nas fachadas quanto na tela.

Ribeiro: “Quem pinta na rua, recebe um feedback direto do público. Quando as pessoas não gostam de algo, aquilo desaparece em poucos dias. Do contrário, os bons trabalhos ainda permanecem no espaço urbano por mais de 10 anos.”

Publicado em 27/05/09

Fonte: Peter Hilgeland
Original: Spiegel Online

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A dona da feira

Evento internacional criado por Fernanda Feitosa coloca a capital paulista na rota mundial das artes


Wagner Malta Tavares


Com o objetivo de apresentar e promover a interação entre artistas, galeristas, colecionadores e amantes das artes, em geral, foi criada, em 2005, a SP-Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo. O evento cresceu, em grande parte pelo empenho de sua criadora e diretora geral, Fernanda Feitosa. Tanto que, em sua quinta edição, que acontece entre os dias 14 e 17 de maio no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, uma das principais feiras de arte do Hemisfério Sul vai receber a visita de renomados curadores e compradores de arte dos mais importantes museus do mundo, além de contar com a participação de 80 galerias, 12 delas de países como Espanha, Portugal, França, Argentina, Uruguai e Colômbia. Serão três mil obras, entre moderna e contemporânea, expostas em uma área de 7 mil m², quase o dobro do espaço ocupado em seu primeiro ano. Em entrevista à Brasileiros, Fernanda Feitosa traça um perfil do mercado de artes no Brasil e fala da importância de um evento desse porte para os brasileiros.



Brasileiros - Fernanda, o que levou você a montar a SP-Arte/Feira Internacional de Arte de São Paulo?

Fernanda Feitosa - Eu era colecionadora, gosto de arte e frequentava o circuito. Quando morei fora conheci várias feiras e quis trazer para São Paulo essa atmosfera vibrante, profissional. As feiras em geral são de arte contemporânea, mas como o Brasil tem uma forte relação com a arte moderna, achei que a SP-Arte deveria ter as duas.
Queríamos que quando alguém pensasse em arte na América Latina, pensasse em São Paulo: maior cidade do continente com uma das mais importantes bienais do mundo e com uma feira de arte muito forte que conta com as mais importantes galerias da região e de outras partes do mundo.

Brasileiros - Quantas são as galerias estrangeiras?

F.F. - Em cinco anos de feira fomos de uma para 12. Há que se comemorar, porém ainda não chegamos nem perto do que queríamos.

Brasileiros - Como é o colecionismo de arte no Brasil? É um esforço de poucos?

F.F. - A feira também tem o propósito de atrair pro mercado de arte um número maior de pessoas. Considerando o tamanho da nossa população e nossa produção, o número de colecionadores é muito pequeno. Um dos objetivos da feira é aumentar o mercado para São Paulo se transformar num polo de irradiação de arte. Há muitos jovens colecionadores de arte contemporânea e eles são muito sérios, estudam e frequentam o meio de arte.

Brasileiros - O colecionismo ainda é associado a status e ascensão social?

F.F. - Como sou uma entusiasta, acho que não importa o motivo que leva uma pessoa a colecionar arte, e acho até que as artes devem enriquecer quem entra em contato. A pessoa que começa é como que tomada por um vírus, não dá pra ficar imune, não é como o consumismo ou ir a festas, a arte agrega outras coisas. Se ao invés de comprar um carro novo a pessoa passa a colecionar arte, por que motivo for, ela agrega cultura, bom gosto, exclusividade... acaba envolvendo-se mesmo... e aí a arte é maior que muitas coisas. Se houver real interesse e seriedade, acabará fazendo boas escolhas e um novo mundo se abrirá. Há muitos trabalhos bons, o mundo não é só o das grandes galerias ou dos superartistas, a base da pirâmide é maior.

Brasileiros - Na primeira edição houve adesão de todas as galerias do Brasil?

F.F. - Não, mas na quarta já estavam todas lá. Foi um processo, não há nenhum ressentimento, as galerias têm suas prioridades, há outras feiras que as galerias querem participar e seus processos e estratégias são diferentes.

Brasileiros - Vocês estavam preparados para as dificuldades do início?

F.F. - Quem abre um negócio tem de estar preparado para tudo: para caminhar devagar, pro sucesso e pro fracasso. Estávamos preparados para conquistar, não é um processo de submissão a nada, é um processo de conquista, fomos conquistando o respeito. Então passou a ser um projeto de todos, é uma responsabilidade incrível, como melhorar uma coisa que está indo muito bem, mas é preciso melhorar sempre. É difícil atrair pessoas para um evento que compete com uma oferta cultural como a de São Paulo.

Brasileiros - O que esperam da feira neste ano de crise?

F.F. -. Crescemos como o Brasil: tudo está crescendo, vamos junto. Agora a crise. As galerias brasileiras estão mostrando muita maturidade, muita tranquilidade, maior ainda que as galerias estrangeiras. Elas têm maior agilidade e embora estejam preparadas para vender menos estão empenhadas em mostrar o que têm de melhor; todas as galerias e artistas estão com trabalhos inéditos, querem lançar livros e colaboraram para trazer clientes de fora. É fácil vender quando o dinheiro está sobrando. Agora a seleção será mais apurada na hora da compra.

Brasileiros - Grandes feiras internacionais contam com espaços para projetos especiais. Faz parte dos planos da SP-Arte incluir espaços como esses?

F.F. - Sim. Mas queremos crescer melhor e é preciso ganhar mais respeito, ficar mais importante e fazer a coisa seriamente. Não gosto de fazer show na feira. "Ah! então vamos fazer tudo: boate, dança, prêmio porque daí vamos chamar mais gente e encher os jornais de novas notícias, né?" Nossos esforços estão concentrados na parte comercial devido à crise: uma grande corporação comprará obras na feira e doará para a Pinacoteca e para o MAM-SP; um banco que achou a iniciativa muito boa e comprará uma obra para um museu e uma para o acervo deles. A bilheteria será revertida para a própria feira, vamos comprar obras. Virão 22 convidados de instituições estrangeiras, gente do MoMA/Nova York, Tate Gallery/Londres e Georges Pompidou/ Paris: os três maiores do mundo; LACMA/Los Angeles, MALI/Lima, MUSAC/Espanha; art advisors e compradores de grandes coleções. Não dá pra fazer tudo agora mas faz parte sim ter uma área institucional.

Brasileiros - A verba da bilheteria formará uma coleção da SP-Arte?

F.F. - Sim, pode ser. Dado o momento achamos justo reverter esse dinheiro em benefício da feira.

Brasileiros - Por que a decisão de cobrar ingressos?

F.F. -A feira é um evento de mercado, não é da natureza desse tipo de evento ser gratuito.Não é o caso de uma bienal, onde o evento faz parte da política cultural. Mas a simples gratuidade não garante que as pessoas vão ao evento, é simples retórica achar que só porque não cobra ingresso as pessoas teriam acesso. Creio que nesse ponto há muita confusão.

Brasileiros - O tão falado boom da arte brasileira no mundo é um fato?

F.F. - Acho que é um fato. Mas ainda a Europa e os EUA olham para o Brasil com um certo exotismo. Tem também a sede pelo novo e pela descoberta de novos talentos; mas os grandes artistas brasileiros que chegaram lá fora com força, como o Oiticica, a Lygia Clark, o Cildo Meirelles, a Mira Schendel, o Waltercio Caldas, não são artistas que têm 20 e poucos anos. Por isso acho que não é uma simples curiosidade pelo novo, acho que é um reconhecimento merecido de um trabalho muito constante e sólido desses artistas. Não acho que seja um devaneio, menos ainda um trabalho de marketing bem elaborado ou uma moda: há uma tradição que justifica essa atenção. Ainda acho que olham pouco, perto do que deveriam olhar. Há 25 outras feiras de arte acontecendo no mundo, num ano de Bienal de Veneza, né? E todos esses profissionais estrangeiros têm interesse em vir para cá? Alguma coisa tem, espero que seja alguma coisa sólida, mas não é a mesma coisa que a arte chinesa que veio no surto econômico onde artistas de 20 a 30 anos valem milhões...

Brasileiros - Na maioria das vezes comprados pelos próprios chineses...

F.F. - Sim, pelos próprios chineses. A arte contemporânea alçou voos internacionais. Devemos pensar muito bem em como posicionar o País como um polo cultural, muito brilhantemente como fez o Fashion Week que transformou São Paulo num polo de moda. Somos mais que o País do futebol, temos tantas outras coisas... e arte, né? Está na hora de nos posicionarmos, chega de trabalhar sozinho, as galerias sozinhas, os artistas sozinhos... É hora de abrir a cabeça e ver que é importante ter obras de artistas brasileiros nos museus lá fora, é preciso parar de olhar isso com desconfiança, não estamos tendo nosso patrimônio cultural evadido, temos de parar de pensar como colônia, fechadinha, precisamos pensar grande. Por não saber se posicionar o Brasil perde grandes oportunidades

Publicado em 05/09/09

Fonte: revista Brasileiros

domingo, 17 de maio de 2009

Mercado de arte para iniciantes

NÃO TENHA PRESSA
Como num namoro, a primeira impressão de uma obra é a que fica. Depois do encantamento inicial, é necessário um processo de reflexão. Pesquisar a trajetória do artista e saber de quais salões ou exposições ele participou são maneiras de avaliar a consistência do trabalho

INFORME-SE
Cursos livres de arte -como os oferecidos por instituições como MAM, Masp, Escola São Paulo, Casa do Saber e Instituto Tomie Ohtake, entre outros- dão uma boa introdução ao tema

VÁ A EXPOSIÇÕES
Criar o hábito de frequentar galerias e museus é uma maneira de acompanhar de perto o que está sendo produzido. Quanto mais referências, melhor

PARTICIPE DE CLUBES
Os clubes de gravura e de fotografia do MAM são uma boa porta de entrada para quem quer começar a comprar, pois os preços são acessíveis e os artistas participantes são selecionados por curadores reconhecidos

VALORIZAÇÃO É UMA APOSTA
Por mais que exista a possibilidade de uma obra valorizar, é bom ter em mente que arte é um investimento a longo prazo e com um grau de risco, principalmente no que diz respeito a artistas jovens, cujos trabalhos ainda estão em formação

Publicado em 17/05/09

Fonte: Revista da Folha

Íntegra da matéria para assinantes da Folha ou UOL

Arte de comprar

JOVENS COLECIONADORES AQUECEM O MERCADO DE ARTE CONTEMPORÂNEA EM SÃO PAULO NA COMPRA DE OBRAS QUE VÃO DE R$ 500 A R$ 40 MIL













Movimentação no primeiro dia da SP-Arte, no Pavilhão da Bienal


Leticia de Castro

O publicitário German Carmona, 33, não faz questão de ostentar um carrão do ano nem de frequentar lugares da moda. Mas, sempre que seu orçamento permite, compra obras de arte. Há cinco anos, ele acompanha a produção de artistas ligados à temática urbana e já reuniu 40 peças, espalhadas em seu apartamento, na casa de praia e na residência dos pais.

São gravuras, telas e fotografias, a maioria de artistas também jovens, em início de carreira. "Meu prazer é comprar antes de eles estourarem. Acho legal ajudar no começo e ver como eles amadurecem", diz German.

Como ele, o advogado Wilson Pinheiro Jabur está especialmente interessado em novos talentos. "Gosto de investir em pessoas da minha geração." Ele começou a colecionar aos 25 anos e, hoje, aos 33, acumula 80 obras.

German e Wilson fazem parte de um grupo que vem engrossando o caldo do mercado de arte paulistano, impulsionado nos últimos anos pela euforia dos mercados financeiros.

"Existe uma nova geração de colecionadores que não está preocupada só com a decoração da casa, e sim em desenvolver um olhar sobre a produção artística atual, em participar de seu tempo", observa a galerista Luisa Strina, que atua há 35 anos.

A feira SP-Arte -que termina hoje, no Pavilhão da Bienal- também contribui para o crescimento desse nicho de consumidores. Em sua quinta edição, conseguiu dobrar o número de galerias participantes em relação ao primeiro ano (de 40 para 80).


Íntegra para assinantes da Folha ou da UOL

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Fotógrafo brasileiro Gui Mohallem expõe na SP Arte


Maio/2009 | Bravo! Indica



Ensaio para a Loucura

Fotógrafo brasileiro Gui Mohallem expõe na SP Arte seu trabalho de pesquisa da loucura de si e do outro, feita com pinhole digital


Laila Abou Mahmoud

"Me perturba, me desafia conhecer o universo do outro". Foi topando esse desafio que o fotógrafo brasileiro Gui Mohallem iniciou seu processo de pesquisa e fotografia de Ensaio para a Loucura, conjunto exposto até esse domingo, 17/5, das 12h às 20h na SP-Arte, no stand da Galeria de Babel (stand 50), no Pavilhão da Bienal, em São Paulo.

O processo é curioso e corajoso. Consiste no fotógrafo encontrar o entrevistado em algum local escolhido por ele de acordo com sua memória afetiva e, juntos, se submeterem a sessões de conversas e confissões que podem durar horas. Durante essa troca, ambos descobrem medos, traumas, pontos em comum e o fotógrafo, particularmente, avança na sua investigação e descoberta de recônditos mentais e geográficos que sequer imaginava - parte das fotos foram tiradas fora do país.

São desses pontos em comum que Gui tira o material para fotografá-los, já num segundo ou terceiro encontro (os dois juntos é quem escolhem o momento para fazê-la). A foto é feita com pinhole digital, técnica parecida àquele furinho na latinha que o ex-professor de fotografia para jovens utilizava para lhes explicar a arte da luz e de imprimi-la num papel fotográfico. Só que, dessa vez, a técnica é feita no corpo de sua câmera digital.

O resultado são imagens que imprimem no papel a máxima de que tudo se transforma e a efemeridade do tempo de uma maneira provocadora. Para isso, remodelam rostos e silhuetas (confira todas as fotos no site do artista). Comparadas muitas vezes às distorções das figuras do anglo-irlandês Francis Bacon, às quais podem remeter num olhar superficial, os retratos desconstruídos não existem sozinhos. Eles compõem um conjunto de materiais que privilegia a interação com quem as aprecia, dialogando com as narrativas dos fotografados.

Quem for visitar as fotos expostas no Pavilhão da Bienal, poderá não só ler os trechos mais significativos dos depoimentos que foram matéria-prima para a materialização pela câmera - sem lente - do fotógrafo, como imprimi-los em seu próprio corpo, numa comunhão semelhante à que fotógrafo e fotografado experimentam durante a preparação da obra (como mostra a foto acima).

As primeiras fotografias foram feitas ainda quando Mohallem estava no exterior e foram expostas pela primeira vez numa individual em Nova Iorque em outubro do ano passado.

O projeto é aberto e quem quiser topar a empreitada de desbravar e revelar imagens improváveis de si pode contatar o fotógrafo por meio de seu site e se inscrever. Encarar a loucura, de si e do outro, mais que terápico, aqui se propõe a ser arte.

Publicado em 05/09

Fonte: Bravo Online

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Feira de arte traz mais de 3 mil obras ao Ibirapuera

A 5ª edição da SP Arte estreia hoje no Pavilhão da Bienal com uma ‘overdose’ de trabalho




Começa hoje, no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, a 5ª edição da SP Arte -Feira Internacional de Arte de São Paulo. Nela, estarão reunidas as mais importantes galerias nacionais e internacionais, com mais de 3 mil obras em exposição. Com destaque para obras de Di Cavalcanti, Cícero Dias, Botero, Vik Muniz, Beatriz Milhazes e muitos artistas novos.

Em um espaço de 7 mil m², estarão participando 80 galerias - 10 são representantes de países como França, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Colômbia. A feira tem sua exposição ocupada por 75% de arte contemporânea e 25% de arte moderna.

Já as novas galerias (e os jovens artistas) estarão em um espaço específico, no mezanino do Pavilhão, batizado de Arte Nova. Por lá, oito galerias descoladas, como as paulistas Polinésia, Emma Thomas, D-Concept, Mezanino e Galeria Pontes; a carioca Amarelonegro; a mineira RHYS Mendes e Mariana Moura, do Recife.

O curioso é que, embora a feira seja voltada ao público com grande poder aquisitivo e possibilidade de compra de obras caras, também será possível encontrar peças (de jovens artistas, é claro) no valor de R$ 400 - que para o mercado de obras de arte é muito barato. No ano passado, a feira movimentou cerca de R$ 15 milhões em vendas.

Assim como no ano passado, a feira terá um programa de aquisições de obras de arte para instituições . Normalmente, bancos, shoppings e outros grandes patrocinadores participam desta ação, comprando quadros para o MAM a Pinacoteca do Estado e outros.

Além das exposições, o interessado vai encontrar na feira uma série de lançamentos de livros de arte, nos estandes das editoras Cosac Naify e Bei. Uma boa oportunidade para quem pretende se inteirar no mundo das galerias.

Publicado em 14/5/09

Fonte: Jornal da Tarde

quarta-feira, 13 de maio de 2009

SP Arte ocupa a Bienal com obras de 80 galerias

Camila Molina

São Paulo - A 5ª SP Arte - Feira Internacional de Arte Contemporânea, será inaugurada hoje para convidados e amanhã para o público no prédio da Bienal, apresentando mais de 2 mil obras nos estandes de 80 galerias participantes, nacionais e estrangeiras (da Argentina, Colômbia, Espanha, França, Portugal e Uruguai). “A feira começou com a participação de 40 galerias e ela vem crescendo a cada edição. O Brasil está sendo percebido, neste momento, como local que a crise tem impacto desacelerado”, diz Fernanda Feitosa, idealizadora e diretora-geral da SP Arte. Mas nesta edição da feira, que tem como novidade a área Arte Nova, dedicada a galerias de pequeno porte, com obras de muitos jovens artistas, há peças com valores a partir de R$ 400, revelando que um caráter mais acessível.

No ano passado, segundo Fernanda, a feira movimentou cerca de R$ 15 milhões em vendas e apenas R$ 54 mil em bilheteria e venda de catálogos, mas o evento se torna, na verdade, um local mais de negociações. “Claro que os galeristas têm consciência da possibilidade de vender menos”, diz a diretora. Esta edição, como na anterior, também terá o programa de aquisição de obras para instituições, desta vez, para a Pinacoteca do Estado e para o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio. O Shopping Iguatemi entrará com 90% do valor das obras selecionadas pelas instituições e elas, com o restante do dinheiro. O Banco Espírito Santo também vai comprar um trabalho para a Pinacoteca e outro para sua coleção particular e a SP Arte/2009 vai dar uma obra para o MAM de São Paulo.

A feira brasileira tem seu perfil centrado em cerca de 75% de arte contemporânea e 25%, em arte moderna. Além da exposição, a SP Arte abrigará uma série de lançamentos de livros nas galerias e nos espaços das editoras Cosac Naify e Bei e promoverá palestras com curadores no auditório do MAM: amanhã, às 16h30, A França e Um Novo Olhar para o Brasil, com Emma Lavigne e Joel Girard do Centre Georges Pompidou de Paris; às 17h30h, O Que Leva Uma Coleção Particular a Adquirir Características Públicas?, com Rodrigo Moura, do Inhotim Centro de Arte Contemporânea, e Mireya Escalante, da Coleção Coppel (México); e na sexta-feira, às 16h30, Arte Contemporânea - Explosão e Correção no Mercado de Arte da China, com a chinesa Sarina Tang. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Agência Estado

Mesmo com crise, SP Arte chega maior à 5ª edição

FABIO CYPRIANO

Acompanhando o surto na ascensão dos preços na arte contemporânea pré-colapso financeiro, a feira SP Arte, que é inaugurada nesta quarta-feira à noite para convidados, dobrou de tamanho em seus cinco anos de existência: de 40 galerias chegou agora a 80.

E a crise? "Nós surgimos numa fase de crescimento do mercado e nadamos de braçada, mas a situação hoje não é difícil, pois a crise está chegando aqui menos acelerada do que na Europa e o cenário que temos hoje é o que estávamos acostumados, antes é que era uma exceção", diz Fernanda Feitosa, 42, diretora geral do evento.

No entanto, assim como no cenário internacional, Feitosa acredita que existe uma nova postura no circuito das artes: "Quando há excesso de dinheiro, as pessoas são menos seletivas, mas agora as compras são mais conscientes, a qualidade irá ter mais importância e as galerias sabem disso."

Como exemplo, a diretora aponta para o estande da galeria mineira Celma Albuquerque. "Olha lá, em vez de encher o espaço com pequenos trabalhos, eles apresentam apenas uma instalação do José Bento, o que é uma aposta bacana", diz Feitosa. A instalação é composta pela série "Viagem de Balão", com nove fotografias, o vídeo "Verdades e Mentiras" e a escultura "Ócio".

Outro destaque da feira é um "Bicho", de Lygia Clark, realizado em 1984 e que, segundo Luiz de Paula Séve, da Galeria de Arte Ipanema, que comercializa a obra, é o maior já feito pela artista e tem seu preço em torno de US$ 1 milhão. Nesse ano, contudo, com um espaço para jovens galerias, como Polinésia, Emma Thomas e Mezanino, há maior variedade de preços.

Assim como no ano passado, esta edição da SP Arte também irá patrocinar a compra de algumas peças na feira para instituições brasileiras.


Publicado em 13/5/09

Íntegra: Folha de S.Paulo

Camille de Bayser e Rose Bürki: Presença cativa da França na SP Arte

Paula Alzugaray

Atualmente, três artistas brasileiras expõem na galeria da Cité Internationale des Arts, em Paris. Por trás da exposição coletiva que reúne Silvia Mecozzi, Amália Giacomini e Iracema Barbosa, há duas jovens galeristas francesas. Camille de Bayser e Rose Bürki representam nove artistas franceses e oito brasileiros em sua Galerie Sycomore Art, em Paris. Com o objetivo de estreitar as relações entre a França e o Brasil, elas participam pelo terceiro ano consecutivo da SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo, que realiza sua quinta edição entre 14 e 17 de maio, no Pavilhão do Ibirapuera, com a participação de 80 galerias, dez delas estrangeiras.












A SP Arte tem dado resultados positivos?
Rose - A SP Arte é um encontro anual muito importante para nós, tanto quanto essas feiras jovens parisienses, Diva e Slick. Para nós, essas feiras são uma estratégia para criar uma visibilidade da galeria, tanto em Paris quanto em São Paulo.

Como começou o interesse pela arte brasileira?
Camille - Desde a abertura da galeria, em 2004, tínhamos a ideia de fazer um elo com o Brasil. No ínicio, tínhamos duas bases: em Paris e em São Paulo, onde morei durante dois anos. Começamos a trabalhar a distância, pesquisando artistas e procurando parceiros. Encontramos a Raquel Arnauld, que começou uma colaboração conosco, nos confiando seus artistas mais jovens. Assim, as coisas se encadearam e começamos a organizar exposições individuais e coletivas de artistas franceses e brasileiros.

Como é o interesse do colecionador brasileiro por arte francesa e vice-versa?
Camille - É um trabalho demorado. Na realidade, existem hoje apenas quatro ou cinco artistas conhecidos tanto lá quanto cá. Nosso objetivo é apresentar os novos, os desconhecidos. Mas o fato é que, na França, o reconhecimento de um artista depende de sua passagem por instituições. Por isso, é preciso estabelecer um elo com as instituições para que os artistas alcancem maior visibilidade. E esse é um trabalho lento. Começamos, por exemplo, apresentando três artistas francesas no Centro Cultural São Paulo, em 2006, e hoje mostramos três brasileiras na Cité des Arts, em Paris.

Publicado em 13/5/09

Fonte: Istoé

Doações e aquisições feitas durante a quinta edição da SP-Arte

A SP-Arte, o grupo Iguatemi e o Banco Espírito Santo investiram no fomento à arte, comprando e doando obras a instituições brasileiras. A saber:

Carlos Jereissati Filho adquiriu e doou, em nome do Iguatemi, cinco obras para dois museus (ano passado foram duas obras para dois museus):

-Para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, obra de Marcius Galan , da Galeria Luisa Strina; Marilá Dardot, da Galeria Vermelho; João Modé, de A Gentil Carioca; e fotos de Pedro Martinelli, da Galeria de Babel;

- Para o MAM Rio de Janeiro, óleo de Eduardo Berliner, da Casa Triângulo.

Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte, adquiriu, junto com o Núcleo Contemporâneo do MAM, obra de Mira Schendel, da Galeria Athena, que foi doada para o MAM São Paulo. No ano passado, adquiriu obra de Nina Moraes, doada para a Pinacoteca.

O Banco Espírito Santo comprou cinco obras, três para doação à Pinacoteca do Estado de São Paulo e duas para acervo próprio. Foram doadas à instituição de arte uma colagem de Felipe Cohen, da Galeria Marília Razuk; outra de Chiara Banfi, da Galeria Vermelho; e uma tela de Rodolpho Parigi, da Nara Roesler. Para seu acervo, o BES adquiriu um Caetano de Almeida, da Luisa Strina e uma série de quatro fotos de Giancarlo Neri e Marcos Chaves, da Galeria Progetti.

As instituições que receberam as obras – MAM São Paulo, MAM Rio de Janeiro e Pinacoteca do Estado de São Paulo - também contribuíram com R$ 10 mil, cada uma, para a compra das mesmas.

Sofisticada a Feira de Arte. Do blog Davis Lisboa Artblog

Sofisticada a Feira de Arte - a SP Arte 2009 (5 edição) na Bienal , no Parque do Ibirapuera. Qualquer visitante de Nova York, Londres, Tokyo, Barcelona, Milão ficaria bem impressionado


Esqueça aquela idéia de feira de arte com cavaletes de madeira e pinturas de paisagens e naturezas mortas de artistas acadêmicos meio velhuscos tentando seduzir os visitantes. A feira que termina esta semana no Ibirapuera é uma mostra arrojada , do que há de ponta no comércio de arte no Brasil, com as galerias mais importantes tentando brigar por uma fatia da renda dos endinheirados. Ivan Serpa, Lygia Clark, Beatriz Milhazes, Antônio Dias, Iberê Camargo, Thomaz Farkas, Maria Leontina, Milton da Costa, Rodrigo de Castro, Paulo Pasta, Daniel Costa, Flávio de Carvalho, Vik Muniz são apenas alguns dos nomes de peso dos artistas de galerias como Casa Triângulo, Dan Galeria, Arte 57, Almacen (RJ), a nova Choque Cultural da filha do Aldemir Martins, Mariana, a célebre Jean Boghici (RJ), DConcept (SP), Anita Schwartz, Amparo 60 (Pernambuco), Fortes Villaça, Instituto Moreira Salles, etc. ... Além dos grandes nomes já consagrados há décadas nas artes visuais brasileiras, como Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari, Cícero Dias, Tomie Ohtake, Antônio Henrique Amaral, Cláudio Tozzi, etc.. etc....

Filas enormes se formaram a tarde toda nos quatro dias da mostra, um público disposto a pagar 25 reais para ver o que as galerias acreditam que o público quer comprar. O quadro mais valioso que eu vi sendo negociado foi uma tela de porte médio da Tarsila , na galeria Almeida & Dale, com o preço de R$ 2 milhões. Não sei se o negócio acabou saindo, mas até o ponto que eu presenciei, o interessado queria saber se havia “negócio” nesse valor, ou seja, de quanto seria o desconto. Ao que o dono da galeria, obviamente interessadíssimo respondeu “Evidente que sim”. Uma tela medindo 1 metro por 1 metro da Tomie, uma imagem belíssima, que deu origem, inclusive, a uma tiragem de serigrafia no início dos anos 80 estava cotada, por R$ 250 mil. Os Volpis pequenos medindo algo com 25x40 estavam cotados a R$ 90 mil ,trabalhos que era de se imaginar mais caros. Uma tela das melhores do Antônio Dias, dos anos 70, R$ 300 mil . Uma tela grande, um geométrico vermelho, na linha do Eduardo Sued, do garoto já badalado, Rodrigo de Castro, R$ 28.400,00. Uma foto do Thomaz Farkas, reproduzindo o centro de São Paulo, grande, emoldurada, R$ 10.200,00. Chamou atenção um stand com boas amostras da obra do grande baiana Rubem Valentim, morto em 1991 e que fez dos símbolos das religiões afro-brasileiras a grande inspiração para sua obra. Uma tela medindo 30 por 40 do Valentim estava saindo por 8 mil reais, as maiores por R$ 45 mil. Umas obras belíssimas, feitas em madeira pintada de branco, na faixa de 70 mil estavam as duas vendidas. O dinheiro volta para a fundação que leva o nome de Rubem Valentim , na Bahia, ele que não teve filhos e deixou como legado a Fundação.

O que parece é que o mercado de arte brasileiro cada vez tenta chegar mais perto das grandes mostras internacionais, das feiras já badaladas nas capitais européias. Marchands elegantes , que dão pouca prosa para mortais leigos, senhoras finíssimas falando em 100 mil dólares como se fossem 300 reais, laptops macintosh absolutamente clean, colecionadores que sonham se tornar um Gilberto Chateaubriand, compradores manjados já no mercado de arte, preenchedores compulsivos de folhas de cheque, todo esse universo fervilhando dentro do prédio projetado por Oscar Niemeyer, onde em 1951 aconteceu a primeira bienal brasileira.

O mais curioso desse cenário todo é que a única palavra que não se ouvia dentro da Feira é crise. “Crise, que crise, mercado de arte vende o ano inteiro”, dizia um dos expositores. E a menos que não seja verdade, as conhecidas bolinhas vermelhas, indicando “venda” eram bastante comuns em inúmeras obras.

Quando eu estava saindo, um colecionador conhecido e que consta do expediente de instituições poderosas em Sampa , que agora só freqüenta a Fortes Villaça e a Nara Roesler, depois de eu quase cair em cima dele, resolveu me cumprimentar. Eu o fiz lembrar que nos anos 80 ele comprou umas Maria Bonomi conosco e também um Lívio Abramo. Foi engraçado. Ele sempre finge que não me conhece. Fiquei modesto demais para os padrões atuais dele

Esqueci de mencionar entre as galerias participantes a nossa amiga Mônica Filgueiras, figura básica na história do mercado de arte em São Paulo, nos últimos 40 anos, conhece tudo, conhece todos e é conhecida por todos. Eu já tinha mandado o texto ontem á noite, quando nesta manhã , abro a Folha de S. Paulo (tornou-se ou jornal mais importante do país, acabou a primazia da família Mesquita, a família Mesquita foi despejada do topo de influência da mídia impressa brasileira já faz alguns anos) e vejo uma chamada de primeira página sobre a mostra no Ibirapuera. Tem a chamada na primeira página e a matéria na revista da Folha é curiosa. Fica naquela coisa de ser absolutamente fiel à pauta , então se a pauta é para falar apenas de colecionadores jovens, vamos falar só de colecionadores jovens. Quem termina de ler a matéria pode achar que a condição para ser colecionador hoje em Sampa é ter menos de 40 anos. A mídia ficou insistindo muito nessa tecla de que a feira era para iniciantes, mas , convenhamos iniciante não vai ao Ibirapuera desembolsar 2 milhões de reais por uma "Fazenda" da Tarsila. Principiante não vai comprar uma tela do argentino Leon Ferrari por 200 mil dólares ou uma pintura do Antônio Dias por 300 mil reais. Ou ainda um trabalho do Vik Muniz, como a própria revista Informa, por 140 mil reais , vendida pela Fortes Villaça.

Outro aspecto engraçado do texto é o deslumbramento, são todos jovens descolados, ricos, morando em apartamentos amplos e tem até um advogado que todo dia "trava um diálogo " com as obras de arte. A matéria tem o mérito de chamar atenção para alguns valores novos como Alexandre Orion, Bárbara Wagner, Chiara Banfi, Marcelo Moschetta. Mas deixa de lado alguns nomes de peso entre os novos como Sandra Cinto, Albano Afonso, Rodrigo de Castro, o gaúcho Daniel Acosta (tem um belíssimo trabalho desse gaúcho, um elefante todo trabalhado em pedaços de fórmica) etc. Enfim, o fato é que a Feira deu o que falar e tem várias entrevistados repetindo que a crise está passando longe do mercado de arte. Ano que vem, o público deverá ser ainda maior.

Toda a renda arrecadada com a venda dos ingressos na bilheteria da SP Arte 2009 será inteiramente destinada a três instituições voltadas para as artes plásticas, parte em São Paulo e parte no Rio de Janeiro. Quem está bancando é o empresário Carlos Jereissati, dono do Shopping Iguatemi. Acrescente-se que o mesmo valor arrecadado com a venda dos ingressos será utilizado para a compra e posterior doação de obras para instituições como a Pinacoteca do Estado, o MAM , etc. Várias outras instituições, como o Banco Espírito Santos , por exemplo, estão fazendo doações para Pinacoteca do Estado. Do Shopping Iguatemi, a Pinacoteca já tem como doações asseguradas uma escultura de Marcius Galan, uma série de fotografias de Marilá Dardot e um assemblage de João Modé.


Luiz (Veludo) Amando de Barros
 
Fonte: blog Davis Lisboa Artblog

terça-feira, 5 de maio de 2009

Bravo! Indica SP Arte

















Obra de Luiz Braga exposta na galeria Leme


SP Arte

Comemorando cinco anos, a SP Arte é hoje a maior e mais importante feira de arte da América Latina. Neste ano, serão 80 galerias do Brasil, França, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Colômbia.
Por Redação

Confira algumas obras que estão na exposição aqui

Comemorando cinco anos, a SP Arte é hoje a maior e mais importante feira de arte da América Latina. Neste ano, serão 80 galerias do Brasil, França, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Colômbia.


O Pavilhão da Bienal, do Parque do Ibirapuera, recebe a SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo - entre 14 e 17 de maio. A feira, com mais de 3 mil obras, ocorre anualmente. Importantes galerias nacionais e internacionais ocupam mais de 7 mil metros quadrados, quase o dobro do espaço da primeira edição, em 2005.

Preste atenção no espaço Nova Arte, criado nesta edição para as apostas das galerias em jovens artistas, ainda pouco conhecidos. Entre eles estão Gabriel Nehemy, Hugo Houayek, Maria Luciene da Silva e Bruno Vieira.

SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo - De 14 a 17 de maio
Pavilhão da Bienal - Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, São Paulo
Quinta e sexta, das 14h às 22h; sábado e domingo, das 12h às 20h
Informações pelo telefone 11/ 3094-2820 ou pelo site da mostra
R$ 25

Publicado em 05/09

Fonte: Revista Bravo