Paula Alzugaray
Atualmente, três artistas brasileiras expõem na galeria da Cité Internationale des Arts, em Paris. Por trás da exposição coletiva que reúne Silvia Mecozzi, Amália Giacomini e Iracema Barbosa, há duas jovens galeristas francesas. Camille de Bayser e Rose Bürki representam nove artistas franceses e oito brasileiros em sua Galerie Sycomore Art, em Paris. Com o objetivo de estreitar as relações entre a França e o Brasil, elas participam pelo terceiro ano consecutivo da SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo, que realiza sua quinta edição entre 14 e 17 de maio, no Pavilhão do Ibirapuera, com a participação de 80 galerias, dez delas estrangeiras.
A SP Arte tem dado resultados positivos?
Rose - A SP Arte é um encontro anual muito importante para nós, tanto quanto essas feiras jovens parisienses, Diva e Slick. Para nós, essas feiras são uma estratégia para criar uma visibilidade da galeria, tanto em Paris quanto em São Paulo.
Como começou o interesse pela arte brasileira?
Camille - Desde a abertura da galeria, em 2004, tínhamos a ideia de fazer um elo com o Brasil. No ínicio, tínhamos duas bases: em Paris e em São Paulo, onde morei durante dois anos. Começamos a trabalhar a distância, pesquisando artistas e procurando parceiros. Encontramos a Raquel Arnauld, que começou uma colaboração conosco, nos confiando seus artistas mais jovens. Assim, as coisas se encadearam e começamos a organizar exposições individuais e coletivas de artistas franceses e brasileiros.
Como é o interesse do colecionador brasileiro por arte francesa e vice-versa?
Camille - É um trabalho demorado. Na realidade, existem hoje apenas quatro ou cinco artistas conhecidos tanto lá quanto cá. Nosso objetivo é apresentar os novos, os desconhecidos. Mas o fato é que, na França, o reconhecimento de um artista depende de sua passagem por instituições. Por isso, é preciso estabelecer um elo com as instituições para que os artistas alcancem maior visibilidade. E esse é um trabalho lento. Começamos, por exemplo, apresentando três artistas francesas no Centro Cultural São Paulo, em 2006, e hoje mostramos três brasileiras na Cité des Arts, em Paris.
Publicado em 9/12/09
Fonte: Istoé
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Dois mecanismos
Camila Molina
DOAÇÃO: Obras doadas por artistas ou por terceiros têm sido o principal mecanismo de entrada de peças nos acervos dos museus, já que não há verbas específicas nas instituições para compra de obras. Mesmo assim, como diz Teixeira Coelho, as doações "existem a conta-gotas", grande parte delas, de obras sobre papel, que têm preços reduzidos. Para colecionadores, um entrave criado são os impostos cobrados pela Receita Federal.
LEI ROUANET: O uso de patrocínio por meio da lei de incentivo ainda é pouco utilizado pelas instituições, dado, entre um dos motivos, pelas exigências do Ministério da Cultura para a aprovação dos projetos de aquisição. "Nem sempre as instituições têm claro o que querem", diz José do Nascimento Júnior, do Ibram. O MAC, por exemplo, teve seus projetos recusados, mas o MAM e a Pinacoteca vêm tendo uma entrada razoável de obras em suas coleções por meio de patrocínio de empresas - o caso de maior vulto ocorreu no ano passado, quando as duas instituições receberam R$ 2 milhões do banco Credit Suisse para compra de obras. Parcerias de instituições com as feiras SP Arte e Pinta/NY têm sido também fonte. C.M.
Publicado em 3/12/09
Fonte: O Estadao de S.Paulo
DOAÇÃO: Obras doadas por artistas ou por terceiros têm sido o principal mecanismo de entrada de peças nos acervos dos museus, já que não há verbas específicas nas instituições para compra de obras. Mesmo assim, como diz Teixeira Coelho, as doações "existem a conta-gotas", grande parte delas, de obras sobre papel, que têm preços reduzidos. Para colecionadores, um entrave criado são os impostos cobrados pela Receita Federal.
LEI ROUANET: O uso de patrocínio por meio da lei de incentivo ainda é pouco utilizado pelas instituições, dado, entre um dos motivos, pelas exigências do Ministério da Cultura para a aprovação dos projetos de aquisição. "Nem sempre as instituições têm claro o que querem", diz José do Nascimento Júnior, do Ibram. O MAC, por exemplo, teve seus projetos recusados, mas o MAM e a Pinacoteca vêm tendo uma entrada razoável de obras em suas coleções por meio de patrocínio de empresas - o caso de maior vulto ocorreu no ano passado, quando as duas instituições receberam R$ 2 milhões do banco Credit Suisse para compra de obras. Parcerias de instituições com as feiras SP Arte e Pinta/NY têm sido também fonte. C.M.
Publicado em 3/12/09
Fonte: O Estadao de S.Paulo
sábado, 7 de novembro de 2009
domingo, 1 de novembro de 2009
A crítica e o mercado. Artigo para o jornal da ABCA
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Arte brasileira busca consolidar prestígio no mercado internacional
Quando a Bienal do Mercosul abrir suas portas nesta sexta-feira em Porto Alegre, galeristas brasileiros estarão de olho no colecionador estrangeiro. O Globo
LONDRES - Quando a Bienal do Mercosul abrir suas portas nesta sexta-feira em Porto Alegre, galeristas brasileiros estarão de olho no colecionador estrangeiro. Para especialistas, vários indicadores sugerem que a arte brasileira viveria hoje seu momento de maior prestígio da história.
De acordo com Tanya Barson, curadora de arte latino-americana da galeria britânica Tate Modern, a arte brasileira tem hoje um impacto muito mais amplo no circuito internacional do que em qualquer outro momento de sua história.
A colecionadora e diretora da feira internacional de arte de São Paulo (SP Arte), Fernanda Feitosa, concorda. Ela diz que, desde que o evento foi criado, há cinco anos, o número de galerias participantes dobrou, e o público também.
E lembra que um dos marchands mais famosos do mundo, o britânico Jay Joplin, esteve na SP Arte em abril desse ano. "Achei muito sintomático que o Jay Joplin, ícone da arte dos anos 90, tenha dedicado uma semana da agenda dele ao Brasil".
A presença de Jay Joplin - dono da galeria londrina White Cube e figura-chave nas carreiras de Damien Hirst e outros grandes nomes da arte britânica - na SP Arte também chamou a atenção do jornal alemão DieWelt.
Também em abril, o jornal publicou uma reportagem afirmando que a arte do Brasil teria alcançado reputação sem precedentes no mundo.
Como evidências do fenômeno, o Welt citou, além da visita de Jay Joplin à SP Arte, a exposição do brasileiro Cildo Meireles na galeria britânica Tate Modern, ano passado (um recorde de audiência) além da presença de cada vez mais obras do Brasil no acervo da galeria.
O valor das obras no mercado internacional, disse o jornal, também estaria subindo.
Fatores Econômicos
Para o professor de História da Arte Contemporânea da Unicamp Nélson Aguilar, curador geral da 22ª e 23ª bienais de São Paulo e da 4ª Bienal do Mercosul, existe mesmo um maior reconhecimento da arte brasileira no exterior.
Ele disse à BBC Brasil que a emergência do país no cenário econômico internacional tem influência nisso. E apontou para o crescente interesse pela arte de outros integrantes do grupo dos Bric, como Índia e China.
Aguilar acredita, no entanto, que no caso do Brasil o reconhecimento de hoje não se explica apenas por fatores econômicos.
O especialista está se referindo a uma linhagem que inclui, mais atrás, artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Mira Schendel.
"Nos anos sessenta, nós sabíamos que o Oiticica era um gênio, e que a Lygia Clark e a Mira Schendel estavam fazendo um trabalho importantíssimo. Víamos esses artistas passarem batidos no exterior mas sabíamos que a visão da crítica estrangeira era eurocêntrica e restrita".
Aguilar diz que a Inglaterra, no entanto, sempre foi mais aberta. E lembra as exposições pioneiras desses três artistas nas galerias Signals e Whitechapel, em Londres, nos anos 60.
Identidade
Tanya Barson tem uma interpretação diferente.
"Eu não diria que o mundo das artes britânico fosse tão iluminado a ponto de reconhecer a importância daquelas carreiras naquele período. A Tate, por exemplo, não comprou obras desses artistas, com exceção de uma, de Sérgio Camargo, naquela época".
"A situação é completamente diferente hoje e o mundo está reconhecendo quão imensamente significativa é a arte brasileira, tanto em termos de sua produção contemporânea quanto em sua história recente".
"O trabalho dele tem substância, consistência e rigor intelectual e ele é um dos mais importantes artistas vivos. Estava mais do que na hora de ele ser tema de uma exposição de grande porte, como a feita pela Tate."
Barson fala com paixão da arte do Brasil, um país que ela visita regularmente porque, nas palavras dela, "a Tate não pode deixar de ficar atenta à produção de jovens artistas emergindo hoje no Brasil".
"Artistas brasileiros se relacionam com a arte moderna de uma maneira totalmente única, inovam e dialogam muito bem com arte européia e americana, mas fazem algo completamente distinto. Eles não só podem ser incorporados, como também desafiam o cânon da história da arte que contamos".
Hoje a Tate Modern tem em seu acervo obras de mais de 20 artistas brasileiros, entre eles Hélio Oiticica, Lygia Clark, Mira Schendel, Cildo Meireles, Ana Maria Pacheco, Vik Muniz, Adriana Varejão, Ernesto Neto, Fernanda Gomes, Sérgio Camargo e Leonílson.
Sem Consenso
Alguns, como a artista paulistana Mariannita Luzzati, são mais céticos em relação à posição da arte brasileira no mundo hoje.
Luzzati vive parte do tempo na Inglaterra e exibe seu trabalho regularmente no Brasil e no exterior. Ela é representada por galerias nos dois países. Em 2001, dois de seus quadros foram comprados pelo Museu Britânico, em Londres.
"Tenho certeza de que se tivesse nascido e estudado na Inglaterra, estaria melhor hoje do que sendo brasileira na Inglaterra", ela disse à BBC Brasil.
A artista disse ter observado um interesse um pouco maior por parte da Tate em adquirir alguns artistas brasileiros, mas acha que, quando se trata de competir no mercado internacional, a arte do Brasil ainda está "engatinhando".
Luzzati faz uma lista dos velhos problemas que afligem o setor: falta de investimento público na divulgação da arte brasileira no exterior, despreparo dos museus, e, também, o perfil do colecionador brasileiro.
"A maioria dos colecionadores no Brasil compra como um sinal de status e prefere o artista que está fazendo sucesso na Inglaterra ou nos Estados Unidos, porque ele dá mais status do que o brasileiro".
"Eu espero que o Brasil seja a bola da vez, que a arte brasileira estoure como estourou a arte chinesa, mas no caso da China, antes do investimento estrangeiro, houve milhares de colecionadores chineses investindo em chineses".
Números
Se nos basearmos em números, a idéia de que o Brasil seja mesmo a bola da vez no mercado internacional de arte se torna um sonho distante: as obras brasileiras ainda não atingiram os valores milionários alcançados por trabalhos de pesos pesados da arte contemporânea mundial.
Para a diretora da SP Arte Fernanda Feitosa, isso pode na verdade aumentar os atrativos da arte brasileira.
"Um quadro da Beatriz Milhazes aqui na feira estava sendo vendido por US$ 500 mil", disse Fernanda Feitosa, diretora da SP Arte, à BBC Brasil.
"Um Cildo Meireles não custa a mesma coisa que um artista comparável a ele no mercado internacional. Então ainda existe muito espaço para uma valorização da arte brasileira. Você não está comprando no topo".
Uma pessoa poderia talvez ajudar a fechar esse debate mas, famosamente, não dá entrevistas.
Apesar de várias solicitações da BBC Brasil, o lendário galerista e investidor britânico Jay Joplin não estava disponível para explicar o que foi fazer no Brasil em abril deste ano.
Publicado em 15/10/09
Fonte: BBC Brasil
LONDRES - Quando a Bienal do Mercosul abrir suas portas nesta sexta-feira em Porto Alegre, galeristas brasileiros estarão de olho no colecionador estrangeiro. Para especialistas, vários indicadores sugerem que a arte brasileira viveria hoje seu momento de maior prestígio da história.
De acordo com Tanya Barson, curadora de arte latino-americana da galeria britânica Tate Modern, a arte brasileira tem hoje um impacto muito mais amplo no circuito internacional do que em qualquer outro momento de sua história.
A colecionadora e diretora da feira internacional de arte de São Paulo (SP Arte), Fernanda Feitosa, concorda. Ela diz que, desde que o evento foi criado, há cinco anos, o número de galerias participantes dobrou, e o público também.
E lembra que um dos marchands mais famosos do mundo, o britânico Jay Joplin, esteve na SP Arte em abril desse ano. "Achei muito sintomático que o Jay Joplin, ícone da arte dos anos 90, tenha dedicado uma semana da agenda dele ao Brasil".
A presença de Jay Joplin - dono da galeria londrina White Cube e figura-chave nas carreiras de Damien Hirst e outros grandes nomes da arte britânica - na SP Arte também chamou a atenção do jornal alemão DieWelt.
Também em abril, o jornal publicou uma reportagem afirmando que a arte do Brasil teria alcançado reputação sem precedentes no mundo.
Como evidências do fenômeno, o Welt citou, além da visita de Jay Joplin à SP Arte, a exposição do brasileiro Cildo Meireles na galeria britânica Tate Modern, ano passado (um recorde de audiência) além da presença de cada vez mais obras do Brasil no acervo da galeria.
O valor das obras no mercado internacional, disse o jornal, também estaria subindo.
Fatores Econômicos
Para o professor de História da Arte Contemporânea da Unicamp Nélson Aguilar, curador geral da 22ª e 23ª bienais de São Paulo e da 4ª Bienal do Mercosul, existe mesmo um maior reconhecimento da arte brasileira no exterior.
Ele disse à BBC Brasil que a emergência do país no cenário econômico internacional tem influência nisso. E apontou para o crescente interesse pela arte de outros integrantes do grupo dos Bric, como Índia e China.
Aguilar acredita, no entanto, que no caso do Brasil o reconhecimento de hoje não se explica apenas por fatores econômicos.
O especialista está se referindo a uma linhagem que inclui, mais atrás, artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Mira Schendel.
"Nos anos sessenta, nós sabíamos que o Oiticica era um gênio, e que a Lygia Clark e a Mira Schendel estavam fazendo um trabalho importantíssimo. Víamos esses artistas passarem batidos no exterior mas sabíamos que a visão da crítica estrangeira era eurocêntrica e restrita".
Aguilar diz que a Inglaterra, no entanto, sempre foi mais aberta. E lembra as exposições pioneiras desses três artistas nas galerias Signals e Whitechapel, em Londres, nos anos 60.
Identidade
Tanya Barson tem uma interpretação diferente.
"Eu não diria que o mundo das artes britânico fosse tão iluminado a ponto de reconhecer a importância daquelas carreiras naquele período. A Tate, por exemplo, não comprou obras desses artistas, com exceção de uma, de Sérgio Camargo, naquela época".
"A situação é completamente diferente hoje e o mundo está reconhecendo quão imensamente significativa é a arte brasileira, tanto em termos de sua produção contemporânea quanto em sua história recente".
"O trabalho dele tem substância, consistência e rigor intelectual e ele é um dos mais importantes artistas vivos. Estava mais do que na hora de ele ser tema de uma exposição de grande porte, como a feita pela Tate."
Barson fala com paixão da arte do Brasil, um país que ela visita regularmente porque, nas palavras dela, "a Tate não pode deixar de ficar atenta à produção de jovens artistas emergindo hoje no Brasil".
"Artistas brasileiros se relacionam com a arte moderna de uma maneira totalmente única, inovam e dialogam muito bem com arte européia e americana, mas fazem algo completamente distinto. Eles não só podem ser incorporados, como também desafiam o cânon da história da arte que contamos".
Hoje a Tate Modern tem em seu acervo obras de mais de 20 artistas brasileiros, entre eles Hélio Oiticica, Lygia Clark, Mira Schendel, Cildo Meireles, Ana Maria Pacheco, Vik Muniz, Adriana Varejão, Ernesto Neto, Fernanda Gomes, Sérgio Camargo e Leonílson.
Sem Consenso
Alguns, como a artista paulistana Mariannita Luzzati, são mais céticos em relação à posição da arte brasileira no mundo hoje.
Luzzati vive parte do tempo na Inglaterra e exibe seu trabalho regularmente no Brasil e no exterior. Ela é representada por galerias nos dois países. Em 2001, dois de seus quadros foram comprados pelo Museu Britânico, em Londres.
"Tenho certeza de que se tivesse nascido e estudado na Inglaterra, estaria melhor hoje do que sendo brasileira na Inglaterra", ela disse à BBC Brasil.
A artista disse ter observado um interesse um pouco maior por parte da Tate em adquirir alguns artistas brasileiros, mas acha que, quando se trata de competir no mercado internacional, a arte do Brasil ainda está "engatinhando".
Luzzati faz uma lista dos velhos problemas que afligem o setor: falta de investimento público na divulgação da arte brasileira no exterior, despreparo dos museus, e, também, o perfil do colecionador brasileiro.
"A maioria dos colecionadores no Brasil compra como um sinal de status e prefere o artista que está fazendo sucesso na Inglaterra ou nos Estados Unidos, porque ele dá mais status do que o brasileiro".
"Eu espero que o Brasil seja a bola da vez, que a arte brasileira estoure como estourou a arte chinesa, mas no caso da China, antes do investimento estrangeiro, houve milhares de colecionadores chineses investindo em chineses".
Números
Se nos basearmos em números, a idéia de que o Brasil seja mesmo a bola da vez no mercado internacional de arte se torna um sonho distante: as obras brasileiras ainda não atingiram os valores milionários alcançados por trabalhos de pesos pesados da arte contemporânea mundial.
Para a diretora da SP Arte Fernanda Feitosa, isso pode na verdade aumentar os atrativos da arte brasileira.
"Um quadro da Beatriz Milhazes aqui na feira estava sendo vendido por US$ 500 mil", disse Fernanda Feitosa, diretora da SP Arte, à BBC Brasil.
"Um Cildo Meireles não custa a mesma coisa que um artista comparável a ele no mercado internacional. Então ainda existe muito espaço para uma valorização da arte brasileira. Você não está comprando no topo".
Uma pessoa poderia talvez ajudar a fechar esse debate mas, famosamente, não dá entrevistas.
Apesar de várias solicitações da BBC Brasil, o lendário galerista e investidor britânico Jay Joplin não estava disponível para explicar o que foi fazer no Brasil em abril deste ano.
Publicado em 15/10/09
Fonte: BBC Brasil
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Mostras expõem contornos da arte contemporânea
A arte contemporânea ganha espaço na cidade com três exposições que começam hoje.
(...)
Na terceira edição, a SP Arte/Foto, maior feira dedicada exclusivamente à fotografia, leva ao 9º andar do Shopping Iguatemi 17 galerias de arte provenientes de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Entre os artistas renomados que têm seus trabalhos expostos estão J.R. Duran, Caio Resewitz, Mario Cravo Neto, Claudia Jaguaribe e Michael Wesely.
Publicado em 10/9/09
Íntegra: Destak Jornal
(...)
Na terceira edição, a SP Arte/Foto, maior feira dedicada exclusivamente à fotografia, leva ao 9º andar do Shopping Iguatemi 17 galerias de arte provenientes de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Entre os artistas renomados que têm seus trabalhos expostos estão J.R. Duran, Caio Resewitz, Mario Cravo Neto, Claudia Jaguaribe e Michael Wesely.
Publicado em 10/9/09
Íntegra: Destak Jornal
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
A arte do portrait pelo fotojornalismo
Mostra na SP-Arte/Foto reúne 10 retratos de personalidades da cultura feitos a partir de 2003 por fotógrafos do 'Estado'
Camila Molina
Definir uma pessoa por meio de apenas uma imagem é uma tradição que remonta à Antiguidade. E na fotografia, especialmente no jornalismo, o gênero do retrato, ou portrait, é uma arte e não uma foto "instantânea" que contempla, como afirma o crítico e repórter especial do Caderno 2, Antonio Gonçalves Filho, uma relação muito estreita com os retratos pintados da era vitoriana: os fotorrepórteres traduzem com criatividade a personalidade e a profissão de um retratado se valendo de um cuidado formal tal como num quadro. Essa é a tônica da mostra Portraits - Fotojornalismo em O Estado de S. Paulo, que será inaugurada hoje na abertura da 3ª edição da feira SP-Arte/Foto/2009, no Shopping Iguatemi. Com curadoria de Gonçalves Filho, a exposição apresenta dez retratos de personalidades do meio cultural feitos por premiados fotógrafos do jornal.
Quando o crítico foi convidado pela diretora da feira, Fernanda Feitosa, para fazer uma exposição com fotografias do Estado dentro de um espaço cedido pelo evento, a ideia de dar destaque ao portrait surgiu naturalmente. "Era uma maneira de fugir do formato das mostras de fotojornalismo, que privilegiam as tragédias cotidianas", diz Gonçalves Filho. Para a pré-seleção das imagens, todos os repórteres fotográficos foram chamados a enviar portfólio - sem identificação do nome do fotógrafo - com retratos que tinham feito para a área artística. "Foi uma seleção no escuro, pelo impacto das imagens", diz o curador, que, com trabalho, chegou à escolha de dez portraits, assinados por Antonio Milena (da atriz Bibi Ferreira), Eduardo Nicolau (do músico Edgard Scandurra), Ernesto Rodrigues (do escritor José Saramago), Jonne Roriz (da atriz Leticia Sabatella), José Luis da Conceição (do estilista Alexandre Herchcovitch), José Patrício (do ator Paulo Autran), Hélvio Romero (do cantor e compositor Paulinho da Viola), Márcio Fernandes (do bibliófilo José Mindlin), Paulo Liebert (do cineasta Wim Wenders) e Paulo Pinto (dos cantores Seu Jorge e Ana Carolina).
Os retratos foram clicados entre 2003 e 2009 e revelam um diálogo particular entre os modelos e os fotojornalistas. Muitas são as histórias por detrás das obras, mas, como afirma o curador, "nenhuma palavra conseguiria ser tão autêntica como documento". Paulo Autran, pouco antes de morrer, em 2007, se despede de uma plateia. Bibi Ferreira, no camarim meio escuro, tem uma expressão facial "que traduz sua carreira", diz Gonçalves Filho, remetendo à de seu papel em Gota D"Água. Obras de artistas.
Publicado em 9/9/09
Fonte: O Estado de S. Paulo
Camila Molina
Definir uma pessoa por meio de apenas uma imagem é uma tradição que remonta à Antiguidade. E na fotografia, especialmente no jornalismo, o gênero do retrato, ou portrait, é uma arte e não uma foto "instantânea" que contempla, como afirma o crítico e repórter especial do Caderno 2, Antonio Gonçalves Filho, uma relação muito estreita com os retratos pintados da era vitoriana: os fotorrepórteres traduzem com criatividade a personalidade e a profissão de um retratado se valendo de um cuidado formal tal como num quadro. Essa é a tônica da mostra Portraits - Fotojornalismo em O Estado de S. Paulo, que será inaugurada hoje na abertura da 3ª edição da feira SP-Arte/Foto/2009, no Shopping Iguatemi. Com curadoria de Gonçalves Filho, a exposição apresenta dez retratos de personalidades do meio cultural feitos por premiados fotógrafos do jornal.
Quando o crítico foi convidado pela diretora da feira, Fernanda Feitosa, para fazer uma exposição com fotografias do Estado dentro de um espaço cedido pelo evento, a ideia de dar destaque ao portrait surgiu naturalmente. "Era uma maneira de fugir do formato das mostras de fotojornalismo, que privilegiam as tragédias cotidianas", diz Gonçalves Filho. Para a pré-seleção das imagens, todos os repórteres fotográficos foram chamados a enviar portfólio - sem identificação do nome do fotógrafo - com retratos que tinham feito para a área artística. "Foi uma seleção no escuro, pelo impacto das imagens", diz o curador, que, com trabalho, chegou à escolha de dez portraits, assinados por Antonio Milena (da atriz Bibi Ferreira), Eduardo Nicolau (do músico Edgard Scandurra), Ernesto Rodrigues (do escritor José Saramago), Jonne Roriz (da atriz Leticia Sabatella), José Luis da Conceição (do estilista Alexandre Herchcovitch), José Patrício (do ator Paulo Autran), Hélvio Romero (do cantor e compositor Paulinho da Viola), Márcio Fernandes (do bibliófilo José Mindlin), Paulo Liebert (do cineasta Wim Wenders) e Paulo Pinto (dos cantores Seu Jorge e Ana Carolina).
Os retratos foram clicados entre 2003 e 2009 e revelam um diálogo particular entre os modelos e os fotojornalistas. Muitas são as histórias por detrás das obras, mas, como afirma o curador, "nenhuma palavra conseguiria ser tão autêntica como documento". Paulo Autran, pouco antes de morrer, em 2007, se despede de uma plateia. Bibi Ferreira, no camarim meio escuro, tem uma expressão facial "que traduz sua carreira", diz Gonçalves Filho, remetendo à de seu papel em Gota D"Água. Obras de artistas.
Publicado em 9/9/09
Fonte: O Estado de S. Paulo
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Um novo foco
SP PHOTO FEST E SP ARTE/FOTO
De 9 a 13 de Setembro de 2009
De formas complementares, porém distintas, dois eventos pretendem discutir fotografia na próxima semana, em São Paulo. De um lado, profissionais reúnem-se para palestras e workshops na primeira edição do SP Photo Fest, realizado pelo Museu da Imagem e do Som, entre os dias 9 e 13 de setembro. No dia 10, começa a SP Arte/Foto, feira de fotografia que acontece nos moldes da SP Arte e reúne o acervo de dezessete galerias, além de também promover mesas-redondas, no Espaço Iguatemi.
São conteúdos e intenções diferentes, mas ambos participam desse momento em que a fotografia é vista como objeto de consumo e personagem central de leilões e coleções. Em sua terceira edição, a SP Arte/Foto procura clientes interessados em aumentar seu acervo, enquanto a SP Photo Fest ajuda a formar o público apreciador dessa arte.
“Diferentemente da SP Arte original, que abrange a arte contemporânea, este é um momento em que nos preparamos para discutir só a fotografia. O interesse do público é contínuo, existe certa afinidade com a linguagem porque ela responde com facilidade aos anseios do nosso tempo”, diz Fernanda Feitosa, organizadora da feira. Para a discussão sobre o tema, a SP Arte/Foto recebe Mark Lubell, diretor-executivo da agência Magnum, Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne de La Photographie, e o fotógrafo francês Elliott Erwitt. Mario Cravo Neto, morto mês passado, é homenageado na única mostra da feira que não estará à venda.
Focado em debater a arte de maneira regional, o SP Photo Fest está mais interessado em formar seu público. Para isso, realiza palestras gratuitas, workshops em campo, debates e leituras de portfólios. Cristiano Mascaro, homenageado do evento, é um dos que discutem o tema São Paulo – Realidade e ficção, assim como Eustáquio Neves e Fabiana Figueiredo. “Ninguém melhor do que Mascaro para representar a primeira edição do evento, já que sua carreira foi em boa parte focada na cidade”, diz Luiz Marinho, organizador do festival.
Publicado em 4/9/09
Fonte: Carta Capital
De 9 a 13 de Setembro de 2009
De formas complementares, porém distintas, dois eventos pretendem discutir fotografia na próxima semana, em São Paulo. De um lado, profissionais reúnem-se para palestras e workshops na primeira edição do SP Photo Fest, realizado pelo Museu da Imagem e do Som, entre os dias 9 e 13 de setembro. No dia 10, começa a SP Arte/Foto, feira de fotografia que acontece nos moldes da SP Arte e reúne o acervo de dezessete galerias, além de também promover mesas-redondas, no Espaço Iguatemi.
São conteúdos e intenções diferentes, mas ambos participam desse momento em que a fotografia é vista como objeto de consumo e personagem central de leilões e coleções. Em sua terceira edição, a SP Arte/Foto procura clientes interessados em aumentar seu acervo, enquanto a SP Photo Fest ajuda a formar o público apreciador dessa arte.
“Diferentemente da SP Arte original, que abrange a arte contemporânea, este é um momento em que nos preparamos para discutir só a fotografia. O interesse do público é contínuo, existe certa afinidade com a linguagem porque ela responde com facilidade aos anseios do nosso tempo”, diz Fernanda Feitosa, organizadora da feira. Para a discussão sobre o tema, a SP Arte/Foto recebe Mark Lubell, diretor-executivo da agência Magnum, Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne de La Photographie, e o fotógrafo francês Elliott Erwitt. Mario Cravo Neto, morto mês passado, é homenageado na única mostra da feira que não estará à venda.
Focado em debater a arte de maneira regional, o SP Photo Fest está mais interessado em formar seu público. Para isso, realiza palestras gratuitas, workshops em campo, debates e leituras de portfólios. Cristiano Mascaro, homenageado do evento, é um dos que discutem o tema São Paulo – Realidade e ficção, assim como Eustáquio Neves e Fabiana Figueiredo. “Ninguém melhor do que Mascaro para representar a primeira edição do evento, já que sua carreira foi em boa parte focada na cidade”, diz Luiz Marinho, organizador do festival.
Publicado em 4/9/09
Fonte: Carta Capital
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Uma feira voltada para mercado e para a reflexão sobre o meio
Ideia é reafirmar o papel do profissional como artista que documenta a história
Simonetta Persichetti
Cada vez mais protagonista nas galerias e museus do mundo todo, a fotografia se apresenta em São Paulo na terceira edição da SP-Arte/Foto (de 9 a 13 de setembro no Shopping Iguatemi) como a expressão mais significativa da arte contemporânea. Polissêmica, poderá ser vista nas suas mais variadas estéticas distribuída pelas 17 galerias provenientes de São Paulo, Rio e Bahia que no total vão apresentar 300 imagens.
Desde o começo dos anos 90 a fotografia - que sempre fez parte das coleções de museus - fica mais expressiva dentro de um novo mercado que é o das galerias. Crescem também os festivais internacionais, aumentam as publicações de livros, portfólios de artistas e um debate, antes restrito, se alarga e se propaga até nas universidades.
Realizada pela SP-Arte - Feira Internacional de Artes de São Paulo -, criada e organizada há cinco anos por Fernanda Feitosa, resultado de sua vontade férrea de agregar num único espaço artistas, galeristas, colecionadores e amantes da arte, a SP-Arte/Foto (que até o ano passado se chamava I-Contemporâneo Circuito da Fotografia) percebeu este movimento e neste ano, pela primeira vez, criou um painel de encontros em que convidados internacionais e nacionais poderão debater o estatuto da fotografia no panorama mundial: "Desde o início da SP-Arte, notei o crescente interesse do público pela fotografia, assim como o das galerias em trabalhar, cada vez mais, com fotógrafos. Daí o surgimento de uma feira só para a fotografia", comenta Fernanda.
Para ela, "todo mundo tem dentro de si um fotógrafo e as pessoas têm uma afinidade muito grande com a fotografia, que é uma linguagem que agrega e cada vez mais divide espaço com a pintura dentro das preferências de colecionadores e apreciadores de arte".
Ela mesma é colecionadora e deixa bem claro que o evento é, sim, uma feira e como tal sua primeira proposta é incrementar o mercado das imagens: "Só no ano passado mais de seis mil pessoas passaram pela feira de fotografia e mais de 13 mil na de arte na Bienal do Ibirapuera. Um novo público de colecionadores está se formando e a maioria é de jovens."
E ela é assim. Antenada, visionária - no que esta palavra tem de melhor -, Fernanda Feitosa arrisca, ousa e apresenta logo na entrada do evento uma parede com fotos jornalísticas produzidas pelos profissionais do Estado (leia texto ao lado): "Quero mostrar onde a fotografia está. Nas mais variadas formas de conhecimento. Reafirmar o fotógrafo como artista, como autor. Quero criar um polo de discussão e não ser apenas reflexo do que se mostra e aparece nas galerias do mundo todo. O fotojornalismo é a documentação do nosso dia a dia."
Depois do 11 de Setembro, as imagens do atentado passaram a participar de leilões e aparecer em contextos até então alheios a ele. Por isso, o fotojornalismo aparece também nas imagens de Jean Manzon, Hildegard Rosenthal, na agência Magnum, nos registros de Otto Stupakoff, que foi um grande fotógrafo de moda, além de mais de 80 artistas que se expressam fotograficamente das mais variadas formas.
Difícil apontar destaques dentro de um evento como este, mas é mais fácil perceber pontos que merecem atenção como a presença do fotógrafo Elliot Erwitt, da Magnum; das fotografias de Abelardo Morell, fotógrafo cubano radicado em Nova York, conhecido no Brasil pela sua série Câmara Obscura (apresentada no MAM-SP em 2006); assim como a presença de Mark Lubell, diretor executivo da Magnum Photos, e de Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne de la Photographie de Paris.
É preciso também relevar a bela homenagem da galeria Paulo Darzé, da Bahia, que traz uma série de imagens de Mario Cravo Neto (1947-2009), sem, contudo, colocá-las à venda. Uma homenagem silenciosa mais do que merecida.
Um evento que reflete sobre a ascensão e a importância da fotografia no mercado da arte. Uma feira que reafirma o papel fundamental da fotografia na sociedade contemporânea. Um possibilidade de aprender a olhar!
Publicado em 1/9/09
Fonte: O Estadao de S.Paulo
Simonetta Persichetti
Cada vez mais protagonista nas galerias e museus do mundo todo, a fotografia se apresenta em São Paulo na terceira edição da SP-Arte/Foto (de 9 a 13 de setembro no Shopping Iguatemi) como a expressão mais significativa da arte contemporânea. Polissêmica, poderá ser vista nas suas mais variadas estéticas distribuída pelas 17 galerias provenientes de São Paulo, Rio e Bahia que no total vão apresentar 300 imagens.
Desde o começo dos anos 90 a fotografia - que sempre fez parte das coleções de museus - fica mais expressiva dentro de um novo mercado que é o das galerias. Crescem também os festivais internacionais, aumentam as publicações de livros, portfólios de artistas e um debate, antes restrito, se alarga e se propaga até nas universidades.
Realizada pela SP-Arte - Feira Internacional de Artes de São Paulo -, criada e organizada há cinco anos por Fernanda Feitosa, resultado de sua vontade férrea de agregar num único espaço artistas, galeristas, colecionadores e amantes da arte, a SP-Arte/Foto (que até o ano passado se chamava I-Contemporâneo Circuito da Fotografia) percebeu este movimento e neste ano, pela primeira vez, criou um painel de encontros em que convidados internacionais e nacionais poderão debater o estatuto da fotografia no panorama mundial: "Desde o início da SP-Arte, notei o crescente interesse do público pela fotografia, assim como o das galerias em trabalhar, cada vez mais, com fotógrafos. Daí o surgimento de uma feira só para a fotografia", comenta Fernanda.
Para ela, "todo mundo tem dentro de si um fotógrafo e as pessoas têm uma afinidade muito grande com a fotografia, que é uma linguagem que agrega e cada vez mais divide espaço com a pintura dentro das preferências de colecionadores e apreciadores de arte".
Ela mesma é colecionadora e deixa bem claro que o evento é, sim, uma feira e como tal sua primeira proposta é incrementar o mercado das imagens: "Só no ano passado mais de seis mil pessoas passaram pela feira de fotografia e mais de 13 mil na de arte na Bienal do Ibirapuera. Um novo público de colecionadores está se formando e a maioria é de jovens."
E ela é assim. Antenada, visionária - no que esta palavra tem de melhor -, Fernanda Feitosa arrisca, ousa e apresenta logo na entrada do evento uma parede com fotos jornalísticas produzidas pelos profissionais do Estado (leia texto ao lado): "Quero mostrar onde a fotografia está. Nas mais variadas formas de conhecimento. Reafirmar o fotógrafo como artista, como autor. Quero criar um polo de discussão e não ser apenas reflexo do que se mostra e aparece nas galerias do mundo todo. O fotojornalismo é a documentação do nosso dia a dia."
Depois do 11 de Setembro, as imagens do atentado passaram a participar de leilões e aparecer em contextos até então alheios a ele. Por isso, o fotojornalismo aparece também nas imagens de Jean Manzon, Hildegard Rosenthal, na agência Magnum, nos registros de Otto Stupakoff, que foi um grande fotógrafo de moda, além de mais de 80 artistas que se expressam fotograficamente das mais variadas formas.
Difícil apontar destaques dentro de um evento como este, mas é mais fácil perceber pontos que merecem atenção como a presença do fotógrafo Elliot Erwitt, da Magnum; das fotografias de Abelardo Morell, fotógrafo cubano radicado em Nova York, conhecido no Brasil pela sua série Câmara Obscura (apresentada no MAM-SP em 2006); assim como a presença de Mark Lubell, diretor executivo da Magnum Photos, e de Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne de la Photographie de Paris.
É preciso também relevar a bela homenagem da galeria Paulo Darzé, da Bahia, que traz uma série de imagens de Mario Cravo Neto (1947-2009), sem, contudo, colocá-las à venda. Uma homenagem silenciosa mais do que merecida.
Um evento que reflete sobre a ascensão e a importância da fotografia no mercado da arte. Uma feira que reafirma o papel fundamental da fotografia na sociedade contemporânea. Um possibilidade de aprender a olhar!
Publicado em 1/9/09
Fonte: O Estadao de S.Paulo
A hora e a vez das imagens
Setembro começa forte como o mês em que grandes mostras de fotografia ocupam as paredes de São Paulo
Camila Molina
A fotografia é destaque desse mês em São Paulo, graças a uma série de mostras importantes, como a dedicada ao mestre Henri Cartier-Bresson, a partir do dia 16, no Sesc Pinheiros (com lançamento de livros), e eventos em torno do gênero, como a terceira edição da feira SP- Arte/Foto, no Shopping Iguatemi, e a realização da primeira edição do festival SP Photo Fest, no Museu da Imagem e do Som (MIS). Já se tornou característico dos últimos anos o aumento crescente do mercado de fotografia na capital paulista, mas mesmo exposições desse meio não ficam em segundo plano na programação de museus e instituições da cidade.
"Era surreal São Paulo não ter um festival de fotografia organizado para acontecer todos os anos, e se contentar apenas com eventos esporádicos", diz o empresário Luiz Marinho, que esteve à frente do Paraty em Foco, no Rio de Janeiro, por quatro anos, e agora lança o SP Photo Fest, bancado, majoritariamente, do próprio bolso - mas com parcerias importantes, como a Leica, que ele representa; a Agência Estado e o Metrô. O festival paulistano, entre os dias 10 e 13, não será um concorrente do de Paraty, que agora, em sua quinta edição, ocorre também neste mês, a partir do dia 23. Começa com uma versão que apresenta palestras e workshops de estrelas da fotografia mundial e nacional.
A terceira edição da feira SP-Arte/Foto, que será inaugurada no dia 9, também trará à cidade um mito da fotografia, o americano Elliott Erwitt, da agência Magnum, que lançará livro. Além de sua participação, a feira é uma oportunidade para se ver mais de 300 imagens dos mais variados autores, expostas nos estandes de 17 galerias de São Paulo, Rio e Bahia. A SP-Arte/Foto é ramo da SP-Arte - Feira Internacional de Arte Contemporânea. No evento será apresentada a mostra Portraits - Fotojornalismo em O Estado de S. Paulo, com uma seleção de obras de fotógrafos da Agência Estado.
Publicado em 1/9/09
Fonte: O Estadao de S.Paulo
Camila Molina
A fotografia é destaque desse mês em São Paulo, graças a uma série de mostras importantes, como a dedicada ao mestre Henri Cartier-Bresson, a partir do dia 16, no Sesc Pinheiros (com lançamento de livros), e eventos em torno do gênero, como a terceira edição da feira SP- Arte/Foto, no Shopping Iguatemi, e a realização da primeira edição do festival SP Photo Fest, no Museu da Imagem e do Som (MIS). Já se tornou característico dos últimos anos o aumento crescente do mercado de fotografia na capital paulista, mas mesmo exposições desse meio não ficam em segundo plano na programação de museus e instituições da cidade.
"Era surreal São Paulo não ter um festival de fotografia organizado para acontecer todos os anos, e se contentar apenas com eventos esporádicos", diz o empresário Luiz Marinho, que esteve à frente do Paraty em Foco, no Rio de Janeiro, por quatro anos, e agora lança o SP Photo Fest, bancado, majoritariamente, do próprio bolso - mas com parcerias importantes, como a Leica, que ele representa; a Agência Estado e o Metrô. O festival paulistano, entre os dias 10 e 13, não será um concorrente do de Paraty, que agora, em sua quinta edição, ocorre também neste mês, a partir do dia 23. Começa com uma versão que apresenta palestras e workshops de estrelas da fotografia mundial e nacional.
A terceira edição da feira SP-Arte/Foto, que será inaugurada no dia 9, também trará à cidade um mito da fotografia, o americano Elliott Erwitt, da agência Magnum, que lançará livro. Além de sua participação, a feira é uma oportunidade para se ver mais de 300 imagens dos mais variados autores, expostas nos estandes de 17 galerias de São Paulo, Rio e Bahia. A SP-Arte/Foto é ramo da SP-Arte - Feira Internacional de Arte Contemporânea. No evento será apresentada a mostra Portraits - Fotojornalismo em O Estado de S. Paulo, com uma seleção de obras de fotógrafos da Agência Estado.
Publicado em 1/9/09
Fonte: O Estadao de S.Paulo
sábado, 1 de agosto de 2009
Sales increase markedly in São Paulo
Number of galleries doubles in five years; building booked for another five
Camila Belchior
The fifth edition of SP Arte (Feira Internacional de Arte de São Paulo) – Brazil’s only art fair – took place in the Oscar Niemeyer Biennial Pavilion from 13-17 May. Sales were up 15%-20% from last year, reaching the R17m-R18m ($8.7m-$9.8m) mark. In five years, SP Arte has grown from showcasing 41 galleries in its first edition to 80 this year, of which 11 were international (from Portugal, Germany, Uruguay, Argentina and Peru). General director Fernanda Feitosa has pre-booked dates in the building for future editions through to 2015, banking on the pattern persisting.
Jay Jopling of White Cube scouted the fair for the first time this year, while curator for international art at the Tate, Tanya Barson, came on a return visit, as did father-and-son collectors Stuart and John Evans. Approximately 13,000 people visited the fair during the preview, which was the strongest day for sales. Works ranged in price from R300 to R2m, the latter for a stainless steel sculpture by Lygia Clark at Galeria Ipanema from Rio.
Local museums are tradition-ally strapped for cash but a hand-ful of works were part-donated to the Pinacoteca do Estado and the São Paulo Museum of Modern Art by Portuguese Banco Espirito Santo, local Iguatemi shopping centre and SP Arte. The museums contributed R10,000 ($5,110) towards each work. Galeria Nara Roesler sold Immolate Yourself, 2009, the only Rodolpho Parigi painting available, to Banco Espirito Santo who donated it to Pinacoteca do Estado, which also received a Chiara Banfi, collage and a work on paper by Felipe Cohen. São Paulo Museum of Modern Art added an untitled Mira Schendel drawing from 1975 to its collection, bought at R40,000 ($20,445) and donated by SP Arte. Galeria Fortes Vilaça made its prime sale during the preview, a Vik Muniz triptych photograph of Botticelli’s Venus rumoured to have sold at R280,000 ($143,200).
Publicado na edição de julho-agosto de 2009 do The Art Newspaper
Camila Belchior
The fifth edition of SP Arte (Feira Internacional de Arte de São Paulo) – Brazil’s only art fair – took place in the Oscar Niemeyer Biennial Pavilion from 13-17 May. Sales were up 15%-20% from last year, reaching the R17m-R18m ($8.7m-$9.8m) mark. In five years, SP Arte has grown from showcasing 41 galleries in its first edition to 80 this year, of which 11 were international (from Portugal, Germany, Uruguay, Argentina and Peru). General director Fernanda Feitosa has pre-booked dates in the building for future editions through to 2015, banking on the pattern persisting.
Jay Jopling of White Cube scouted the fair for the first time this year, while curator for international art at the Tate, Tanya Barson, came on a return visit, as did father-and-son collectors Stuart and John Evans. Approximately 13,000 people visited the fair during the preview, which was the strongest day for sales. Works ranged in price from R300 to R2m, the latter for a stainless steel sculpture by Lygia Clark at Galeria Ipanema from Rio.
Local museums are tradition-ally strapped for cash but a hand-ful of works were part-donated to the Pinacoteca do Estado and the São Paulo Museum of Modern Art by Portuguese Banco Espirito Santo, local Iguatemi shopping centre and SP Arte. The museums contributed R10,000 ($5,110) towards each work. Galeria Nara Roesler sold Immolate Yourself, 2009, the only Rodolpho Parigi painting available, to Banco Espirito Santo who donated it to Pinacoteca do Estado, which also received a Chiara Banfi, collage and a work on paper by Felipe Cohen. São Paulo Museum of Modern Art added an untitled Mira Schendel drawing from 1975 to its collection, bought at R40,000 ($20,445) and donated by SP Arte. Galeria Fortes Vilaça made its prime sale during the preview, a Vik Muniz triptych photograph of Botticelli’s Venus rumoured to have sold at R280,000 ($143,200).
Publicado na edição de julho-agosto de 2009 do The Art Newspaper
sexta-feira, 10 de julho de 2009
"A Arte de Xico"
Paulo Bressane
Com a coluna voltada às artes plásticas e cultura, fica com vocês trechos de uma crônica me enviada pelo cirurgião plástico Carlos Eduardo Leão, que discorre sobre a arte do chimpanzé/ator na novela global "Caras&Bocas":
(...)
"O que temos visto recentemente na Feira Arco, em Madri, nas bienais de São Paulo e Buenos Aires e na última edição da SP Arte tem sido algo parecido com as ideias loucas do início do século passado. Algo como romper-se com o criar artístico intrínseco às habilidades pessoais e apropriar-se do que já está feito, mudando o seu sentido lógico de acordo com a mais ferina das criatividades, com o tácito propósito de chocar o espectador, o crítico e o amante da arte. A crítica da arte contemporânea estende-se, hoje em dia, à antítese "bom gosto - mau gosto". E, não raro, nos fazemos, mesmo sem querer, reféns de suas opiniões. Como acontece no folhetim da Globo, quando passamos todos a achar que os quadros de Xico são mesmo frutos de uma grande sensibilidade artística e de uma qualidade técnica excepcional."
Publicado em 10/7/09
Íntegra: jornal Pampulha
Com a coluna voltada às artes plásticas e cultura, fica com vocês trechos de uma crônica me enviada pelo cirurgião plástico Carlos Eduardo Leão, que discorre sobre a arte do chimpanzé/ator na novela global "Caras&Bocas":
(...)
"O que temos visto recentemente na Feira Arco, em Madri, nas bienais de São Paulo e Buenos Aires e na última edição da SP Arte tem sido algo parecido com as ideias loucas do início do século passado. Algo como romper-se com o criar artístico intrínseco às habilidades pessoais e apropriar-se do que já está feito, mudando o seu sentido lógico de acordo com a mais ferina das criatividades, com o tácito propósito de chocar o espectador, o crítico e o amante da arte. A crítica da arte contemporânea estende-se, hoje em dia, à antítese "bom gosto - mau gosto". E, não raro, nos fazemos, mesmo sem querer, reféns de suas opiniões. Como acontece no folhetim da Globo, quando passamos todos a achar que os quadros de Xico são mesmo frutos de uma grande sensibilidade artística e de uma qualidade técnica excepcional."
Publicado em 10/7/09
Íntegra: jornal Pampulha
Exposição debate valor monetário atribuído à obra de arte
Monique Cardoso
RIO - Na exposição que abre neste sábado na galeria A Gentil Carioca, no Centro, o artista plástico Carlos Contente parece que resolveu abrir o jogo. Explica tintim por tintim o que acontece na cena da arte contemporânea. Na narrativa visual, composta por desenhos, telas objetos e esculturas, mais uma vez insere seu personagem autobiográfico – a carinha em estêncil que faz trocadilho com seu nome – como condutor da história. Compradores de mundo mostra como funciona o universo em que ele, originalmente conhecido por seu trabalho em grafite e outras intervenções urbanas, se inseriu, depois de ultrapassar a fronteira das ruas e muros da cidade para entrar nas galerias pela porta da frente.
(...)
Ele tem obras nas principais coleções privadas e públicas do Brasil e do exterior como a do MAM do Rio, a de José Olympio Pereira, de Luiz Augusto Teixeira, de Julio Verme (Lima, Peru), entre outros. Suas obras têm viajado para importantes feiras como a Arco, de Madri, a SP Arte e a feira de Buenos Aires.
Publicado em 10/7/09
Íntegra: Jornal do Brasil
RIO - Na exposição que abre neste sábado na galeria A Gentil Carioca, no Centro, o artista plástico Carlos Contente parece que resolveu abrir o jogo. Explica tintim por tintim o que acontece na cena da arte contemporânea. Na narrativa visual, composta por desenhos, telas objetos e esculturas, mais uma vez insere seu personagem autobiográfico – a carinha em estêncil que faz trocadilho com seu nome – como condutor da história. Compradores de mundo mostra como funciona o universo em que ele, originalmente conhecido por seu trabalho em grafite e outras intervenções urbanas, se inseriu, depois de ultrapassar a fronteira das ruas e muros da cidade para entrar nas galerias pela porta da frente.
(...)
Ele tem obras nas principais coleções privadas e públicas do Brasil e do exterior como a do MAM do Rio, a de José Olympio Pereira, de Luiz Augusto Teixeira, de Julio Verme (Lima, Peru), entre outros. Suas obras têm viajado para importantes feiras como a Arco, de Madri, a SP Arte e a feira de Buenos Aires.
Publicado em 10/7/09
Íntegra: Jornal do Brasil
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Mercado maduro: 5ª edição da SP-Arte legitima um mercado potente e em crescimento no Brasil
Leonor Amarante
Há tempos que a Bienal de São Paulo não consegue, na noite de sua inauguração, reunir nomes pesos pesados do circuito. A SP-Arte/Feira Internacional de Arte de São Paulo, ao contrário, em clima festivo, contou com a presença de vários deles, como Antonio Dias, Tunga, Ana Tavares, e legitimou a importância dos artistas no mercado. Afinal, arte é, acima de tudo, a interação dos indivíduos com a arte. Mesmo sem entrar no mérito quanto ao papel da feira no circuito cultural, há de se refletir até que ponto o evento pode interferir no caráter geral da arte.
Alguns artistas ainda se sentem constrangidos em participar. Concordam em vender em galerias, mas quando se trata de feiras se sentem mercenários. Para eles, Fernanda Feitosa, idealizadora da SP-Arte, manda um recado: "Profissional tem que saber vender". Com posição firme, defende que a SP-Arte é um instrumento para escoar a produção artística. "Trata-se de uma feira de negócios que atrai em média 15 mil pessoas, sendo que dez por cento são compradoras em potencial. Não se pode esquecer que para frequentar é necessário gostar de Bienal, de museus, de galerias. Não vejo por que se constranger."
Publicado em 10/06/2009
Fonte: revista Brasileiros
Há tempos que a Bienal de São Paulo não consegue, na noite de sua inauguração, reunir nomes pesos pesados do circuito. A SP-Arte/Feira Internacional de Arte de São Paulo, ao contrário, em clima festivo, contou com a presença de vários deles, como Antonio Dias, Tunga, Ana Tavares, e legitimou a importância dos artistas no mercado. Afinal, arte é, acima de tudo, a interação dos indivíduos com a arte. Mesmo sem entrar no mérito quanto ao papel da feira no circuito cultural, há de se refletir até que ponto o evento pode interferir no caráter geral da arte.
Alguns artistas ainda se sentem constrangidos em participar. Concordam em vender em galerias, mas quando se trata de feiras se sentem mercenários. Para eles, Fernanda Feitosa, idealizadora da SP-Arte, manda um recado: "Profissional tem que saber vender". Com posição firme, defende que a SP-Arte é um instrumento para escoar a produção artística. "Trata-se de uma feira de negócios que atrai em média 15 mil pessoas, sendo que dez por cento são compradoras em potencial. Não se pode esquecer que para frequentar é necessário gostar de Bienal, de museus, de galerias. Não vejo por que se constranger."
Publicado em 10/06/2009
Fonte: revista Brasileiros
sábado, 6 de junho de 2009
Caça a troféus na selva metropolitana
O Brasil na marcha ofensiva. Pela primeira vez, a feira SP Arte também atraiu profissionais do além-mar
Jay Jopling, "Mr. Brit Art"
Se um profissional do mercado de arte, como Jay Jopling, abandona sua exposição de arte em Hong Kong, que ocorre simultaneamente à festa paulistana, para uma visita relâmpago à SP Arte em São Paulo, isso tem um efeito significativo. É sabido que o homem, com seus óculos de armação escura e ternos Savile-Row perfeitamente talhados, não possui a fama de desperdiçar seu tempo com eventos insignificantes. Mas, especialmente em Londres, espalhou-se a notícia de que a arte brasileira poderia se tornar o próximo “grande lance”. Nesse caso, o Tate Modern representa um papel definitivo, a começar pelo restaurante do museu:
Beatriz Milhazes, "Guanabara"
“Guanabara”, o trabalho vistoso de Beatriz Milhazes pintado na parede do restaurante, assemelha-se a um retrato da Bossa Nova e transmite um clima tropical nos arredores do Tâmisa. Além disso, o Tate dispõe da coleção mais importante de arte brasileira fora do país sul-americano e registra recordes de visitantes com suas exibições especiais, como, recentemente, a dos trabalhos de Cildo Meireles:
Cildon Meireles, "The Southern Cross" (Detalhe), 1969 - 70, Foto: Wilton Montenegro
Tanya Barson, especialista da América Latina do Tate, também viajou para a metrópole de 11 milhões de habitantes a fim de encontrar colegas, visitar ateliês, e, é claro, procurar peças valiosas para o museu. Barson comenta que, apesar do seu significativo central para a história do modernismo internacional, a arte brasileira teria sido subestimada por tempo demais fora do maior país sul-americano. Mas, pelo jeito, tal aspecto não mais vigora.
Já em 2008, foi exposta uma exibição especial no Moderna Museet de Estocolmo com o título Time and Place: Rio de Janeiro.
E, de fevereiro a maio deste ano, o Kunsthaus Zürich também mostrou em sua exibição Hot Spots que, nos anos 50 e 60, o Rio de Janeiro pertenceu aos epicentros da vanguarda, ao lado de Los Angeles, Milão e Turim. Por enquanto, somente os comerciantes, obviamente visionando o futuro, já se abasteceram. Os preços de peças de museus estão subindo de forma nítida. Ano passado, os chamados “Bichos” de Lygia Clark, esculturas construtivistas desdobráveis de metal, ainda eram adquiridos por um valor que variava entre U$ 400.000,00 e 500. 000,00. Porém, este ano, a Galeria de Arte Ipanema pede um milhão de dólares por uma obra de dimensões maiores.
É claro que uma feira como a SP Arte está beneficiando a nova apreciação pela arte brasileira. Com exceção de alguns expositores da Argentina, do Uruguai, da Espanha, de Portugal e da França, os endereços apresentados na SP Arte são, em sua grande maioria, brasileiros. Com exatamente 80 galerias e um aumento do número de visitantes de 12.000 a 15.000 pessoas em relação ao ano anterior, a feira continua a trilhar seu caminho de sucesso em seu quinto ano de existência, embora as dimensões do evento sejam relativamente pequenas em comparação mundial. Nem mesmo a responsável pela feira contou com tamanho êxito. “Passei os últimos nove meses diminuindo as expectativas”, confessa Fernanda Feitosa, a jovem fundadora e diretora da feira diante da WELT. Mas, na noite da abertura, até ela ficou surpreendida. O público simplesmente ignorou o horário oficial da abertura e lá permaneceu por mais de uma hora. E galerias importantes, como Nara Roesler, Luisa Strina ou Vermelho, cujas ofertas se especializaram em obras de artistas brasileiros jovens e contemporâneos, tiveram seus acervos esgotados na mesma noite.
Na oferta da Vermelho, entre outras, encontraram-se as colagens politicamente carregadas do brasileiro Odires Mlászho por R$ 4.400,00. O artista combina retratos fotográficos em branco e preto de esculturas de filósofos gregos com os rostos de social-democratas alemães do pós-guerra. Além disso, no stand viu-se um aparelho interativo de massagem ocular da brasileira em voga Ana Maria Tavares por U$ 18.000,00 (segunda edição). Tavares acabou de se mudar para seu estúdio recentemente construído no complexo Artist-in-Residence da galeria vanguarda Vermelho. A maior atração do stand de Luise Strina, la grande dame da cena galerista brasileira, cujo sentido de qualidade é garantido, foi uma bicicleta de entrega, embrulhada em elástico reciclado, do brasileiro Jarbas Lopes por U$ 10.000,00. Lopes também usou essa bicicleta em projetos sociais.
A Galeria de Babel, especializada em fotografia, ofereceu fotos paparazzi de Vânia Toledo da boemia brasileira dos anos 70 e 80, um tipo de Nan Goldin tropical (de R$ 1.000,00 a 5.000,00). Além disso, Martin Parr lá apresentou sua novidade atual “Playas”, um álbum de pequeno formato com flashes de praias sul-americanas.
Ao lado de Luise Strina, o galerista alemão Thomas Cohn é um dos pioneiros no Brasil no que se refere ao trabalho das galerias com foco no mercado internacional. E é um dos poucos que apresentou uma nova descoberta não-brasileira: a jovem pintora de Berlim, Julia Kazakova. Suas pinturas de grande formato com graduações de cinza mostram cenas extremamente condensadas do mundo de trabalho socialista. Cohn acentua a situação especial do Brasil: “Embora os efeitos da crise também tenham chegado até aqui, parece que a situação vem melhorando. Exporta-se muito e os bancos não estão ameaçados de jeito nenhum.”
Também visto: Patricia Phelps de Cisneros de Caracas, Venezuela, uma das colecionadoras mais importantes da arte latino-americana. Para a diretora da feira, Fernanda Feitosa, isso é considerado um bom sinal: “Nossa feira tem somente cinco anos. Mas, aos poucos, parece que conseguimos alcançar as pessoas importantes.”
Publicado em 6/6/09
Fonte: Philgeland.wordpress.com
Original: Die Welt
Crianças à sombra em São Paulo
Êxito da exportação brasileira: A quinta feira internacional de arte em São Paulo, a SP-Arte, contou com aproximadamente 15.000 visitantes, 3000 a mais do que no ano anterior.
Nicole Büsing e Heiko Klaas
Não obstante, a feira atrai por causa de seu perfil nítido: 80 galerias - em sua maioria da América do Sul, Espanha, Portugal e França - apresentam a arte moderna e a contemporânea da América Latina. Em nenhum outro lugar, a arte do maior país sul-americano está sendo exibida com tamanha qualidade e abundância. A arte brasileira é apreciada por museus europeus e americanos, os quais pretendem complementar suas coleções, por colecionadores brasileiros abastados e, principalmente, por negociantes de arte prospetivos, que se abastecem para os tempos pós-crise. Assim, Jay Joplin, o galerista célebre de Londres, fez uma visita relâmpago à feira. Patricia Phelps Cisneiros, a colecionadora venezuelana de alto padrão, também foi vista na SP-Arte.
Tanya Barson, a especialista da América Latina do Tate Modern em Londres, concorda que a arte brasileira não precisa se esconder. Ela também fez compras em São Paulo: "Apesar de seu significado central para o desenvolvimento do modernismo internacional, a arte brasileira sempre foi marginalizada pelos museus europeus". Aliás, no Tate Modern, tal significado já havia sido reconhecido antes. Fora do Brasil, o museu dispõe a coleção de arte brasileira mais importante.
Negociantes dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, do Chile e da Argentina se fartaram na galeria Athena, no Rio de Janeiro, com trabalhos de alto padrão do modernismo pós-guerra brasileiro. Em oferta, por exemplo, havia um para-vento de Ivan Serpa, datado de 1952 e pintado com formas construtivistas, pelo valor de US $ 350 000,00. E foram oferecidas monotipias caligráficas delicadas em papel-arroz de Mira Schendel (1919 - 1988) por valores entre 5.400 e 35.500 dólares. Atualmente, os trabalhos de Schendel também podem ser vistos no MoMA em Nova Iorque.
Fernanda Feitosa, a diretora da SP-Arte, atribui o interesse internacional a um acontecimento concreto: em 2008, o leilão de uma pintura de Beatriz Milhazes no Sotheby's, em Nova Iorque, alcançou um valor acima de um milhão de dólares. A quantia superou tudo que já foi pago por uma peça de arte brasileira. Por disso, as colagens de papel da artista foram oferecidas em vários stands. Os preços para um formato grande variavam entre 30.000 e 380.000 dólares. Feitosa também oferece de um prognóstico: "Posso imaginar que, um dia, os preços vão explodir. Até agora, eles são baixos demais para artistas com histórico de obras maduras. Cildo Meireles, por exemplo, deveria ser bem mais caro. Ele tem mais de 60 anos, mas no mercado de arte, seus trabalhos nem chegam perto do reconhecimento merecido".
Publicado em 6/6/09
Fonte: Der Tagespiegel
Nicole Büsing e Heiko Klaas
Não obstante, a feira atrai por causa de seu perfil nítido: 80 galerias - em sua maioria da América do Sul, Espanha, Portugal e França - apresentam a arte moderna e a contemporânea da América Latina. Em nenhum outro lugar, a arte do maior país sul-americano está sendo exibida com tamanha qualidade e abundância. A arte brasileira é apreciada por museus europeus e americanos, os quais pretendem complementar suas coleções, por colecionadores brasileiros abastados e, principalmente, por negociantes de arte prospetivos, que se abastecem para os tempos pós-crise. Assim, Jay Joplin, o galerista célebre de Londres, fez uma visita relâmpago à feira. Patricia Phelps Cisneiros, a colecionadora venezuelana de alto padrão, também foi vista na SP-Arte.
Tanya Barson, a especialista da América Latina do Tate Modern em Londres, concorda que a arte brasileira não precisa se esconder. Ela também fez compras em São Paulo: "Apesar de seu significado central para o desenvolvimento do modernismo internacional, a arte brasileira sempre foi marginalizada pelos museus europeus". Aliás, no Tate Modern, tal significado já havia sido reconhecido antes. Fora do Brasil, o museu dispõe a coleção de arte brasileira mais importante.
Negociantes dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, do Chile e da Argentina se fartaram na galeria Athena, no Rio de Janeiro, com trabalhos de alto padrão do modernismo pós-guerra brasileiro. Em oferta, por exemplo, havia um para-vento de Ivan Serpa, datado de 1952 e pintado com formas construtivistas, pelo valor de US $ 350 000,00. E foram oferecidas monotipias caligráficas delicadas em papel-arroz de Mira Schendel (1919 - 1988) por valores entre 5.400 e 35.500 dólares. Atualmente, os trabalhos de Schendel também podem ser vistos no MoMA em Nova Iorque.
Fernanda Feitosa, a diretora da SP-Arte, atribui o interesse internacional a um acontecimento concreto: em 2008, o leilão de uma pintura de Beatriz Milhazes no Sotheby's, em Nova Iorque, alcançou um valor acima de um milhão de dólares. A quantia superou tudo que já foi pago por uma peça de arte brasileira. Por disso, as colagens de papel da artista foram oferecidas em vários stands. Os preços para um formato grande variavam entre 30.000 e 380.000 dólares. Feitosa também oferece de um prognóstico: "Posso imaginar que, um dia, os preços vão explodir. Até agora, eles são baixos demais para artistas com histórico de obras maduras. Cildo Meireles, por exemplo, deveria ser bem mais caro. Ele tem mais de 60 anos, mas no mercado de arte, seus trabalhos nem chegam perto do reconhecimento merecido".
Publicado em 6/6/09
Fonte: Der Tagespiegel
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Primeiro a grana, depois a caipirinha
Nicole Büsing e Heiko Klaas
Crise? Mas que nada! Em São Paulo, na maior feira de arte da América Latina, os negócios vão de vento em popa – e de maneira bem racional. O mercado internacional cai de boca no modernismo brasileiro e até leva consigo a arte de rua do país.
Caipirinhas, mansões de luxo e loiras exuberantes de salto alto. A piscina é obrigatória e, é claro, com iluminação subaquática. Se estivéssemos no sul da Flórida, na época do boom da Art Basel Miami Beach, o resto da história seria óbvio. Após três drinques no máximo, os convidados continuariam a festa dentro da piscina. À certa altura, não haveria mais contenção e os tablóides obteriam sua história, seguindo o velho lema: esses organizadores de eventos artísticos são loucos.
Porém, em São Paulo, a maior cidade brasileira com mais de 11 milhões de habitantes, o cenário das artes se apresenta mais sóbrio, inclusive em suas festas de lançamento. Formas de comportamento afetado, tipo nouveau-riche, não são benquistas, algo que também se deve ao fato de que os bairros nobres e as favelas nem sempre estão tão distantes, como se imagina.
Interior do pavilhão Ciccillo-Matarazzo
No entanto, no pavilhão da Bienal, no parque do Ibirapuera – criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e considerado o maior pulmão verde da cidade -, o clima é de descontração. Alguns visitantes até desfilam de jogging na quinta feira de arte da SP Arte. Trata-se da maior e a mais importante feira da América Latina. Oitenta galerias, em sua maioria na América do Sul, mas também na França, na Espanha e em Portugal, exercem uma disciplina que recentemente não causou muita alegria aos organizadores da Europa e dos Estados Unidos: a venda de obras de arte em tempos da crise.
Mas, enquanto os números das vendas nas feiras de arte na Europa e nos Estados Unidos sofreram quedas significativas, constata-se um clima de garimpo ao sul do equador: colecionadores brasileiros e internacionais estão açambarcando as últimas peças vendáveis do modernismo brasileiro, cujas obras dos anos 50 aos 80 não precisam temer nenhuma comparação com obras da América do Norte e da Europa.
Mira Schendel, Sem Título, 1984
Até Jay Jopling, o dono de uma célebre galeria de Londres, visitou a feira espontaneamente, embora estivesse, na mesma data, expondo obras de sua galeria White Cube na feira de arte em Hong Kong.
E Sarina Tang, colecionadora, curadora e conselheira de arte de Nova Yorque, diz com propriedade: “Por muito tempo, a arte brasileira moderna foi marcada como arte do terceiro mundo. Parece que agora essa imagem está sendo corrigida num processo sumário.”
Tang, que nasceu em Xangai e cresceu em São Paulo, conhece bem os mercados em alta. Desde o início, ela acompanhou o desenvolvimento deste na China. Lá surgiu, praticamente do nada, uma cena contemporânea que, muitas vezes, seguiu a ordem do vendável e da caça ao efeito, e cujos preços subiram de forma exorbitante devido às atividades de especuladores e leilões.
Tang atesta à jovem cena brasileira um padrão maior de substância. “A arte contemporânea brasileira se serve de um vocabulário bem mais internacional e consistente do que a arte jovem da China ou da Rússia. Por causa disso, desejo a ela um público mais amplo.”
Fernanda Feitosa, a diretora da feira, expressa um ponto de vista semelhante. Ela também espera que a tendência seja menos extrema que na China. “É bem provável que, um dia, os preços também exacerbem aqui. Mas, a longo prazo, dinheiro demais no mercado não é bom. Seria melhor se pudessemos nos desenvolver passo a passo.”
Por que será que os especialistas consideram o Brasil um dos centros do modernismo internacional? Felipe Chaimovich, curador no Museu de Arte Moderna de São Paulo, esclarece o assunto:
Helio Oiticica, Grande Núcleo, 1960 (Fonte: Projeto Hélio Oiticica)
“Nos anos 50, o Brasil se posicionou de uma forma completamente nova: como poder de liderança da América Latina e do terceiro mundo. Oscar Niemeyer realizou Brasilia, a nova capital, e a Bienal de São Paulo ganhou um nível de padrão internacional. Naquela época, artistas, como Lygia Clark ou Helio Oiticica, comecaram a produzir a arte neoconcreta que também foi reconhecida internacionalmente.”
Embora tenha sido um advento tardio, é exatamente esse tipo de arte que agora está sendo procurado por colecionadores e museus do mundo inteiro. As esculturas desdobráveis e frágeis de aço fino de Lygia Clark; os trabalhos delicados de papel de Mira Schendel; ou um biombo de Ivan Serpa, pintado com formas reduzidas e geométricas. Na SP Arte, tais obras são adquiríveis – no entanto, a preços que, em geral, estouram os orçamentos dos grandes museus internacionais.
Segundo Emma Lavigne, curadora do Centre Pompidou de Paris, isso coloca os museus numa posição de desvantagem. “Às vezes, leva de seis a sete meses, ou até um ano, para um museu como o Centre Pompidou aprovar uma aquisição, porque o processo passa por mais de uma instância. Já os colecionadores particulares podem reagir bem mais rápido.
Em cartaz na Art Basel: Arte de Rua de São Paulo
Porém, para quem acredita que a High Art dos museus seja um tema batido, terá sua recompensa em São Paulo mesmo assim. A arte do grafite, criativa e colorida, está surgindo em todos os cantos da cidade. Desde que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, proibiu os outdoors e as propagandas luminosas na paisagem urbana, há muito mais área à disposição dos grafiteiros. Os protagonistas da cena são notórios.
Atualmente, os gêmeos Gustavo e Otavio Pandolfo, 34, estão em voga.
Suas pinturas de um colorido intenso acharam a trilha para a primeira liga da cena de arte brasileira: a famosa galeria Fortes Vilaça vende as obras com grande sucesso. O fato de os gêmeos continuarem ativos no espaço urbano é uma questão de honra.
Kboco
O colega Kboco, 31, também fez sucesso. Seus sistemas geomêtricos e harmônicos de linhas e círculos se encontram nas fachadas de muitas cidades brasileiras. O trabalho dele será exposto este ano, pela primeira vez, pela Galeria Marilia Razuk na famosa Art Basel.
O motor da cena é o ágil galerista Baixo Ribeiro. Cinco anos atrás, ele fundou o “Choque Cultural”, um espaço para novos talentos. Antes disso, Ribeiro marcava presença em cenários de skateboard e da moda. Foi assim que ele entrou em contato direto com as celebridades do grafite. Hoje Ribeiro as interliga com os sprayers de Nova Yorque, Los Angeles, Paris e Londres. Como a maioria dos colecionadores de Baixo Ribeiro aprecia a pintura contemporânea, ele consegue lhes transmitir que a Arte de Rua de São Paulo é de alta qualidade pitoresca, tanto nas fachadas quanto na tela.
Ribeiro: “Quem pinta na rua, recebe um feedback direto do público. Quando as pessoas não gostam de algo, aquilo desaparece em poucos dias. Do contrário, os bons trabalhos ainda permanecem no espaço urbano por mais de 10 anos.”
Publicado em 27/05/09
Fonte: Peter Hilgeland
Original: Spiegel Online
Crise? Mas que nada! Em São Paulo, na maior feira de arte da América Latina, os negócios vão de vento em popa – e de maneira bem racional. O mercado internacional cai de boca no modernismo brasileiro e até leva consigo a arte de rua do país.
Caipirinhas, mansões de luxo e loiras exuberantes de salto alto. A piscina é obrigatória e, é claro, com iluminação subaquática. Se estivéssemos no sul da Flórida, na época do boom da Art Basel Miami Beach, o resto da história seria óbvio. Após três drinques no máximo, os convidados continuariam a festa dentro da piscina. À certa altura, não haveria mais contenção e os tablóides obteriam sua história, seguindo o velho lema: esses organizadores de eventos artísticos são loucos.
Porém, em São Paulo, a maior cidade brasileira com mais de 11 milhões de habitantes, o cenário das artes se apresenta mais sóbrio, inclusive em suas festas de lançamento. Formas de comportamento afetado, tipo nouveau-riche, não são benquistas, algo que também se deve ao fato de que os bairros nobres e as favelas nem sempre estão tão distantes, como se imagina.
Interior do pavilhão Ciccillo-Matarazzo
No entanto, no pavilhão da Bienal, no parque do Ibirapuera – criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e considerado o maior pulmão verde da cidade -, o clima é de descontração. Alguns visitantes até desfilam de jogging na quinta feira de arte da SP Arte. Trata-se da maior e a mais importante feira da América Latina. Oitenta galerias, em sua maioria na América do Sul, mas também na França, na Espanha e em Portugal, exercem uma disciplina que recentemente não causou muita alegria aos organizadores da Europa e dos Estados Unidos: a venda de obras de arte em tempos da crise.
Mas, enquanto os números das vendas nas feiras de arte na Europa e nos Estados Unidos sofreram quedas significativas, constata-se um clima de garimpo ao sul do equador: colecionadores brasileiros e internacionais estão açambarcando as últimas peças vendáveis do modernismo brasileiro, cujas obras dos anos 50 aos 80 não precisam temer nenhuma comparação com obras da América do Norte e da Europa.
Mira Schendel, Sem Título, 1984
Até Jay Jopling, o dono de uma célebre galeria de Londres, visitou a feira espontaneamente, embora estivesse, na mesma data, expondo obras de sua galeria White Cube na feira de arte em Hong Kong.
E Sarina Tang, colecionadora, curadora e conselheira de arte de Nova Yorque, diz com propriedade: “Por muito tempo, a arte brasileira moderna foi marcada como arte do terceiro mundo. Parece que agora essa imagem está sendo corrigida num processo sumário.”
Tang, que nasceu em Xangai e cresceu em São Paulo, conhece bem os mercados em alta. Desde o início, ela acompanhou o desenvolvimento deste na China. Lá surgiu, praticamente do nada, uma cena contemporânea que, muitas vezes, seguiu a ordem do vendável e da caça ao efeito, e cujos preços subiram de forma exorbitante devido às atividades de especuladores e leilões.
Tang atesta à jovem cena brasileira um padrão maior de substância. “A arte contemporânea brasileira se serve de um vocabulário bem mais internacional e consistente do que a arte jovem da China ou da Rússia. Por causa disso, desejo a ela um público mais amplo.”
Fernanda Feitosa, a diretora da feira, expressa um ponto de vista semelhante. Ela também espera que a tendência seja menos extrema que na China. “É bem provável que, um dia, os preços também exacerbem aqui. Mas, a longo prazo, dinheiro demais no mercado não é bom. Seria melhor se pudessemos nos desenvolver passo a passo.”
Por que será que os especialistas consideram o Brasil um dos centros do modernismo internacional? Felipe Chaimovich, curador no Museu de Arte Moderna de São Paulo, esclarece o assunto:
Helio Oiticica, Grande Núcleo, 1960 (Fonte: Projeto Hélio Oiticica)
“Nos anos 50, o Brasil se posicionou de uma forma completamente nova: como poder de liderança da América Latina e do terceiro mundo. Oscar Niemeyer realizou Brasilia, a nova capital, e a Bienal de São Paulo ganhou um nível de padrão internacional. Naquela época, artistas, como Lygia Clark ou Helio Oiticica, comecaram a produzir a arte neoconcreta que também foi reconhecida internacionalmente.”
Embora tenha sido um advento tardio, é exatamente esse tipo de arte que agora está sendo procurado por colecionadores e museus do mundo inteiro. As esculturas desdobráveis e frágeis de aço fino de Lygia Clark; os trabalhos delicados de papel de Mira Schendel; ou um biombo de Ivan Serpa, pintado com formas reduzidas e geométricas. Na SP Arte, tais obras são adquiríveis – no entanto, a preços que, em geral, estouram os orçamentos dos grandes museus internacionais.
Segundo Emma Lavigne, curadora do Centre Pompidou de Paris, isso coloca os museus numa posição de desvantagem. “Às vezes, leva de seis a sete meses, ou até um ano, para um museu como o Centre Pompidou aprovar uma aquisição, porque o processo passa por mais de uma instância. Já os colecionadores particulares podem reagir bem mais rápido.
Em cartaz na Art Basel: Arte de Rua de São Paulo
Porém, para quem acredita que a High Art dos museus seja um tema batido, terá sua recompensa em São Paulo mesmo assim. A arte do grafite, criativa e colorida, está surgindo em todos os cantos da cidade. Desde que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, proibiu os outdoors e as propagandas luminosas na paisagem urbana, há muito mais área à disposição dos grafiteiros. Os protagonistas da cena são notórios.
Atualmente, os gêmeos Gustavo e Otavio Pandolfo, 34, estão em voga.
Suas pinturas de um colorido intenso acharam a trilha para a primeira liga da cena de arte brasileira: a famosa galeria Fortes Vilaça vende as obras com grande sucesso. O fato de os gêmeos continuarem ativos no espaço urbano é uma questão de honra.
Kboco
O colega Kboco, 31, também fez sucesso. Seus sistemas geomêtricos e harmônicos de linhas e círculos se encontram nas fachadas de muitas cidades brasileiras. O trabalho dele será exposto este ano, pela primeira vez, pela Galeria Marilia Razuk na famosa Art Basel.
O motor da cena é o ágil galerista Baixo Ribeiro. Cinco anos atrás, ele fundou o “Choque Cultural”, um espaço para novos talentos. Antes disso, Ribeiro marcava presença em cenários de skateboard e da moda. Foi assim que ele entrou em contato direto com as celebridades do grafite. Hoje Ribeiro as interliga com os sprayers de Nova Yorque, Los Angeles, Paris e Londres. Como a maioria dos colecionadores de Baixo Ribeiro aprecia a pintura contemporânea, ele consegue lhes transmitir que a Arte de Rua de São Paulo é de alta qualidade pitoresca, tanto nas fachadas quanto na tela.
Ribeiro: “Quem pinta na rua, recebe um feedback direto do público. Quando as pessoas não gostam de algo, aquilo desaparece em poucos dias. Do contrário, os bons trabalhos ainda permanecem no espaço urbano por mais de 10 anos.”
Publicado em 27/05/09
Fonte: Peter Hilgeland
Original: Spiegel Online
segunda-feira, 25 de maio de 2009
A dona da feira
Evento internacional criado por Fernanda Feitosa coloca a capital paulista na rota mundial das artes
Wagner Malta Tavares
Com o objetivo de apresentar e promover a interação entre artistas, galeristas, colecionadores e amantes das artes, em geral, foi criada, em 2005, a SP-Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo. O evento cresceu, em grande parte pelo empenho de sua criadora e diretora geral, Fernanda Feitosa. Tanto que, em sua quinta edição, que acontece entre os dias 14 e 17 de maio no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, uma das principais feiras de arte do Hemisfério Sul vai receber a visita de renomados curadores e compradores de arte dos mais importantes museus do mundo, além de contar com a participação de 80 galerias, 12 delas de países como Espanha, Portugal, França, Argentina, Uruguai e Colômbia. Serão três mil obras, entre moderna e contemporânea, expostas em uma área de 7 mil m², quase o dobro do espaço ocupado em seu primeiro ano. Em entrevista à Brasileiros, Fernanda Feitosa traça um perfil do mercado de artes no Brasil e fala da importância de um evento desse porte para os brasileiros.
Brasileiros - Fernanda, o que levou você a montar a SP-Arte/Feira Internacional de Arte de São Paulo?
Fernanda Feitosa - Eu era colecionadora, gosto de arte e frequentava o circuito. Quando morei fora conheci várias feiras e quis trazer para São Paulo essa atmosfera vibrante, profissional. As feiras em geral são de arte contemporânea, mas como o Brasil tem uma forte relação com a arte moderna, achei que a SP-Arte deveria ter as duas.
Queríamos que quando alguém pensasse em arte na América Latina, pensasse em São Paulo: maior cidade do continente com uma das mais importantes bienais do mundo e com uma feira de arte muito forte que conta com as mais importantes galerias da região e de outras partes do mundo.
Brasileiros - Quantas são as galerias estrangeiras?
F.F. - Em cinco anos de feira fomos de uma para 12. Há que se comemorar, porém ainda não chegamos nem perto do que queríamos.
Brasileiros - Como é o colecionismo de arte no Brasil? É um esforço de poucos?
F.F. - A feira também tem o propósito de atrair pro mercado de arte um número maior de pessoas. Considerando o tamanho da nossa população e nossa produção, o número de colecionadores é muito pequeno. Um dos objetivos da feira é aumentar o mercado para São Paulo se transformar num polo de irradiação de arte. Há muitos jovens colecionadores de arte contemporânea e eles são muito sérios, estudam e frequentam o meio de arte.
Brasileiros - O colecionismo ainda é associado a status e ascensão social?
F.F. - Como sou uma entusiasta, acho que não importa o motivo que leva uma pessoa a colecionar arte, e acho até que as artes devem enriquecer quem entra em contato. A pessoa que começa é como que tomada por um vírus, não dá pra ficar imune, não é como o consumismo ou ir a festas, a arte agrega outras coisas. Se ao invés de comprar um carro novo a pessoa passa a colecionar arte, por que motivo for, ela agrega cultura, bom gosto, exclusividade... acaba envolvendo-se mesmo... e aí a arte é maior que muitas coisas. Se houver real interesse e seriedade, acabará fazendo boas escolhas e um novo mundo se abrirá. Há muitos trabalhos bons, o mundo não é só o das grandes galerias ou dos superartistas, a base da pirâmide é maior.
Brasileiros - Na primeira edição houve adesão de todas as galerias do Brasil?
F.F. - Não, mas na quarta já estavam todas lá. Foi um processo, não há nenhum ressentimento, as galerias têm suas prioridades, há outras feiras que as galerias querem participar e seus processos e estratégias são diferentes.
Brasileiros - Vocês estavam preparados para as dificuldades do início?
F.F. - Quem abre um negócio tem de estar preparado para tudo: para caminhar devagar, pro sucesso e pro fracasso. Estávamos preparados para conquistar, não é um processo de submissão a nada, é um processo de conquista, fomos conquistando o respeito. Então passou a ser um projeto de todos, é uma responsabilidade incrível, como melhorar uma coisa que está indo muito bem, mas é preciso melhorar sempre. É difícil atrair pessoas para um evento que compete com uma oferta cultural como a de São Paulo.
Brasileiros - O que esperam da feira neste ano de crise?
F.F. -. Crescemos como o Brasil: tudo está crescendo, vamos junto. Agora a crise. As galerias brasileiras estão mostrando muita maturidade, muita tranquilidade, maior ainda que as galerias estrangeiras. Elas têm maior agilidade e embora estejam preparadas para vender menos estão empenhadas em mostrar o que têm de melhor; todas as galerias e artistas estão com trabalhos inéditos, querem lançar livros e colaboraram para trazer clientes de fora. É fácil vender quando o dinheiro está sobrando. Agora a seleção será mais apurada na hora da compra.
Brasileiros - Grandes feiras internacionais contam com espaços para projetos especiais. Faz parte dos planos da SP-Arte incluir espaços como esses?
F.F. - Sim. Mas queremos crescer melhor e é preciso ganhar mais respeito, ficar mais importante e fazer a coisa seriamente. Não gosto de fazer show na feira. "Ah! então vamos fazer tudo: boate, dança, prêmio porque daí vamos chamar mais gente e encher os jornais de novas notícias, né?" Nossos esforços estão concentrados na parte comercial devido à crise: uma grande corporação comprará obras na feira e doará para a Pinacoteca e para o MAM-SP; um banco que achou a iniciativa muito boa e comprará uma obra para um museu e uma para o acervo deles. A bilheteria será revertida para a própria feira, vamos comprar obras. Virão 22 convidados de instituições estrangeiras, gente do MoMA/Nova York, Tate Gallery/Londres e Georges Pompidou/ Paris: os três maiores do mundo; LACMA/Los Angeles, MALI/Lima, MUSAC/Espanha; art advisors e compradores de grandes coleções. Não dá pra fazer tudo agora mas faz parte sim ter uma área institucional.
Brasileiros - A verba da bilheteria formará uma coleção da SP-Arte?
F.F. - Sim, pode ser. Dado o momento achamos justo reverter esse dinheiro em benefício da feira.
Brasileiros - Por que a decisão de cobrar ingressos?
F.F. -A feira é um evento de mercado, não é da natureza desse tipo de evento ser gratuito.Não é o caso de uma bienal, onde o evento faz parte da política cultural. Mas a simples gratuidade não garante que as pessoas vão ao evento, é simples retórica achar que só porque não cobra ingresso as pessoas teriam acesso. Creio que nesse ponto há muita confusão.
Brasileiros - O tão falado boom da arte brasileira no mundo é um fato?
F.F. - Acho que é um fato. Mas ainda a Europa e os EUA olham para o Brasil com um certo exotismo. Tem também a sede pelo novo e pela descoberta de novos talentos; mas os grandes artistas brasileiros que chegaram lá fora com força, como o Oiticica, a Lygia Clark, o Cildo Meirelles, a Mira Schendel, o Waltercio Caldas, não são artistas que têm 20 e poucos anos. Por isso acho que não é uma simples curiosidade pelo novo, acho que é um reconhecimento merecido de um trabalho muito constante e sólido desses artistas. Não acho que seja um devaneio, menos ainda um trabalho de marketing bem elaborado ou uma moda: há uma tradição que justifica essa atenção. Ainda acho que olham pouco, perto do que deveriam olhar. Há 25 outras feiras de arte acontecendo no mundo, num ano de Bienal de Veneza, né? E todos esses profissionais estrangeiros têm interesse em vir para cá? Alguma coisa tem, espero que seja alguma coisa sólida, mas não é a mesma coisa que a arte chinesa que veio no surto econômico onde artistas de 20 a 30 anos valem milhões...
Brasileiros - Na maioria das vezes comprados pelos próprios chineses...
F.F. - Sim, pelos próprios chineses. A arte contemporânea alçou voos internacionais. Devemos pensar muito bem em como posicionar o País como um polo cultural, muito brilhantemente como fez o Fashion Week que transformou São Paulo num polo de moda. Somos mais que o País do futebol, temos tantas outras coisas... e arte, né? Está na hora de nos posicionarmos, chega de trabalhar sozinho, as galerias sozinhas, os artistas sozinhos... É hora de abrir a cabeça e ver que é importante ter obras de artistas brasileiros nos museus lá fora, é preciso parar de olhar isso com desconfiança, não estamos tendo nosso patrimônio cultural evadido, temos de parar de pensar como colônia, fechadinha, precisamos pensar grande. Por não saber se posicionar o Brasil perde grandes oportunidades
Publicado em 05/09/09
Fonte: revista Brasileiros
Wagner Malta Tavares
Com o objetivo de apresentar e promover a interação entre artistas, galeristas, colecionadores e amantes das artes, em geral, foi criada, em 2005, a SP-Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo. O evento cresceu, em grande parte pelo empenho de sua criadora e diretora geral, Fernanda Feitosa. Tanto que, em sua quinta edição, que acontece entre os dias 14 e 17 de maio no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, uma das principais feiras de arte do Hemisfério Sul vai receber a visita de renomados curadores e compradores de arte dos mais importantes museus do mundo, além de contar com a participação de 80 galerias, 12 delas de países como Espanha, Portugal, França, Argentina, Uruguai e Colômbia. Serão três mil obras, entre moderna e contemporânea, expostas em uma área de 7 mil m², quase o dobro do espaço ocupado em seu primeiro ano. Em entrevista à Brasileiros, Fernanda Feitosa traça um perfil do mercado de artes no Brasil e fala da importância de um evento desse porte para os brasileiros.
Brasileiros - Fernanda, o que levou você a montar a SP-Arte/Feira Internacional de Arte de São Paulo?
Fernanda Feitosa - Eu era colecionadora, gosto de arte e frequentava o circuito. Quando morei fora conheci várias feiras e quis trazer para São Paulo essa atmosfera vibrante, profissional. As feiras em geral são de arte contemporânea, mas como o Brasil tem uma forte relação com a arte moderna, achei que a SP-Arte deveria ter as duas.
Queríamos que quando alguém pensasse em arte na América Latina, pensasse em São Paulo: maior cidade do continente com uma das mais importantes bienais do mundo e com uma feira de arte muito forte que conta com as mais importantes galerias da região e de outras partes do mundo.
Brasileiros - Quantas são as galerias estrangeiras?
F.F. - Em cinco anos de feira fomos de uma para 12. Há que se comemorar, porém ainda não chegamos nem perto do que queríamos.
Brasileiros - Como é o colecionismo de arte no Brasil? É um esforço de poucos?
F.F. - A feira também tem o propósito de atrair pro mercado de arte um número maior de pessoas. Considerando o tamanho da nossa população e nossa produção, o número de colecionadores é muito pequeno. Um dos objetivos da feira é aumentar o mercado para São Paulo se transformar num polo de irradiação de arte. Há muitos jovens colecionadores de arte contemporânea e eles são muito sérios, estudam e frequentam o meio de arte.
Brasileiros - O colecionismo ainda é associado a status e ascensão social?
F.F. - Como sou uma entusiasta, acho que não importa o motivo que leva uma pessoa a colecionar arte, e acho até que as artes devem enriquecer quem entra em contato. A pessoa que começa é como que tomada por um vírus, não dá pra ficar imune, não é como o consumismo ou ir a festas, a arte agrega outras coisas. Se ao invés de comprar um carro novo a pessoa passa a colecionar arte, por que motivo for, ela agrega cultura, bom gosto, exclusividade... acaba envolvendo-se mesmo... e aí a arte é maior que muitas coisas. Se houver real interesse e seriedade, acabará fazendo boas escolhas e um novo mundo se abrirá. Há muitos trabalhos bons, o mundo não é só o das grandes galerias ou dos superartistas, a base da pirâmide é maior.
Brasileiros - Na primeira edição houve adesão de todas as galerias do Brasil?
F.F. - Não, mas na quarta já estavam todas lá. Foi um processo, não há nenhum ressentimento, as galerias têm suas prioridades, há outras feiras que as galerias querem participar e seus processos e estratégias são diferentes.
Brasileiros - Vocês estavam preparados para as dificuldades do início?
F.F. - Quem abre um negócio tem de estar preparado para tudo: para caminhar devagar, pro sucesso e pro fracasso. Estávamos preparados para conquistar, não é um processo de submissão a nada, é um processo de conquista, fomos conquistando o respeito. Então passou a ser um projeto de todos, é uma responsabilidade incrível, como melhorar uma coisa que está indo muito bem, mas é preciso melhorar sempre. É difícil atrair pessoas para um evento que compete com uma oferta cultural como a de São Paulo.
Brasileiros - O que esperam da feira neste ano de crise?
F.F. -. Crescemos como o Brasil: tudo está crescendo, vamos junto. Agora a crise. As galerias brasileiras estão mostrando muita maturidade, muita tranquilidade, maior ainda que as galerias estrangeiras. Elas têm maior agilidade e embora estejam preparadas para vender menos estão empenhadas em mostrar o que têm de melhor; todas as galerias e artistas estão com trabalhos inéditos, querem lançar livros e colaboraram para trazer clientes de fora. É fácil vender quando o dinheiro está sobrando. Agora a seleção será mais apurada na hora da compra.
Brasileiros - Grandes feiras internacionais contam com espaços para projetos especiais. Faz parte dos planos da SP-Arte incluir espaços como esses?
F.F. - Sim. Mas queremos crescer melhor e é preciso ganhar mais respeito, ficar mais importante e fazer a coisa seriamente. Não gosto de fazer show na feira. "Ah! então vamos fazer tudo: boate, dança, prêmio porque daí vamos chamar mais gente e encher os jornais de novas notícias, né?" Nossos esforços estão concentrados na parte comercial devido à crise: uma grande corporação comprará obras na feira e doará para a Pinacoteca e para o MAM-SP; um banco que achou a iniciativa muito boa e comprará uma obra para um museu e uma para o acervo deles. A bilheteria será revertida para a própria feira, vamos comprar obras. Virão 22 convidados de instituições estrangeiras, gente do MoMA/Nova York, Tate Gallery/Londres e Georges Pompidou/ Paris: os três maiores do mundo; LACMA/Los Angeles, MALI/Lima, MUSAC/Espanha; art advisors e compradores de grandes coleções. Não dá pra fazer tudo agora mas faz parte sim ter uma área institucional.
Brasileiros - A verba da bilheteria formará uma coleção da SP-Arte?
F.F. - Sim, pode ser. Dado o momento achamos justo reverter esse dinheiro em benefício da feira.
Brasileiros - Por que a decisão de cobrar ingressos?
F.F. -A feira é um evento de mercado, não é da natureza desse tipo de evento ser gratuito.Não é o caso de uma bienal, onde o evento faz parte da política cultural. Mas a simples gratuidade não garante que as pessoas vão ao evento, é simples retórica achar que só porque não cobra ingresso as pessoas teriam acesso. Creio que nesse ponto há muita confusão.
Brasileiros - O tão falado boom da arte brasileira no mundo é um fato?
F.F. - Acho que é um fato. Mas ainda a Europa e os EUA olham para o Brasil com um certo exotismo. Tem também a sede pelo novo e pela descoberta de novos talentos; mas os grandes artistas brasileiros que chegaram lá fora com força, como o Oiticica, a Lygia Clark, o Cildo Meirelles, a Mira Schendel, o Waltercio Caldas, não são artistas que têm 20 e poucos anos. Por isso acho que não é uma simples curiosidade pelo novo, acho que é um reconhecimento merecido de um trabalho muito constante e sólido desses artistas. Não acho que seja um devaneio, menos ainda um trabalho de marketing bem elaborado ou uma moda: há uma tradição que justifica essa atenção. Ainda acho que olham pouco, perto do que deveriam olhar. Há 25 outras feiras de arte acontecendo no mundo, num ano de Bienal de Veneza, né? E todos esses profissionais estrangeiros têm interesse em vir para cá? Alguma coisa tem, espero que seja alguma coisa sólida, mas não é a mesma coisa que a arte chinesa que veio no surto econômico onde artistas de 20 a 30 anos valem milhões...
Brasileiros - Na maioria das vezes comprados pelos próprios chineses...
F.F. - Sim, pelos próprios chineses. A arte contemporânea alçou voos internacionais. Devemos pensar muito bem em como posicionar o País como um polo cultural, muito brilhantemente como fez o Fashion Week que transformou São Paulo num polo de moda. Somos mais que o País do futebol, temos tantas outras coisas... e arte, né? Está na hora de nos posicionarmos, chega de trabalhar sozinho, as galerias sozinhas, os artistas sozinhos... É hora de abrir a cabeça e ver que é importante ter obras de artistas brasileiros nos museus lá fora, é preciso parar de olhar isso com desconfiança, não estamos tendo nosso patrimônio cultural evadido, temos de parar de pensar como colônia, fechadinha, precisamos pensar grande. Por não saber se posicionar o Brasil perde grandes oportunidades
Publicado em 05/09/09
Fonte: revista Brasileiros
domingo, 17 de maio de 2009
Mercado de arte para iniciantes
NÃO TENHA PRESSA
Como num namoro, a primeira impressão de uma obra é a que fica. Depois do encantamento inicial, é necessário um processo de reflexão. Pesquisar a trajetória do artista e saber de quais salões ou exposições ele participou são maneiras de avaliar a consistência do trabalho
INFORME-SE
Cursos livres de arte -como os oferecidos por instituições como MAM, Masp, Escola São Paulo, Casa do Saber e Instituto Tomie Ohtake, entre outros- dão uma boa introdução ao tema
VÁ A EXPOSIÇÕES
Criar o hábito de frequentar galerias e museus é uma maneira de acompanhar de perto o que está sendo produzido. Quanto mais referências, melhor
PARTICIPE DE CLUBES
Os clubes de gravura e de fotografia do MAM são uma boa porta de entrada para quem quer começar a comprar, pois os preços são acessíveis e os artistas participantes são selecionados por curadores reconhecidos
VALORIZAÇÃO É UMA APOSTA
Por mais que exista a possibilidade de uma obra valorizar, é bom ter em mente que arte é um investimento a longo prazo e com um grau de risco, principalmente no que diz respeito a artistas jovens, cujos trabalhos ainda estão em formação
Publicado em 17/05/09
Fonte: Revista da Folha
Íntegra da matéria para assinantes da Folha ou UOL
Como num namoro, a primeira impressão de uma obra é a que fica. Depois do encantamento inicial, é necessário um processo de reflexão. Pesquisar a trajetória do artista e saber de quais salões ou exposições ele participou são maneiras de avaliar a consistência do trabalho
INFORME-SE
Cursos livres de arte -como os oferecidos por instituições como MAM, Masp, Escola São Paulo, Casa do Saber e Instituto Tomie Ohtake, entre outros- dão uma boa introdução ao tema
VÁ A EXPOSIÇÕES
Criar o hábito de frequentar galerias e museus é uma maneira de acompanhar de perto o que está sendo produzido. Quanto mais referências, melhor
PARTICIPE DE CLUBES
Os clubes de gravura e de fotografia do MAM são uma boa porta de entrada para quem quer começar a comprar, pois os preços são acessíveis e os artistas participantes são selecionados por curadores reconhecidos
VALORIZAÇÃO É UMA APOSTA
Por mais que exista a possibilidade de uma obra valorizar, é bom ter em mente que arte é um investimento a longo prazo e com um grau de risco, principalmente no que diz respeito a artistas jovens, cujos trabalhos ainda estão em formação
Publicado em 17/05/09
Fonte: Revista da Folha
Íntegra da matéria para assinantes da Folha ou UOL
Arte de comprar
JOVENS COLECIONADORES AQUECEM O MERCADO DE ARTE CONTEMPORÂNEA EM SÃO PAULO NA COMPRA DE OBRAS QUE VÃO DE R$ 500 A R$ 40 MIL
Movimentação no primeiro dia da SP-Arte, no Pavilhão da Bienal
Leticia de Castro
O publicitário German Carmona, 33, não faz questão de ostentar um carrão do ano nem de frequentar lugares da moda. Mas, sempre que seu orçamento permite, compra obras de arte. Há cinco anos, ele acompanha a produção de artistas ligados à temática urbana e já reuniu 40 peças, espalhadas em seu apartamento, na casa de praia e na residência dos pais.
São gravuras, telas e fotografias, a maioria de artistas também jovens, em início de carreira. "Meu prazer é comprar antes de eles estourarem. Acho legal ajudar no começo e ver como eles amadurecem", diz German.
Como ele, o advogado Wilson Pinheiro Jabur está especialmente interessado em novos talentos. "Gosto de investir em pessoas da minha geração." Ele começou a colecionar aos 25 anos e, hoje, aos 33, acumula 80 obras.
German e Wilson fazem parte de um grupo que vem engrossando o caldo do mercado de arte paulistano, impulsionado nos últimos anos pela euforia dos mercados financeiros.
"Existe uma nova geração de colecionadores que não está preocupada só com a decoração da casa, e sim em desenvolver um olhar sobre a produção artística atual, em participar de seu tempo", observa a galerista Luisa Strina, que atua há 35 anos.
A feira SP-Arte -que termina hoje, no Pavilhão da Bienal- também contribui para o crescimento desse nicho de consumidores. Em sua quinta edição, conseguiu dobrar o número de galerias participantes em relação ao primeiro ano (de 40 para 80).
Íntegra para assinantes da Folha ou da UOL
Movimentação no primeiro dia da SP-Arte, no Pavilhão da Bienal
Leticia de Castro
O publicitário German Carmona, 33, não faz questão de ostentar um carrão do ano nem de frequentar lugares da moda. Mas, sempre que seu orçamento permite, compra obras de arte. Há cinco anos, ele acompanha a produção de artistas ligados à temática urbana e já reuniu 40 peças, espalhadas em seu apartamento, na casa de praia e na residência dos pais.
São gravuras, telas e fotografias, a maioria de artistas também jovens, em início de carreira. "Meu prazer é comprar antes de eles estourarem. Acho legal ajudar no começo e ver como eles amadurecem", diz German.
Como ele, o advogado Wilson Pinheiro Jabur está especialmente interessado em novos talentos. "Gosto de investir em pessoas da minha geração." Ele começou a colecionar aos 25 anos e, hoje, aos 33, acumula 80 obras.
German e Wilson fazem parte de um grupo que vem engrossando o caldo do mercado de arte paulistano, impulsionado nos últimos anos pela euforia dos mercados financeiros.
"Existe uma nova geração de colecionadores que não está preocupada só com a decoração da casa, e sim em desenvolver um olhar sobre a produção artística atual, em participar de seu tempo", observa a galerista Luisa Strina, que atua há 35 anos.
A feira SP-Arte -que termina hoje, no Pavilhão da Bienal- também contribui para o crescimento desse nicho de consumidores. Em sua quinta edição, conseguiu dobrar o número de galerias participantes em relação ao primeiro ano (de 40 para 80).
Íntegra para assinantes da Folha ou da UOL
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Fotógrafo brasileiro Gui Mohallem expõe na SP Arte
Maio/2009 | Bravo! Indica
Ensaio para a Loucura
Fotógrafo brasileiro Gui Mohallem expõe na SP Arte seu trabalho de pesquisa da loucura de si e do outro, feita com pinhole digital
Laila Abou Mahmoud
"Me perturba, me desafia conhecer o universo do outro". Foi topando esse desafio que o fotógrafo brasileiro Gui Mohallem iniciou seu processo de pesquisa e fotografia de Ensaio para a Loucura, conjunto exposto até esse domingo, 17/5, das 12h às 20h na SP-Arte, no stand da Galeria de Babel (stand 50), no Pavilhão da Bienal, em São Paulo.
O processo é curioso e corajoso. Consiste no fotógrafo encontrar o entrevistado em algum local escolhido por ele de acordo com sua memória afetiva e, juntos, se submeterem a sessões de conversas e confissões que podem durar horas. Durante essa troca, ambos descobrem medos, traumas, pontos em comum e o fotógrafo, particularmente, avança na sua investigação e descoberta de recônditos mentais e geográficos que sequer imaginava - parte das fotos foram tiradas fora do país.
São desses pontos em comum que Gui tira o material para fotografá-los, já num segundo ou terceiro encontro (os dois juntos é quem escolhem o momento para fazê-la). A foto é feita com pinhole digital, técnica parecida àquele furinho na latinha que o ex-professor de fotografia para jovens utilizava para lhes explicar a arte da luz e de imprimi-la num papel fotográfico. Só que, dessa vez, a técnica é feita no corpo de sua câmera digital.
O resultado são imagens que imprimem no papel a máxima de que tudo se transforma e a efemeridade do tempo de uma maneira provocadora. Para isso, remodelam rostos e silhuetas (confira todas as fotos no site do artista). Comparadas muitas vezes às distorções das figuras do anglo-irlandês Francis Bacon, às quais podem remeter num olhar superficial, os retratos desconstruídos não existem sozinhos. Eles compõem um conjunto de materiais que privilegia a interação com quem as aprecia, dialogando com as narrativas dos fotografados.
Quem for visitar as fotos expostas no Pavilhão da Bienal, poderá não só ler os trechos mais significativos dos depoimentos que foram matéria-prima para a materialização pela câmera - sem lente - do fotógrafo, como imprimi-los em seu próprio corpo, numa comunhão semelhante à que fotógrafo e fotografado experimentam durante a preparação da obra (como mostra a foto acima).
As primeiras fotografias foram feitas ainda quando Mohallem estava no exterior e foram expostas pela primeira vez numa individual em Nova Iorque em outubro do ano passado.
O projeto é aberto e quem quiser topar a empreitada de desbravar e revelar imagens improváveis de si pode contatar o fotógrafo por meio de seu site e se inscrever. Encarar a loucura, de si e do outro, mais que terápico, aqui se propõe a ser arte.
Publicado em 05/09
Fonte: Bravo Online
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Feira de arte traz mais de 3 mil obras ao Ibirapuera
A 5ª edição da SP Arte estreia hoje no Pavilhão da Bienal com uma ‘overdose’ de trabalho
Começa hoje, no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, a 5ª edição da SP Arte -Feira Internacional de Arte de São Paulo. Nela, estarão reunidas as mais importantes galerias nacionais e internacionais, com mais de 3 mil obras em exposição. Com destaque para obras de Di Cavalcanti, Cícero Dias, Botero, Vik Muniz, Beatriz Milhazes e muitos artistas novos.
Em um espaço de 7 mil m², estarão participando 80 galerias - 10 são representantes de países como França, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Colômbia. A feira tem sua exposição ocupada por 75% de arte contemporânea e 25% de arte moderna.
Já as novas galerias (e os jovens artistas) estarão em um espaço específico, no mezanino do Pavilhão, batizado de Arte Nova. Por lá, oito galerias descoladas, como as paulistas Polinésia, Emma Thomas, D-Concept, Mezanino e Galeria Pontes; a carioca Amarelonegro; a mineira RHYS Mendes e Mariana Moura, do Recife.
O curioso é que, embora a feira seja voltada ao público com grande poder aquisitivo e possibilidade de compra de obras caras, também será possível encontrar peças (de jovens artistas, é claro) no valor de R$ 400 - que para o mercado de obras de arte é muito barato. No ano passado, a feira movimentou cerca de R$ 15 milhões em vendas.
Assim como no ano passado, a feira terá um programa de aquisições de obras de arte para instituições . Normalmente, bancos, shoppings e outros grandes patrocinadores participam desta ação, comprando quadros para o MAM a Pinacoteca do Estado e outros.
Além das exposições, o interessado vai encontrar na feira uma série de lançamentos de livros de arte, nos estandes das editoras Cosac Naify e Bei. Uma boa oportunidade para quem pretende se inteirar no mundo das galerias.
Publicado em 14/5/09
Fonte: Jornal da Tarde
Começa hoje, no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, a 5ª edição da SP Arte -Feira Internacional de Arte de São Paulo. Nela, estarão reunidas as mais importantes galerias nacionais e internacionais, com mais de 3 mil obras em exposição. Com destaque para obras de Di Cavalcanti, Cícero Dias, Botero, Vik Muniz, Beatriz Milhazes e muitos artistas novos.
Em um espaço de 7 mil m², estarão participando 80 galerias - 10 são representantes de países como França, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Colômbia. A feira tem sua exposição ocupada por 75% de arte contemporânea e 25% de arte moderna.
Já as novas galerias (e os jovens artistas) estarão em um espaço específico, no mezanino do Pavilhão, batizado de Arte Nova. Por lá, oito galerias descoladas, como as paulistas Polinésia, Emma Thomas, D-Concept, Mezanino e Galeria Pontes; a carioca Amarelonegro; a mineira RHYS Mendes e Mariana Moura, do Recife.
O curioso é que, embora a feira seja voltada ao público com grande poder aquisitivo e possibilidade de compra de obras caras, também será possível encontrar peças (de jovens artistas, é claro) no valor de R$ 400 - que para o mercado de obras de arte é muito barato. No ano passado, a feira movimentou cerca de R$ 15 milhões em vendas.
Assim como no ano passado, a feira terá um programa de aquisições de obras de arte para instituições . Normalmente, bancos, shoppings e outros grandes patrocinadores participam desta ação, comprando quadros para o MAM a Pinacoteca do Estado e outros.
Além das exposições, o interessado vai encontrar na feira uma série de lançamentos de livros de arte, nos estandes das editoras Cosac Naify e Bei. Uma boa oportunidade para quem pretende se inteirar no mundo das galerias.
Publicado em 14/5/09
Fonte: Jornal da Tarde
quarta-feira, 13 de maio de 2009
SP Arte ocupa a Bienal com obras de 80 galerias
Camila Molina
São Paulo - A 5ª SP Arte - Feira Internacional de Arte Contemporânea, será inaugurada hoje para convidados e amanhã para o público no prédio da Bienal, apresentando mais de 2 mil obras nos estandes de 80 galerias participantes, nacionais e estrangeiras (da Argentina, Colômbia, Espanha, França, Portugal e Uruguai). “A feira começou com a participação de 40 galerias e ela vem crescendo a cada edição. O Brasil está sendo percebido, neste momento, como local que a crise tem impacto desacelerado”, diz Fernanda Feitosa, idealizadora e diretora-geral da SP Arte. Mas nesta edição da feira, que tem como novidade a área Arte Nova, dedicada a galerias de pequeno porte, com obras de muitos jovens artistas, há peças com valores a partir de R$ 400, revelando que um caráter mais acessível.
No ano passado, segundo Fernanda, a feira movimentou cerca de R$ 15 milhões em vendas e apenas R$ 54 mil em bilheteria e venda de catálogos, mas o evento se torna, na verdade, um local mais de negociações. “Claro que os galeristas têm consciência da possibilidade de vender menos”, diz a diretora. Esta edição, como na anterior, também terá o programa de aquisição de obras para instituições, desta vez, para a Pinacoteca do Estado e para o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio. O Shopping Iguatemi entrará com 90% do valor das obras selecionadas pelas instituições e elas, com o restante do dinheiro. O Banco Espírito Santo também vai comprar um trabalho para a Pinacoteca e outro para sua coleção particular e a SP Arte/2009 vai dar uma obra para o MAM de São Paulo.
A feira brasileira tem seu perfil centrado em cerca de 75% de arte contemporânea e 25%, em arte moderna. Além da exposição, a SP Arte abrigará uma série de lançamentos de livros nas galerias e nos espaços das editoras Cosac Naify e Bei e promoverá palestras com curadores no auditório do MAM: amanhã, às 16h30, A França e Um Novo Olhar para o Brasil, com Emma Lavigne e Joel Girard do Centre Georges Pompidou de Paris; às 17h30h, O Que Leva Uma Coleção Particular a Adquirir Características Públicas?, com Rodrigo Moura, do Inhotim Centro de Arte Contemporânea, e Mireya Escalante, da Coleção Coppel (México); e na sexta-feira, às 16h30, Arte Contemporânea - Explosão e Correção no Mercado de Arte da China, com a chinesa Sarina Tang. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Agência Estado
São Paulo - A 5ª SP Arte - Feira Internacional de Arte Contemporânea, será inaugurada hoje para convidados e amanhã para o público no prédio da Bienal, apresentando mais de 2 mil obras nos estandes de 80 galerias participantes, nacionais e estrangeiras (da Argentina, Colômbia, Espanha, França, Portugal e Uruguai). “A feira começou com a participação de 40 galerias e ela vem crescendo a cada edição. O Brasil está sendo percebido, neste momento, como local que a crise tem impacto desacelerado”, diz Fernanda Feitosa, idealizadora e diretora-geral da SP Arte. Mas nesta edição da feira, que tem como novidade a área Arte Nova, dedicada a galerias de pequeno porte, com obras de muitos jovens artistas, há peças com valores a partir de R$ 400, revelando que um caráter mais acessível.
No ano passado, segundo Fernanda, a feira movimentou cerca de R$ 15 milhões em vendas e apenas R$ 54 mil em bilheteria e venda de catálogos, mas o evento se torna, na verdade, um local mais de negociações. “Claro que os galeristas têm consciência da possibilidade de vender menos”, diz a diretora. Esta edição, como na anterior, também terá o programa de aquisição de obras para instituições, desta vez, para a Pinacoteca do Estado e para o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio. O Shopping Iguatemi entrará com 90% do valor das obras selecionadas pelas instituições e elas, com o restante do dinheiro. O Banco Espírito Santo também vai comprar um trabalho para a Pinacoteca e outro para sua coleção particular e a SP Arte/2009 vai dar uma obra para o MAM de São Paulo.
A feira brasileira tem seu perfil centrado em cerca de 75% de arte contemporânea e 25%, em arte moderna. Além da exposição, a SP Arte abrigará uma série de lançamentos de livros nas galerias e nos espaços das editoras Cosac Naify e Bei e promoverá palestras com curadores no auditório do MAM: amanhã, às 16h30, A França e Um Novo Olhar para o Brasil, com Emma Lavigne e Joel Girard do Centre Georges Pompidou de Paris; às 17h30h, O Que Leva Uma Coleção Particular a Adquirir Características Públicas?, com Rodrigo Moura, do Inhotim Centro de Arte Contemporânea, e Mireya Escalante, da Coleção Coppel (México); e na sexta-feira, às 16h30, Arte Contemporânea - Explosão e Correção no Mercado de Arte da China, com a chinesa Sarina Tang. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Agência Estado
Mesmo com crise, SP Arte chega maior à 5ª edição
FABIO CYPRIANO
Acompanhando o surto na ascensão dos preços na arte contemporânea pré-colapso financeiro, a feira SP Arte, que é inaugurada nesta quarta-feira à noite para convidados, dobrou de tamanho em seus cinco anos de existência: de 40 galerias chegou agora a 80.
E a crise? "Nós surgimos numa fase de crescimento do mercado e nadamos de braçada, mas a situação hoje não é difícil, pois a crise está chegando aqui menos acelerada do que na Europa e o cenário que temos hoje é o que estávamos acostumados, antes é que era uma exceção", diz Fernanda Feitosa, 42, diretora geral do evento.
No entanto, assim como no cenário internacional, Feitosa acredita que existe uma nova postura no circuito das artes: "Quando há excesso de dinheiro, as pessoas são menos seletivas, mas agora as compras são mais conscientes, a qualidade irá ter mais importância e as galerias sabem disso."
Como exemplo, a diretora aponta para o estande da galeria mineira Celma Albuquerque. "Olha lá, em vez de encher o espaço com pequenos trabalhos, eles apresentam apenas uma instalação do José Bento, o que é uma aposta bacana", diz Feitosa. A instalação é composta pela série "Viagem de Balão", com nove fotografias, o vídeo "Verdades e Mentiras" e a escultura "Ócio".
Outro destaque da feira é um "Bicho", de Lygia Clark, realizado em 1984 e que, segundo Luiz de Paula Séve, da Galeria de Arte Ipanema, que comercializa a obra, é o maior já feito pela artista e tem seu preço em torno de US$ 1 milhão. Nesse ano, contudo, com um espaço para jovens galerias, como Polinésia, Emma Thomas e Mezanino, há maior variedade de preços.
Assim como no ano passado, esta edição da SP Arte também irá patrocinar a compra de algumas peças na feira para instituições brasileiras.
Publicado em 13/5/09
Íntegra: Folha de S.Paulo
Acompanhando o surto na ascensão dos preços na arte contemporânea pré-colapso financeiro, a feira SP Arte, que é inaugurada nesta quarta-feira à noite para convidados, dobrou de tamanho em seus cinco anos de existência: de 40 galerias chegou agora a 80.
E a crise? "Nós surgimos numa fase de crescimento do mercado e nadamos de braçada, mas a situação hoje não é difícil, pois a crise está chegando aqui menos acelerada do que na Europa e o cenário que temos hoje é o que estávamos acostumados, antes é que era uma exceção", diz Fernanda Feitosa, 42, diretora geral do evento.
No entanto, assim como no cenário internacional, Feitosa acredita que existe uma nova postura no circuito das artes: "Quando há excesso de dinheiro, as pessoas são menos seletivas, mas agora as compras são mais conscientes, a qualidade irá ter mais importância e as galerias sabem disso."
Como exemplo, a diretora aponta para o estande da galeria mineira Celma Albuquerque. "Olha lá, em vez de encher o espaço com pequenos trabalhos, eles apresentam apenas uma instalação do José Bento, o que é uma aposta bacana", diz Feitosa. A instalação é composta pela série "Viagem de Balão", com nove fotografias, o vídeo "Verdades e Mentiras" e a escultura "Ócio".
Outro destaque da feira é um "Bicho", de Lygia Clark, realizado em 1984 e que, segundo Luiz de Paula Séve, da Galeria de Arte Ipanema, que comercializa a obra, é o maior já feito pela artista e tem seu preço em torno de US$ 1 milhão. Nesse ano, contudo, com um espaço para jovens galerias, como Polinésia, Emma Thomas e Mezanino, há maior variedade de preços.
Assim como no ano passado, esta edição da SP Arte também irá patrocinar a compra de algumas peças na feira para instituições brasileiras.
Publicado em 13/5/09
Íntegra: Folha de S.Paulo
Camille de Bayser e Rose Bürki: Presença cativa da França na SP Arte
Paula Alzugaray
Atualmente, três artistas brasileiras expõem na galeria da Cité Internationale des Arts, em Paris. Por trás da exposição coletiva que reúne Silvia Mecozzi, Amália Giacomini e Iracema Barbosa, há duas jovens galeristas francesas. Camille de Bayser e Rose Bürki representam nove artistas franceses e oito brasileiros em sua Galerie Sycomore Art, em Paris. Com o objetivo de estreitar as relações entre a França e o Brasil, elas participam pelo terceiro ano consecutivo da SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo, que realiza sua quinta edição entre 14 e 17 de maio, no Pavilhão do Ibirapuera, com a participação de 80 galerias, dez delas estrangeiras.
A SP Arte tem dado resultados positivos?
Rose - A SP Arte é um encontro anual muito importante para nós, tanto quanto essas feiras jovens parisienses, Diva e Slick. Para nós, essas feiras são uma estratégia para criar uma visibilidade da galeria, tanto em Paris quanto em São Paulo.
Como começou o interesse pela arte brasileira?
Camille - Desde a abertura da galeria, em 2004, tínhamos a ideia de fazer um elo com o Brasil. No ínicio, tínhamos duas bases: em Paris e em São Paulo, onde morei durante dois anos. Começamos a trabalhar a distância, pesquisando artistas e procurando parceiros. Encontramos a Raquel Arnauld, que começou uma colaboração conosco, nos confiando seus artistas mais jovens. Assim, as coisas se encadearam e começamos a organizar exposições individuais e coletivas de artistas franceses e brasileiros.
Como é o interesse do colecionador brasileiro por arte francesa e vice-versa?
Camille - É um trabalho demorado. Na realidade, existem hoje apenas quatro ou cinco artistas conhecidos tanto lá quanto cá. Nosso objetivo é apresentar os novos, os desconhecidos. Mas o fato é que, na França, o reconhecimento de um artista depende de sua passagem por instituições. Por isso, é preciso estabelecer um elo com as instituições para que os artistas alcancem maior visibilidade. E esse é um trabalho lento. Começamos, por exemplo, apresentando três artistas francesas no Centro Cultural São Paulo, em 2006, e hoje mostramos três brasileiras na Cité des Arts, em Paris.
Publicado em 13/5/09
Fonte: Istoé
Atualmente, três artistas brasileiras expõem na galeria da Cité Internationale des Arts, em Paris. Por trás da exposição coletiva que reúne Silvia Mecozzi, Amália Giacomini e Iracema Barbosa, há duas jovens galeristas francesas. Camille de Bayser e Rose Bürki representam nove artistas franceses e oito brasileiros em sua Galerie Sycomore Art, em Paris. Com o objetivo de estreitar as relações entre a França e o Brasil, elas participam pelo terceiro ano consecutivo da SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo, que realiza sua quinta edição entre 14 e 17 de maio, no Pavilhão do Ibirapuera, com a participação de 80 galerias, dez delas estrangeiras.
A SP Arte tem dado resultados positivos?
Rose - A SP Arte é um encontro anual muito importante para nós, tanto quanto essas feiras jovens parisienses, Diva e Slick. Para nós, essas feiras são uma estratégia para criar uma visibilidade da galeria, tanto em Paris quanto em São Paulo.
Como começou o interesse pela arte brasileira?
Camille - Desde a abertura da galeria, em 2004, tínhamos a ideia de fazer um elo com o Brasil. No ínicio, tínhamos duas bases: em Paris e em São Paulo, onde morei durante dois anos. Começamos a trabalhar a distância, pesquisando artistas e procurando parceiros. Encontramos a Raquel Arnauld, que começou uma colaboração conosco, nos confiando seus artistas mais jovens. Assim, as coisas se encadearam e começamos a organizar exposições individuais e coletivas de artistas franceses e brasileiros.
Como é o interesse do colecionador brasileiro por arte francesa e vice-versa?
Camille - É um trabalho demorado. Na realidade, existem hoje apenas quatro ou cinco artistas conhecidos tanto lá quanto cá. Nosso objetivo é apresentar os novos, os desconhecidos. Mas o fato é que, na França, o reconhecimento de um artista depende de sua passagem por instituições. Por isso, é preciso estabelecer um elo com as instituições para que os artistas alcancem maior visibilidade. E esse é um trabalho lento. Começamos, por exemplo, apresentando três artistas francesas no Centro Cultural São Paulo, em 2006, e hoje mostramos três brasileiras na Cité des Arts, em Paris.
Publicado em 13/5/09
Fonte: Istoé
Doações e aquisições feitas durante a quinta edição da SP-Arte
A SP-Arte, o grupo Iguatemi e o Banco Espírito Santo investiram no fomento à arte, comprando e doando obras a instituições brasileiras. A saber:
Carlos Jereissati Filho adquiriu e doou, em nome do Iguatemi, cinco obras para dois museus (ano passado foram duas obras para dois museus):
-Para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, obra de Marcius Galan , da Galeria Luisa Strina; Marilá Dardot, da Galeria Vermelho; João Modé, de A Gentil Carioca; e fotos de Pedro Martinelli, da Galeria de Babel;
- Para o MAM Rio de Janeiro, óleo de Eduardo Berliner, da Casa Triângulo.
Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte, adquiriu, junto com o Núcleo Contemporâneo do MAM, obra de Mira Schendel, da Galeria Athena, que foi doada para o MAM São Paulo. No ano passado, adquiriu obra de Nina Moraes, doada para a Pinacoteca.
O Banco Espírito Santo comprou cinco obras, três para doação à Pinacoteca do Estado de São Paulo e duas para acervo próprio. Foram doadas à instituição de arte uma colagem de Felipe Cohen, da Galeria Marília Razuk; outra de Chiara Banfi, da Galeria Vermelho; e uma tela de Rodolpho Parigi, da Nara Roesler. Para seu acervo, o BES adquiriu um Caetano de Almeida, da Luisa Strina e uma série de quatro fotos de Giancarlo Neri e Marcos Chaves, da Galeria Progetti.
As instituições que receberam as obras – MAM São Paulo, MAM Rio de Janeiro e Pinacoteca do Estado de São Paulo - também contribuíram com R$ 10 mil, cada uma, para a compra das mesmas.
Carlos Jereissati Filho adquiriu e doou, em nome do Iguatemi, cinco obras para dois museus (ano passado foram duas obras para dois museus):
-Para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, obra de Marcius Galan , da Galeria Luisa Strina; Marilá Dardot, da Galeria Vermelho; João Modé, de A Gentil Carioca; e fotos de Pedro Martinelli, da Galeria de Babel;
- Para o MAM Rio de Janeiro, óleo de Eduardo Berliner, da Casa Triângulo.
Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte, adquiriu, junto com o Núcleo Contemporâneo do MAM, obra de Mira Schendel, da Galeria Athena, que foi doada para o MAM São Paulo. No ano passado, adquiriu obra de Nina Moraes, doada para a Pinacoteca.
O Banco Espírito Santo comprou cinco obras, três para doação à Pinacoteca do Estado de São Paulo e duas para acervo próprio. Foram doadas à instituição de arte uma colagem de Felipe Cohen, da Galeria Marília Razuk; outra de Chiara Banfi, da Galeria Vermelho; e uma tela de Rodolpho Parigi, da Nara Roesler. Para seu acervo, o BES adquiriu um Caetano de Almeida, da Luisa Strina e uma série de quatro fotos de Giancarlo Neri e Marcos Chaves, da Galeria Progetti.
As instituições que receberam as obras – MAM São Paulo, MAM Rio de Janeiro e Pinacoteca do Estado de São Paulo - também contribuíram com R$ 10 mil, cada uma, para a compra das mesmas.
Sofisticada a Feira de Arte. Do blog Davis Lisboa Artblog
Sofisticada a Feira de Arte - a SP Arte 2009 (5 edição) na Bienal , no Parque do Ibirapuera. Qualquer visitante de Nova York, Londres, Tokyo, Barcelona, Milão ficaria bem impressionado
Esqueça aquela idéia de feira de arte com cavaletes de madeira e pinturas de paisagens e naturezas mortas de artistas acadêmicos meio velhuscos tentando seduzir os visitantes. A feira que termina esta semana no Ibirapuera é uma mostra arrojada , do que há de ponta no comércio de arte no Brasil, com as galerias mais importantes tentando brigar por uma fatia da renda dos endinheirados. Ivan Serpa, Lygia Clark, Beatriz Milhazes, Antônio Dias, Iberê Camargo, Thomaz Farkas, Maria Leontina, Milton da Costa, Rodrigo de Castro, Paulo Pasta, Daniel Costa, Flávio de Carvalho, Vik Muniz são apenas alguns dos nomes de peso dos artistas de galerias como Casa Triângulo, Dan Galeria, Arte 57, Almacen (RJ), a nova Choque Cultural da filha do Aldemir Martins, Mariana, a célebre Jean Boghici (RJ), DConcept (SP), Anita Schwartz, Amparo 60 (Pernambuco), Fortes Villaça, Instituto Moreira Salles, etc. ... Além dos grandes nomes já consagrados há décadas nas artes visuais brasileiras, como Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari, Cícero Dias, Tomie Ohtake, Antônio Henrique Amaral, Cláudio Tozzi, etc.. etc....
Filas enormes se formaram a tarde toda nos quatro dias da mostra, um público disposto a pagar 25 reais para ver o que as galerias acreditam que o público quer comprar. O quadro mais valioso que eu vi sendo negociado foi uma tela de porte médio da Tarsila , na galeria Almeida & Dale, com o preço de R$ 2 milhões. Não sei se o negócio acabou saindo, mas até o ponto que eu presenciei, o interessado queria saber se havia “negócio” nesse valor, ou seja, de quanto seria o desconto. Ao que o dono da galeria, obviamente interessadíssimo respondeu “Evidente que sim”. Uma tela medindo 1 metro por 1 metro da Tomie, uma imagem belíssima, que deu origem, inclusive, a uma tiragem de serigrafia no início dos anos 80 estava cotada, por R$ 250 mil. Os Volpis pequenos medindo algo com 25x40 estavam cotados a R$ 90 mil ,trabalhos que era de se imaginar mais caros. Uma tela das melhores do Antônio Dias, dos anos 70, R$ 300 mil . Uma tela grande, um geométrico vermelho, na linha do Eduardo Sued, do garoto já badalado, Rodrigo de Castro, R$ 28.400,00. Uma foto do Thomaz Farkas, reproduzindo o centro de São Paulo, grande, emoldurada, R$ 10.200,00. Chamou atenção um stand com boas amostras da obra do grande baiana Rubem Valentim, morto em 1991 e que fez dos símbolos das religiões afro-brasileiras a grande inspiração para sua obra. Uma tela medindo 30 por 40 do Valentim estava saindo por 8 mil reais, as maiores por R$ 45 mil. Umas obras belíssimas, feitas em madeira pintada de branco, na faixa de 70 mil estavam as duas vendidas. O dinheiro volta para a fundação que leva o nome de Rubem Valentim , na Bahia, ele que não teve filhos e deixou como legado a Fundação.
O que parece é que o mercado de arte brasileiro cada vez tenta chegar mais perto das grandes mostras internacionais, das feiras já badaladas nas capitais européias. Marchands elegantes , que dão pouca prosa para mortais leigos, senhoras finíssimas falando em 100 mil dólares como se fossem 300 reais, laptops macintosh absolutamente clean, colecionadores que sonham se tornar um Gilberto Chateaubriand, compradores manjados já no mercado de arte, preenchedores compulsivos de folhas de cheque, todo esse universo fervilhando dentro do prédio projetado por Oscar Niemeyer, onde em 1951 aconteceu a primeira bienal brasileira.
O mais curioso desse cenário todo é que a única palavra que não se ouvia dentro da Feira é crise. “Crise, que crise, mercado de arte vende o ano inteiro”, dizia um dos expositores. E a menos que não seja verdade, as conhecidas bolinhas vermelhas, indicando “venda” eram bastante comuns em inúmeras obras.
Quando eu estava saindo, um colecionador conhecido e que consta do expediente de instituições poderosas em Sampa , que agora só freqüenta a Fortes Villaça e a Nara Roesler, depois de eu quase cair em cima dele, resolveu me cumprimentar. Eu o fiz lembrar que nos anos 80 ele comprou umas Maria Bonomi conosco e também um Lívio Abramo. Foi engraçado. Ele sempre finge que não me conhece. Fiquei modesto demais para os padrões atuais dele
Esqueci de mencionar entre as galerias participantes a nossa amiga Mônica Filgueiras, figura básica na história do mercado de arte em São Paulo, nos últimos 40 anos, conhece tudo, conhece todos e é conhecida por todos. Eu já tinha mandado o texto ontem á noite, quando nesta manhã , abro a Folha de S. Paulo (tornou-se ou jornal mais importante do país, acabou a primazia da família Mesquita, a família Mesquita foi despejada do topo de influência da mídia impressa brasileira já faz alguns anos) e vejo uma chamada de primeira página sobre a mostra no Ibirapuera. Tem a chamada na primeira página e a matéria na revista da Folha é curiosa. Fica naquela coisa de ser absolutamente fiel à pauta , então se a pauta é para falar apenas de colecionadores jovens, vamos falar só de colecionadores jovens. Quem termina de ler a matéria pode achar que a condição para ser colecionador hoje em Sampa é ter menos de 40 anos. A mídia ficou insistindo muito nessa tecla de que a feira era para iniciantes, mas , convenhamos iniciante não vai ao Ibirapuera desembolsar 2 milhões de reais por uma "Fazenda" da Tarsila. Principiante não vai comprar uma tela do argentino Leon Ferrari por 200 mil dólares ou uma pintura do Antônio Dias por 300 mil reais. Ou ainda um trabalho do Vik Muniz, como a própria revista Informa, por 140 mil reais , vendida pela Fortes Villaça.
Outro aspecto engraçado do texto é o deslumbramento, são todos jovens descolados, ricos, morando em apartamentos amplos e tem até um advogado que todo dia "trava um diálogo " com as obras de arte. A matéria tem o mérito de chamar atenção para alguns valores novos como Alexandre Orion, Bárbara Wagner, Chiara Banfi, Marcelo Moschetta. Mas deixa de lado alguns nomes de peso entre os novos como Sandra Cinto, Albano Afonso, Rodrigo de Castro, o gaúcho Daniel Acosta (tem um belíssimo trabalho desse gaúcho, um elefante todo trabalhado em pedaços de fórmica) etc. Enfim, o fato é que a Feira deu o que falar e tem várias entrevistados repetindo que a crise está passando longe do mercado de arte. Ano que vem, o público deverá ser ainda maior.
Toda a renda arrecadada com a venda dos ingressos na bilheteria da SP Arte 2009 será inteiramente destinada a três instituições voltadas para as artes plásticas, parte em São Paulo e parte no Rio de Janeiro. Quem está bancando é o empresário Carlos Jereissati, dono do Shopping Iguatemi. Acrescente-se que o mesmo valor arrecadado com a venda dos ingressos será utilizado para a compra e posterior doação de obras para instituições como a Pinacoteca do Estado, o MAM , etc. Várias outras instituições, como o Banco Espírito Santos , por exemplo, estão fazendo doações para Pinacoteca do Estado. Do Shopping Iguatemi, a Pinacoteca já tem como doações asseguradas uma escultura de Marcius Galan, uma série de fotografias de Marilá Dardot e um assemblage de João Modé.
Luiz (Veludo) Amando de Barros
Fonte: blog Davis Lisboa Artblog
Esqueça aquela idéia de feira de arte com cavaletes de madeira e pinturas de paisagens e naturezas mortas de artistas acadêmicos meio velhuscos tentando seduzir os visitantes. A feira que termina esta semana no Ibirapuera é uma mostra arrojada , do que há de ponta no comércio de arte no Brasil, com as galerias mais importantes tentando brigar por uma fatia da renda dos endinheirados. Ivan Serpa, Lygia Clark, Beatriz Milhazes, Antônio Dias, Iberê Camargo, Thomaz Farkas, Maria Leontina, Milton da Costa, Rodrigo de Castro, Paulo Pasta, Daniel Costa, Flávio de Carvalho, Vik Muniz são apenas alguns dos nomes de peso dos artistas de galerias como Casa Triângulo, Dan Galeria, Arte 57, Almacen (RJ), a nova Choque Cultural da filha do Aldemir Martins, Mariana, a célebre Jean Boghici (RJ), DConcept (SP), Anita Schwartz, Amparo 60 (Pernambuco), Fortes Villaça, Instituto Moreira Salles, etc. ... Além dos grandes nomes já consagrados há décadas nas artes visuais brasileiras, como Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari, Cícero Dias, Tomie Ohtake, Antônio Henrique Amaral, Cláudio Tozzi, etc.. etc....
Filas enormes se formaram a tarde toda nos quatro dias da mostra, um público disposto a pagar 25 reais para ver o que as galerias acreditam que o público quer comprar. O quadro mais valioso que eu vi sendo negociado foi uma tela de porte médio da Tarsila , na galeria Almeida & Dale, com o preço de R$ 2 milhões. Não sei se o negócio acabou saindo, mas até o ponto que eu presenciei, o interessado queria saber se havia “negócio” nesse valor, ou seja, de quanto seria o desconto. Ao que o dono da galeria, obviamente interessadíssimo respondeu “Evidente que sim”. Uma tela medindo 1 metro por 1 metro da Tomie, uma imagem belíssima, que deu origem, inclusive, a uma tiragem de serigrafia no início dos anos 80 estava cotada, por R$ 250 mil. Os Volpis pequenos medindo algo com 25x40 estavam cotados a R$ 90 mil ,trabalhos que era de se imaginar mais caros. Uma tela das melhores do Antônio Dias, dos anos 70, R$ 300 mil . Uma tela grande, um geométrico vermelho, na linha do Eduardo Sued, do garoto já badalado, Rodrigo de Castro, R$ 28.400,00. Uma foto do Thomaz Farkas, reproduzindo o centro de São Paulo, grande, emoldurada, R$ 10.200,00. Chamou atenção um stand com boas amostras da obra do grande baiana Rubem Valentim, morto em 1991 e que fez dos símbolos das religiões afro-brasileiras a grande inspiração para sua obra. Uma tela medindo 30 por 40 do Valentim estava saindo por 8 mil reais, as maiores por R$ 45 mil. Umas obras belíssimas, feitas em madeira pintada de branco, na faixa de 70 mil estavam as duas vendidas. O dinheiro volta para a fundação que leva o nome de Rubem Valentim , na Bahia, ele que não teve filhos e deixou como legado a Fundação.
O que parece é que o mercado de arte brasileiro cada vez tenta chegar mais perto das grandes mostras internacionais, das feiras já badaladas nas capitais européias. Marchands elegantes , que dão pouca prosa para mortais leigos, senhoras finíssimas falando em 100 mil dólares como se fossem 300 reais, laptops macintosh absolutamente clean, colecionadores que sonham se tornar um Gilberto Chateaubriand, compradores manjados já no mercado de arte, preenchedores compulsivos de folhas de cheque, todo esse universo fervilhando dentro do prédio projetado por Oscar Niemeyer, onde em 1951 aconteceu a primeira bienal brasileira.
O mais curioso desse cenário todo é que a única palavra que não se ouvia dentro da Feira é crise. “Crise, que crise, mercado de arte vende o ano inteiro”, dizia um dos expositores. E a menos que não seja verdade, as conhecidas bolinhas vermelhas, indicando “venda” eram bastante comuns em inúmeras obras.
Quando eu estava saindo, um colecionador conhecido e que consta do expediente de instituições poderosas em Sampa , que agora só freqüenta a Fortes Villaça e a Nara Roesler, depois de eu quase cair em cima dele, resolveu me cumprimentar. Eu o fiz lembrar que nos anos 80 ele comprou umas Maria Bonomi conosco e também um Lívio Abramo. Foi engraçado. Ele sempre finge que não me conhece. Fiquei modesto demais para os padrões atuais dele
Esqueci de mencionar entre as galerias participantes a nossa amiga Mônica Filgueiras, figura básica na história do mercado de arte em São Paulo, nos últimos 40 anos, conhece tudo, conhece todos e é conhecida por todos. Eu já tinha mandado o texto ontem á noite, quando nesta manhã , abro a Folha de S. Paulo (tornou-se ou jornal mais importante do país, acabou a primazia da família Mesquita, a família Mesquita foi despejada do topo de influência da mídia impressa brasileira já faz alguns anos) e vejo uma chamada de primeira página sobre a mostra no Ibirapuera. Tem a chamada na primeira página e a matéria na revista da Folha é curiosa. Fica naquela coisa de ser absolutamente fiel à pauta , então se a pauta é para falar apenas de colecionadores jovens, vamos falar só de colecionadores jovens. Quem termina de ler a matéria pode achar que a condição para ser colecionador hoje em Sampa é ter menos de 40 anos. A mídia ficou insistindo muito nessa tecla de que a feira era para iniciantes, mas , convenhamos iniciante não vai ao Ibirapuera desembolsar 2 milhões de reais por uma "Fazenda" da Tarsila. Principiante não vai comprar uma tela do argentino Leon Ferrari por 200 mil dólares ou uma pintura do Antônio Dias por 300 mil reais. Ou ainda um trabalho do Vik Muniz, como a própria revista Informa, por 140 mil reais , vendida pela Fortes Villaça.
Outro aspecto engraçado do texto é o deslumbramento, são todos jovens descolados, ricos, morando em apartamentos amplos e tem até um advogado que todo dia "trava um diálogo " com as obras de arte. A matéria tem o mérito de chamar atenção para alguns valores novos como Alexandre Orion, Bárbara Wagner, Chiara Banfi, Marcelo Moschetta. Mas deixa de lado alguns nomes de peso entre os novos como Sandra Cinto, Albano Afonso, Rodrigo de Castro, o gaúcho Daniel Acosta (tem um belíssimo trabalho desse gaúcho, um elefante todo trabalhado em pedaços de fórmica) etc. Enfim, o fato é que a Feira deu o que falar e tem várias entrevistados repetindo que a crise está passando longe do mercado de arte. Ano que vem, o público deverá ser ainda maior.
Toda a renda arrecadada com a venda dos ingressos na bilheteria da SP Arte 2009 será inteiramente destinada a três instituições voltadas para as artes plásticas, parte em São Paulo e parte no Rio de Janeiro. Quem está bancando é o empresário Carlos Jereissati, dono do Shopping Iguatemi. Acrescente-se que o mesmo valor arrecadado com a venda dos ingressos será utilizado para a compra e posterior doação de obras para instituições como a Pinacoteca do Estado, o MAM , etc. Várias outras instituições, como o Banco Espírito Santos , por exemplo, estão fazendo doações para Pinacoteca do Estado. Do Shopping Iguatemi, a Pinacoteca já tem como doações asseguradas uma escultura de Marcius Galan, uma série de fotografias de Marilá Dardot e um assemblage de João Modé.
Luiz (Veludo) Amando de Barros
Fonte: blog Davis Lisboa Artblog
terça-feira, 5 de maio de 2009
Bravo! Indica SP Arte
Obra de Luiz Braga exposta na galeria Leme
SP Arte
Comemorando cinco anos, a SP Arte é hoje a maior e mais importante feira de arte da América Latina. Neste ano, serão 80 galerias do Brasil, França, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Colômbia.
Por Redação
• Confira algumas obras que estão na exposição aqui
Comemorando cinco anos, a SP Arte é hoje a maior e mais importante feira de arte da América Latina. Neste ano, serão 80 galerias do Brasil, França, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Colômbia.
O Pavilhão da Bienal, do Parque do Ibirapuera, recebe a SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo - entre 14 e 17 de maio. A feira, com mais de 3 mil obras, ocorre anualmente. Importantes galerias nacionais e internacionais ocupam mais de 7 mil metros quadrados, quase o dobro do espaço da primeira edição, em 2005.
Preste atenção no espaço Nova Arte, criado nesta edição para as apostas das galerias em jovens artistas, ainda pouco conhecidos. Entre eles estão Gabriel Nehemy, Hugo Houayek, Maria Luciene da Silva e Bruno Vieira.
SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo - De 14 a 17 de maio
Pavilhão da Bienal - Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, São Paulo
Quinta e sexta, das 14h às 22h; sábado e domingo, das 12h às 20h
Informações pelo telefone 11/ 3094-2820 ou pelo site da mostra
R$ 25
Publicado em 05/09
Fonte: Revista Bravo
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Arte de rua e grafite fazem da cidade de São Paulo uma tela em branco
Ana Lúcia Borges
Eles são representados, no Brasil, pela galeria paulistana Fortes Vilaça, que também tem em seu time pesos pesados da arte contemporânea como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Ernesto Neto, Nuno Ramos e Vik Muniz. Depois de já terem exposto em cidades como Nova York e Madri, e pintado um castelo na Escócia, a fachada da londrina Tate Modern, o paredão de uma fábrica em Barcelona, e por aí vai, os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, que assinam seus trabalhos como os gêmeos, invadiram a praia do Rio com a megamostra "Vertigem", que vai até 24 de maio no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). São instalações, telas e - a esta altura você já deve estar sabendo, porque eles andam para lá de badalados - grafite, crème de la crème da obra dos irmãos.
(...)
Galerias com obras feitas com spray, estêncil e tinta látex também vão participar da SP Arte, dos dias 14 a 17 de maio . A vida cultural de São Paulo, que já é intensa, será reforçada com dois megaeventos em maio. Neste fim de semana, a Virada Cultural espalhará shows musicais pela cidade durante 24 horas. E, entre os dias 14 e 17, cerca de 80 galerias participarão da quinta edição da SP Arte, feira internacional que ocupará o Pavilhão da Bienal. O grafite terá um pé lá, claro. Entre as expositoras estarão a Fortes Vilaça (a dos os gêmeos) e a Choque Cultural, que nasceu em 2003, fez ferver a cena da arte de rua e tem no seu rol de criadores nomes badalados como Titi Freak, Speto, Presto e Zezão, que colorem também a metrópole.
Publicado em 30/04/09
Íntegra: O Globo
Eles são representados, no Brasil, pela galeria paulistana Fortes Vilaça, que também tem em seu time pesos pesados da arte contemporânea como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Ernesto Neto, Nuno Ramos e Vik Muniz. Depois de já terem exposto em cidades como Nova York e Madri, e pintado um castelo na Escócia, a fachada da londrina Tate Modern, o paredão de uma fábrica em Barcelona, e por aí vai, os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, que assinam seus trabalhos como os gêmeos, invadiram a praia do Rio com a megamostra "Vertigem", que vai até 24 de maio no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). São instalações, telas e - a esta altura você já deve estar sabendo, porque eles andam para lá de badalados - grafite, crème de la crème da obra dos irmãos.
(...)
Galerias com obras feitas com spray, estêncil e tinta látex também vão participar da SP Arte, dos dias 14 a 17 de maio . A vida cultural de São Paulo, que já é intensa, será reforçada com dois megaeventos em maio. Neste fim de semana, a Virada Cultural espalhará shows musicais pela cidade durante 24 horas. E, entre os dias 14 e 17, cerca de 80 galerias participarão da quinta edição da SP Arte, feira internacional que ocupará o Pavilhão da Bienal. O grafite terá um pé lá, claro. Entre as expositoras estarão a Fortes Vilaça (a dos os gêmeos) e a Choque Cultural, que nasceu em 2003, fez ferver a cena da arte de rua e tem no seu rol de criadores nomes badalados como Titi Freak, Speto, Presto e Zezão, que colorem também a metrópole.
Publicado em 30/04/09
Íntegra: O Globo
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