sábado, 6 de junho de 2009

Crianças à sombra em São Paulo

Êxito da exportação brasileira: A quinta feira internacional de arte em São Paulo, a SP-Arte, contou com aproximadamente 15.000 visitantes, 3000 a mais do que no ano anterior.

Nicole Büsing e Heiko Klaas

Não obstante, a feira atrai por causa de seu perfil nítido: 80 galerias - em sua maioria da América do Sul, Espanha, Portugal e França - apresentam a arte moderna e a contemporânea da América Latina. Em nenhum outro lugar, a arte do maior país sul-americano está sendo exibida com tamanha qualidade e abundância. A arte brasileira é apreciada por museus europeus e americanos, os quais pretendem complementar suas coleções, por colecionadores brasileiros abastados e, principalmente, por negociantes de arte prospetivos, que se abastecem para os tempos pós-crise. Assim, Jay Joplin, o galerista célebre de Londres, fez uma visita relâmpago à feira. Patricia Phelps Cisneiros, a colecionadora venezuelana de alto padrão, também foi vista na SP-Arte.

Tanya Barson, a especialista da América Latina do Tate Modern em Londres, concorda que a arte brasileira não precisa se esconder. Ela também fez compras em São Paulo: "Apesar de seu significado central para o desenvolvimento do modernismo internacional, a arte brasileira sempre foi marginalizada pelos museus europeus". Aliás, no Tate Modern, tal significado já havia sido reconhecido antes. Fora do Brasil, o museu dispõe a coleção de arte brasileira mais importante.

Negociantes dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, do Chile e da Argentina se fartaram na galeria Athena, no Rio de Janeiro, com trabalhos de alto padrão do modernismo pós-guerra brasileiro. Em oferta, por exemplo, havia um para-vento de Ivan Serpa, datado de 1952 e pintado com formas construtivistas, pelo valor de US $ 350 000,00. E foram oferecidas monotipias caligráficas delicadas em papel-arroz de Mira Schendel (1919 - 1988) por valores entre 5.400 e 35.500 dólares. Atualmente, os trabalhos de Schendel também podem ser vistos no MoMA em Nova Iorque.

Fernanda Feitosa, a diretora da SP-Arte, atribui o interesse internacional a um acontecimento concreto: em 2008, o leilão de uma pintura de Beatriz Milhazes no Sotheby's, em Nova Iorque, alcançou um valor acima de um milhão de dólares. A quantia superou tudo que já foi pago por uma peça de arte brasileira. Por disso, as colagens de papel da artista foram oferecidas em vários stands. Os preços para um formato grande variavam entre 30.000 e 380.000 dólares. Feitosa também oferece de um prognóstico: "Posso imaginar que, um dia, os preços vão explodir. Até agora, eles são baixos demais para artistas com histórico de obras maduras. Cildo Meireles, por exemplo, deveria ser bem mais caro. Ele tem mais de 60 anos, mas no mercado de arte, seus trabalhos nem chegam perto do reconhecimento merecido".

Publicado em 6/6/09

Fonte: Der Tagespiegel

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