quarta-feira, 5 de maio de 2010

SP Arte, feira paulista de galerias, atinge seu auge após o fim de temores da crise econômica

A profusão de homens de terno e gravata indicava que o negócio era sério. Quando, na última quarta-feira, foi aberta a sexta edição da SP Arte - feira de galerias de arte que terminou no domingo, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo -, dezenas de colecionadores já tinham feito suas compras antecipadamente, revela reportagem de Suzana Velasco, publicada nesta segunda-feira no GLOBO. E, enquanto chegavam as cinco mil pessoas que estiveram na abertura, as obras vendidas eram substituídas por outras ali mesmo, sem muito planejamento - ou eram acompanhadas de adesivos vermelhos e azuis indicando sua venda. Às 20h, duas horas antes do fim da festa, era praticamente impossível ver as obras nos estandes lotados. No dia seguinte, a maior parte dos representantes das 80 galerias da SP Arte era só sorrisos. A opinião geral de galeristas, colecionadores e artistas era de que a feira chegou ao auge, depois de superados os maiores temores da crise econômica.


- O mercado está muito mais profissional - afirma o colecionador Fábio Faisal - As galerias trouxeram o que há de melhor. Isso é um reflexo do amadurecimento do sistema de arte, que não está mais desesperado, não se comporta mais como numa aposta de jóquei.

O que seu viu nos primeiros dias de feira, porém, pode ser comparado a uma corrida de cavalos, pela disputa e pela rapidez dos resultados. Nas primeiras horas de feira, a galeria Nara Roesler, de São Paulo, vendeu uma série de cinco instalações fotográficas de Marcos Chaves, "Oblíquo", por R$ 85 mil cada uma. É um valor altíssimo para um múltiplo, se comparado, por exemplo, com uma pintura de Iberê Camargo, um dos mais importantes artistas do século XX, que foi vendida por R$ 140 mil na galeria Gustavo Rebello. A arte cinética também se mostrou em alta. A Nara Roesler vendeu uma obra do argentino Julio Le Parc por 300 mil, além de um cinético de Abraham Palatinik - que também teve três obras vendidas na galeria Anita Schwartz. Isso tudo na noite de abertura, obrigando os galeristas a repensarem seus estandes, como Silvia Cintra, que vendeu obras de Daniel Senise e Nelson Leirner, a cerca de US$ 40 mil cada uma, e outras mais em conta, como seis pinturas de Antonio Bokel, a R$ 5 mil cada. Márcia Barrozo do Amaral vendeu peças de Franz Weismann e Frans Krajcberg, por entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. E Mercedes Viegas também vendeu obras importantes, como uma escultura de Angelo Venosa, por R$ 50 mil, além de ter reservado duas obras do artista por R$ 35 mil cada. Mas a maior parte dos galeristas prefere silenciar sobre o valor das obras, alguns declaradamente por causa da Receita Federal.

Fonte: O Globo

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