Paulo Portella Filho
Obras não são concebidas para agradar, mas para fomentar o diálogo entre artista e público, aprimorado com a ajuda do educador
Não consigo lembrar-me do nome do autor antigo que, na presença de um
estrangeiro que não tinha aberto a boca em sua companhia, lhe diz: "Fale,
para que eu o veja"; mas com sua licença, parece-me que nos podem
conhecer melhor através do olhar do que pelas nossas palavras.
Addison, Le spectateur ou le Socrate moderne, 1716
É preciso olhar a vida inteira com olhos de criança.
Henri Matisse
O convite para esta ocasião fez-me separar para o leitor as duas referências citadas acima e também desfiar intimamente um sem-número de vivências recolhidas desses mais de trinta anos em que me dedico como artista plástico ao ensino da arte. Especialmente, às atividades de ensino e educação em museus de arte, com todas as tipologias possíveis de público, tendo sempre a obra de arte como referência para os desafios do encontro: como educar o olhar do outro? Como educar o outro para olhar? Como educar-se para olhar junto com o outro?
Evidentemente não é o caso agora de recuperar descritivamente um inventário nas suas múltiplas ocorrências, como um conjunto de anedotas. Quero sim, pelo menos, tangenciar, em essência, alguns aspectos desses distintos contatos com o público que acredito possam ter ainda certa atualidade, e que nos podem auxiliar neste atual contexto.
De perturbadores na origem, esses contatos se constituíram para mim, entretanto, a partir da reflexão continuada, processual, numa das chaves mais interessantes quanto ao que fazer para acolher efetivamente a curiosidade alheia, e a vontade de instrução trazida com ela.
Então, como um jovem artista, recém-saído da universidade, comprometido com as idéias correntes de acessibilidade dos "comuns" à arte, na perspectiva do que chamamos hoje de educação não-formal, e interessado nas possibilidades que o contato com ela pudesse representar em suas vidas, tive minha atenção educada sobretudo pelas experiências vivenciadas com a recepção diária a um sem-número de jovens visitantes agrupados, em atividades complementares às da escola, que, então, não eram tão valorizadas, pelo menos não tão praticadas, como agora.
Invariavelmente, chocante era constatar que os jovens vinham instruídos da escola para registrar em seus cadernos todas as informações que pudessem recolher... das etiquetas postas junto às obras, sem que precisassem olhar para elas - as obras!
Quando chamados à obra, outra embaraçosa surpresa era escutar deles: - "Quanto custa esta pintura?" ou - "Qual a obra mais cara do museu?" como demonstrações de seu interesse pelas qualidades estéticas do objeto examinado. Armadilhas persistentes até hoje, meus colegas de profissão que o digam.
Minha compreensão dessas ocorrências, ou equivalentes a elas, porém, evoluiu. Felizmente.
A irritabilidade pessoal imatura surgida dessas ocasiões foi paulatinamente substituída pela compreensão de que questões ou comportamentos como os citados escondiam, em seu âmago, aspectos da maior importância para as atividades de interpretação pretendidas: eram os índices possíveis, socialmente aceitáveis, de interatividade e "interesse genuíno" pela arte, porém travestidos pela lógica da sociedade do consumo.
A busca do valor da arte enquanto produto de investigação espiritual e material era encaminhada e substituída pela busca de seu preço enquanto mercadoria - e daí o salto para sua relevância. Quanto mais caro, mais importante. Quanto mais alto o preço, mais sentido. Mas para quem?
Evidentemente eram perguntas não respondidas a contento. Como incomodavam...! E provavelmente ainda incomodam a muita gente! E como foram (e ainda são) desprezadas. Quantas chances perdidas (e a perder)!
Por outro lado, a cópia de dados tinha seu equivalente de qualidade atrelada também, e explicitamente, à quantidade. O esperado trabalho intelectual dessas ocasiões era transformado, e o praticado reforçava apenas a idéia do trabalho enquanto operação de força física: escrever, escrever e escrever...
Para muita gente adulta, ainda hoje aquelas questões são senhas para a introdução a esse universo de sofisticações espirituais e materiais das obras de arte. Desconstruir essa lógica (quantidade x qualidade) é, portanto, tarefa do interessado em educar-se para a arte. Desvendar o valor da arte é um trabalho difícil, que solicita dedicação, disposição também para o autoconhecimento, porém não impossível.
Áudio-guia para crianças na exposição do pintor
mineiro Alberto da Veiga Guignard no Masp
As obras, como sabem, não são concebidas pelo artista para que nos agradem especificamente, ou só para que gostemos delas. Elas transcendem essa camisa-de-força, ainda que possam, ou não, nos agradar. Elas são frutos, antes de tudo, de um diálogo profundo que ele, artista, trava consigo e com o contexto em que se situa, e buscam a comunicação de uma verdade pessoal e social. (Cada artista no tempo em sua dimensão de tempo e aí sua dimensão expressiva, dizia Ivan Serpa) Espelham de algum modo esse universo de deslocamentos íntimos e sociais, e testemunham temporal e poeticamente uma presença humana no mundo.
Os mistérios e as evidências dessa ocorrência necessitam de disposição e de disponibilidade do sujeito para seu usufruto. E hoje, como nunca antes, as oportunidades estão em princípio mais disponíveis.
Deve-se destacar que, nas últimas três décadas, a colaboração que os museus (e não só os de arte) por meio de seus setores de educação têm prestado para a formação contínua dos cidadãos tem sido cada vez mais relevante.
As instituições investem (mas não tudo, ainda que devessem) nessa área de educação não-formal, oferecendo múltiplas possibilidades que ajudam o visitante a conhecer e interpretar seus patrimônios materiais e imateriais e a conhecer-se melhor também. Entretanto, não há receitas prontas que preparem o bom olhar.
Os que não tiveram a chance de serem alcançados por um currículo escolar que privilegiasse o estudo da arte como se vê agora, encontram muitas oportunidades disponíveis. E cada vez mais profissionais bem preparados substituem, como deve ser de fato, a prática de iniciantes nesse oficio. Isso se justifica plenamente, pois o primeiro contato com a arte, conduzido inadequadamente, pode sepultar para sempre um relacionamento potencialmente promissor.
E, por falar nisso, quantas vezes você já foi ao Masp para ver ou rever as obras de sua coleção permanente? E à Pinacoteca, ao mac, ao Lasar Segall...? Quantas vezes você se interessou pelas oportunidades ali oferecidas, gratuitamente até, para sua iniciação ou aprofundamento na área?
Paulo Portella é coordenador do Serviço Educativo do Masp
Publicado em 14/05/08
Fonte: Revista Bravo!
quarta-feira, 14 de maio de 2008
SP Arte, zona de transcendência
Antonio Gonçalves Filho
Partilhando o que melhor se produz em arte, 67 galerias mostram mais de 2 mil obras na quarta edição da feira internacional
Nesta quarta edição da SP Arte, que reúne 67 galerias e 2.400 obras de arte, seria lícito perguntar se uma feira como esta, destinada à difusão da arte e promotora do colecionismo, não busca, antes, fornecer uma resposta sobre o lugar da criação artística num país de agudos contrastes sociais. Assim como nossos artistas modernistas resolveram sua crise de identidade elegendo um passado idealizado, ao incorporar conquistas estéticas da vanguarda européia do começo do século 20, o mercado brasileiro atual busca na obra de arte contemporânea um veículo de reconciliação social e geopolítica. Em resumo: a cada edição, atraindo não só galerias de várias regiões brasileiras, mas um número cada vez maior de marchands estrangeiros, dispostos a dialogar com a arte brasileira, a SP Arte aprimora seu papel como veículo de uma reconciliação por meio da arte. Durante a semana de realização da feira, num mesmo território, artistas de diferentes tendências, colecionadores dos mais variados perfis e galeristas de diversas vocações criam uma zona de transcendência dentro do pavilhão da Bienal, partilhando o que de melhor se produz em arte.
Após quatro anos, a idealizadora dessa feira, Fernanda Feitosa, diz, orgulhosa, que, ao facilitar esse acesso a um número cada vez maior de visitantes, a SP Arte ajuda a criar não só um território espacialmente qualificado como um território de identidade para a arte brasileira. Na primeira edição, em 2005, alguns galeristas respondiam ao convite de participação com uma pergunta: Por que participar da feira e de onde viriam, afinal, os novos clientes? Os números se encarregam de fornecer a primeira parte da resposta: foram 6 mil visitantes na primeira, 7 mil na segunda, 9 mil na terceira e, possivelmente, o dobro da feira inaugural nesta quarta edição. Quanto aos novos clientes, as próprias galerias dão uma resposta estimulante: ao expor, por vezes, obras de um mesmo artista representado em mais de um espaço, elas acabam criando para o visitante um museu temporário, capaz de fornecer dados aos colecionadores neófitos que, de outro modo, teriam de gastar horas incontáveis atrás de informações, que a feira acaba fornecendo num curto período de tempo e espaço (pouco mais de 6 mil metros quadrados este ano).
É claro que não seria seguindo um modelo surrado que a feira teria conseguido em quatro edições atrair novos clientes para as galerias e ainda promover artistas emergentes. A organizadora da SP Arte diz que jamais perseguiu o modelo da Arco ou de Basel, simplesmente por não acreditar numa idéia de franquia multinacional da arte em tempos de globalização e decomposição da educação artística. "O perfil que sempre perseguimos foi o do neófito não-familiarizado com o mercado, que tem real interesse em arte, mas fica inibido diante de uma galeria", define Fernanda Feitosa, argumentando que o ambiente descontraído da SP Arte democratiza o acesso do público à arte e desfaz a idéia do artista como demiurgo criador de formas incompreensíveis. Como prova dessa orientação quase pedagógica da feira, sua idealizadora cita as palestras de críticos, historiadores de arte e artistas, programadas em todas as edições, bem como as retrospectivas que, desta em diante, poderão ajudar na tarefa de orientar o olhar do novo colecionador. "Em conjunto como Sesc e a Associação Videobrasil, vamos promover, no Museu de Arte Moderna, uma mostra com os vídeos premiados nos últimos 20 anos do festival", revela, com justificado entusiasmo. Afinal, foi o Videobrasil que trouxe ao País obras de criadores como os videomakers Bill Viola, Gary Hill e o desenhista sul-africano William Kentridge, entre outros.
Ela mesma uma colecionadora que começou há apenas dez anos a comprar obras de arte, reunindo um respeitável acervo de pinturas de Volpi e esculturas de Amilcar de Castro e Ernesto de Fiori, Fernanda Feitosa atribui ao contato com galeristas e amigos a desmistificação da idéia de mercado de arte como uma cultura opressiva que afasta possíveis interessados. É uma falácia, segundo a advogada, que trocou de profissão ao freqüentar a feira de arte contemporânea de Buenos Aires quando morava na Argentina, há oito anos. Animada pelo marchand e amigo Paulo Kuczynski, ela começou a pensar num modelo alternativo brasileiro em 2004 e, no ano seguinte, mesmo sem patrocínio, alugou parte do pavilhão da Bienal para fazer a primeira edição da SP Arte, convidando para um debate (sobre arte, arquitetura e sobrevivência dos museus) o escultor José Resende e o premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, entre outros.
Esse aspecto educacional chamou a atenção da mídia e se fortalece a cada nova edição. A deste ano terá um ciclo de palestras aberto ao público no auditório Lina Bo Bardi, do Museu de Arte Moderna, do qual irão participar nomes como Tanya Barson, curadora internacional da Tate Gallery de Londres, e o especialista em conservação de obras de arte Stephan Schäfer, da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Lisboa. Além deles, virão como convidados diretores de museus latino-americanos como o de Lima, o argentino Macla e europeus (Tate e Pompidou). Jornalistas da Alemanha, Chile, Espanha e Itália irão cobrir a SP Arte, que nesta edição tem sete galerias estrangeiras participantes: a Sur (Uruguai); Mário Sequeira (Portugal); Isabel Aninat e Florencia Loewenthal (Chile); Sycomore Art (França), Jorge Mara-La Ruche e GC Estudio de Arte (Argentina).
Publicado em 14/5/08
Fonte: Revista Bravo! / Revista SP Arte
Partilhando o que melhor se produz em arte, 67 galerias mostram mais de 2 mil obras na quarta edição da feira internacional
Nesta quarta edição da SP Arte, que reúne 67 galerias e 2.400 obras de arte, seria lícito perguntar se uma feira como esta, destinada à difusão da arte e promotora do colecionismo, não busca, antes, fornecer uma resposta sobre o lugar da criação artística num país de agudos contrastes sociais. Assim como nossos artistas modernistas resolveram sua crise de identidade elegendo um passado idealizado, ao incorporar conquistas estéticas da vanguarda européia do começo do século 20, o mercado brasileiro atual busca na obra de arte contemporânea um veículo de reconciliação social e geopolítica. Em resumo: a cada edição, atraindo não só galerias de várias regiões brasileiras, mas um número cada vez maior de marchands estrangeiros, dispostos a dialogar com a arte brasileira, a SP Arte aprimora seu papel como veículo de uma reconciliação por meio da arte. Durante a semana de realização da feira, num mesmo território, artistas de diferentes tendências, colecionadores dos mais variados perfis e galeristas de diversas vocações criam uma zona de transcendência dentro do pavilhão da Bienal, partilhando o que de melhor se produz em arte.
Após quatro anos, a idealizadora dessa feira, Fernanda Feitosa, diz, orgulhosa, que, ao facilitar esse acesso a um número cada vez maior de visitantes, a SP Arte ajuda a criar não só um território espacialmente qualificado como um território de identidade para a arte brasileira. Na primeira edição, em 2005, alguns galeristas respondiam ao convite de participação com uma pergunta: Por que participar da feira e de onde viriam, afinal, os novos clientes? Os números se encarregam de fornecer a primeira parte da resposta: foram 6 mil visitantes na primeira, 7 mil na segunda, 9 mil na terceira e, possivelmente, o dobro da feira inaugural nesta quarta edição. Quanto aos novos clientes, as próprias galerias dão uma resposta estimulante: ao expor, por vezes, obras de um mesmo artista representado em mais de um espaço, elas acabam criando para o visitante um museu temporário, capaz de fornecer dados aos colecionadores neófitos que, de outro modo, teriam de gastar horas incontáveis atrás de informações, que a feira acaba fornecendo num curto período de tempo e espaço (pouco mais de 6 mil metros quadrados este ano).
É claro que não seria seguindo um modelo surrado que a feira teria conseguido em quatro edições atrair novos clientes para as galerias e ainda promover artistas emergentes. A organizadora da SP Arte diz que jamais perseguiu o modelo da Arco ou de Basel, simplesmente por não acreditar numa idéia de franquia multinacional da arte em tempos de globalização e decomposição da educação artística. "O perfil que sempre perseguimos foi o do neófito não-familiarizado com o mercado, que tem real interesse em arte, mas fica inibido diante de uma galeria", define Fernanda Feitosa, argumentando que o ambiente descontraído da SP Arte democratiza o acesso do público à arte e desfaz a idéia do artista como demiurgo criador de formas incompreensíveis. Como prova dessa orientação quase pedagógica da feira, sua idealizadora cita as palestras de críticos, historiadores de arte e artistas, programadas em todas as edições, bem como as retrospectivas que, desta em diante, poderão ajudar na tarefa de orientar o olhar do novo colecionador. "Em conjunto como Sesc e a Associação Videobrasil, vamos promover, no Museu de Arte Moderna, uma mostra com os vídeos premiados nos últimos 20 anos do festival", revela, com justificado entusiasmo. Afinal, foi o Videobrasil que trouxe ao País obras de criadores como os videomakers Bill Viola, Gary Hill e o desenhista sul-africano William Kentridge, entre outros.
Ela mesma uma colecionadora que começou há apenas dez anos a comprar obras de arte, reunindo um respeitável acervo de pinturas de Volpi e esculturas de Amilcar de Castro e Ernesto de Fiori, Fernanda Feitosa atribui ao contato com galeristas e amigos a desmistificação da idéia de mercado de arte como uma cultura opressiva que afasta possíveis interessados. É uma falácia, segundo a advogada, que trocou de profissão ao freqüentar a feira de arte contemporânea de Buenos Aires quando morava na Argentina, há oito anos. Animada pelo marchand e amigo Paulo Kuczynski, ela começou a pensar num modelo alternativo brasileiro em 2004 e, no ano seguinte, mesmo sem patrocínio, alugou parte do pavilhão da Bienal para fazer a primeira edição da SP Arte, convidando para um debate (sobre arte, arquitetura e sobrevivência dos museus) o escultor José Resende e o premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, entre outros.
Esse aspecto educacional chamou a atenção da mídia e se fortalece a cada nova edição. A deste ano terá um ciclo de palestras aberto ao público no auditório Lina Bo Bardi, do Museu de Arte Moderna, do qual irão participar nomes como Tanya Barson, curadora internacional da Tate Gallery de Londres, e o especialista em conservação de obras de arte Stephan Schäfer, da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Lisboa. Além deles, virão como convidados diretores de museus latino-americanos como o de Lima, o argentino Macla e europeus (Tate e Pompidou). Jornalistas da Alemanha, Chile, Espanha e Itália irão cobrir a SP Arte, que nesta edição tem sete galerias estrangeiras participantes: a Sur (Uruguai); Mário Sequeira (Portugal); Isabel Aninat e Florencia Loewenthal (Chile); Sycomore Art (França), Jorge Mara-La Ruche e GC Estudio de Arte (Argentina).
Publicado em 14/5/08
Fonte: Revista Bravo! / Revista SP Arte
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Feiras em baixa, bienais em alta
Silas Martí
A ascensão de eventos como a SP Arte - em contraposição à crise das bienais - altera as relações dos artistas com o mercado, o público e suas próprias obras
Quando o coletivo Chelpa Ferro e o artista Caio Reisewitz apresentaram suas obras no pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza, há três anos, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, estava na cidade, mas faltou ao vernissage por um problema de agenda.
Há dois meses, em Madri, lá estava o ministro ao lado dos reis da Espanha, Juan Carlos e Sofía, para a abertura oficial da Arco, feira de arte que teve o Brasil como convidado de honra e mereceu R$ 2,6 milhões do Ministério da Cultura, 130 vezes o valor investido então em Veneza.
Um "problema de agenda" no mínimo sintomático da ascensão das feiras de arte em detrimento das bienais. Os eventos do mercado ganham prestígio comparável às grandes mostras. E é nesse cenário que a SP Arte, em São Paulo, ganha a quarta edição neste mês.
Dessa decadência das bienais surge um roteiro alternativo para o jet-set das artes visuais, que disputa com as exposições a atenção dos críticos e do público. No lugar de Veneza, São Paulo e Kassel, na Alemanha, onde a cada cinco anos acontece a Documenta, ganham peso na agenda de curadores, galeristas e colecionadores as cidades desse circuito comercial: Madri, Nova York, Basiléia, na Suíça, Londres e Miami. O reino das feiras.
Íntegra: Revista BRAVO!
A ascensão de eventos como a SP Arte - em contraposição à crise das bienais - altera as relações dos artistas com o mercado, o público e suas próprias obras
Quando o coletivo Chelpa Ferro e o artista Caio Reisewitz apresentaram suas obras no pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza, há três anos, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, estava na cidade, mas faltou ao vernissage por um problema de agenda.
Há dois meses, em Madri, lá estava o ministro ao lado dos reis da Espanha, Juan Carlos e Sofía, para a abertura oficial da Arco, feira de arte que teve o Brasil como convidado de honra e mereceu R$ 2,6 milhões do Ministério da Cultura, 130 vezes o valor investido então em Veneza.
Um "problema de agenda" no mínimo sintomático da ascensão das feiras de arte em detrimento das bienais. Os eventos do mercado ganham prestígio comparável às grandes mostras. E é nesse cenário que a SP Arte, em São Paulo, ganha a quarta edição neste mês.
Dessa decadência das bienais surge um roteiro alternativo para o jet-set das artes visuais, que disputa com as exposições a atenção dos críticos e do público. No lugar de Veneza, São Paulo e Kassel, na Alemanha, onde a cada cinco anos acontece a Documenta, ganham peso na agenda de curadores, galeristas e colecionadores as cidades desse circuito comercial: Madri, Nova York, Basiléia, na Suíça, Londres e Miami. O reino das feiras.
Íntegra: Revista BRAVO!
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Arte brasileira está rumo à vanguarda mundial', diz 'Der Spiegel'
Marcelo Crescenti
De Frankfurt para a BBC Brasil
Metaesquema, guache de Oiticica, está em exposição no MoMA de NY
Em sua edição online, a renomada revista alemã Der Spiegel diz que a arte brasileira está conquistando os mercados internacionais.
O artigo afirma que principalmente a arte produzida em São Paulo está sendo descoberta por colecionadores europeus e americanos e cita o sucesso da feira SP Arte como prova desse interesse.
(...)
Milagre paulista
O meio artístico paulistano está passando por uma fase de muita euforia e sucesso, afirma a Spiegel, que chama o fato de "o milagre de São Paulo".
O artigo aponta para o fato de que o número de galerias tem crescido na cidade, e que a feira SP Arte se tornou em poucos anos um evento de peso no cenário artístico nacional com cerca de onze mil visitantes.
Íntegra: BBC Brasil
De Frankfurt para a BBC Brasil
Metaesquema, guache de Oiticica, está em exposição no MoMA de NY
Em sua edição online, a renomada revista alemã Der Spiegel diz que a arte brasileira está conquistando os mercados internacionais.
O artigo afirma que principalmente a arte produzida em São Paulo está sendo descoberta por colecionadores europeus e americanos e cita o sucesso da feira SP Arte como prova desse interesse.
(...)
Milagre paulista
O meio artístico paulistano está passando por uma fase de muita euforia e sucesso, afirma a Spiegel, que chama o fato de "o milagre de São Paulo".
O artigo aponta para o fato de que o número de galerias tem crescido na cidade, e que a feira SP Arte se tornou em poucos anos um evento de peso no cenário artístico nacional com cerca de onze mil visitantes.
Íntegra: BBC Brasil
terça-feira, 29 de abril de 2008
Galeristas fazem o balanço final da SP Arte
Mercado de Arte
Valéria Duarte
Conversamos com diversos galeristas que avaliaram o evento
A SP Arte fechou suas portas. Chegou a hora dos galeristas fazerem uma avaliação da sua participação no evento. Conversamos com diversos deles que nos falaram sobre os negócios realizados, fizeram críticas, elogios e deram sugestões (só não comentaram os valores das vendas...).
Nara Roesler era uma das mais entusiasmadas com o resultado da feira. “Tivemos um aumento de 30% nas vendas em relação ao ano passado” afirma a galerista, que esteve no evento desde sua primeira edição. “Dentre os trabalhos comercializados estão obras de Brígida Baltar, que agora está na coleção da Tate” conta. Demonstrando apoio à SP Arte, Nara afirmou que além de continuar com seu estande na feira no próximo ano, pretende estimular galeristas do exterior a também participarem.
A feira contou com um bom público
Estreante na feira, Luisa Strina, também se diz satisfeita e informa que vendeu uma obra de Marepe para um museu português.
Outra que fez sua estréia este ano foi a Choque Cultural. Questionado sobre o resultado das vendas, Eduardo Saretta, diretor da galeria, apontou para os ‘Azulejos’ de Silvana Mello – “foi a peça mais babada do estande mais ninguém comprou ainda”. Para ele estar na SP Arte foi importante, pois alguns dos freqüentadores da feira não costumam visitar sua galeria.
Para Ana Christina Degens da Galeria Oeste este ano foi melhor do que o ano passado. Ela informa que, dentre outros artistas, vendeu para uma coleção americana obras da dupla Fernanda Figueiredo e Eduardo Mattos. Outras que afirmam ter vendido para coleção dos EUA foram as galerias Berenice Arvani e a Galeria Milan.
Arvani comercializou duas obras de Mira Schendel para uma grande coleção dos EUA,”os trabalhos são muito importantes, da década de 60, óleo sobre tela”. Segundo ela, a feira já faz frente a algumas feiras internacionais, todavia, observou que os colecionadores que passaram pela feira são os mesmos que já costumam freqüentar sua galeria. Apesar de satisfeita, ela faz uma ressalva: “ainda sentimos falta de grandes colecionadores na feira, principalmente os sul-americanos como Cisneiros e Malba que não vem ainda nos prestigiar”.
A opinião de Arvani é compartilhada pela própria diretora da feira, Fernanda Feitosa: “Tivemos colecionadores ingleses e franceses, mas da América do Sul ainda não, a gente não entende muito a razão, não temos explicação para isso, estamos muito próximos da Argentina ,deveríamos estar recebendo a visita de argentinos”. Prossegue dizendo “estamos sempre trabalhando com a estratégia de convidar os colecionadores internacionais, e a cada ano tem vindo mais, mas é claro que estamos fora do eixo”.
Para a próxima edição está otimista: “No ano que vem, com o sucesso deste ano, a gente tem condições de trazer mais colecionadores. Alguns colecionadores americanos compraram através de seus dealers que estavam aqui na feira”.
Fernanda Feitosa deixa claro que dentre as metas da organização da feira, está a de atrair mais feiras do exterior: “gostaria de melhorar a situação das galerias que vem de fora do Brasil, para viabilizar uma maior participação de galerias do exterior. Para ela, a modesta participação de galerias estrangeiras se dá também por problemas políticos e jurídicos: “Temos uma situação de alfândega, tributária e de incerteza de liberação das obras”.
Feitosa aponta algumas soluções: “As obras que vem do exterior para uma feira precisam ter prioridade no tratamento. Não podemos construir uma feira de padrão internacional com essas incertezas. É importante que esta barreira seja eliminada. A tributação também atrapalha, nosso país é um país muito caro para quem vem de fora, a tributação é altíssima e inviabiliza a internacionalização da feira. Temos uma tributação que chega a 45% e, países vizinhos como Argentina e México têm uma alíquota abaixo de 20%”.
Quanto ao número de visitantes, a organizadora acredita que vai mesmo superar a casa dos 10.000. “Os corredores estavam cheios durante todo o dia, o fluxo de pessoas foi excelente” ressalta.
Numa avaliação final da SP Arte, Feitosa se mostra satisfeita: “o balanço final da feira é muito positivo, tivemos uma visitação de um público altamente qualificado, altamente interessado, estamos muito contentes e encerrando o evento com chave de outro” diz.
Outra que avalia positivamente a feira é Eliana Finkelstein da Vermelho. Ela conta que vendeu trabalhos de Marcelo Cidade e Ana Maria Tavares para coleções particulares importantes, mas não revela quais são elas. Destaca que Stuart Evans da Lodevens Collection adquiriu trabalhos de André Komatsu. Ao comparar a SP Arte com outras feiras, ela diz: “acho que a grande diferença é que aqui não temos a visita de muitos curadores de fora. Tivemos dois de Portugal e a Tanya Barson da Tate. Na feira de Miami temos curadores de vários lugares do mundo” finaliza.
Já Raquel Arnauld conta que as vendas foram melhores este ano que no ano passado, “Este ano nosso box era maior, pude trazer mais artistas; vendi 7 gravuras em metal da Elisa Bracher nos dois primeiros dias da feira”.
Eduardo Leme conta que fez bons negócios. Dentre os trabalhos comercializados estão os de JR Duran, Lin Tianmiao, Sandra Gamarra e Felipe Cama; além disso, uma obra de Marcelo Moschetta foi adquirida pelo Iguatemi e doada à Pinacoteca do Estado.
Após todas estas considerações, pode-se dizer, seguramente, que a SP Arte teve um saldo altamente positivo. Para o próximo ano esperamos que o sucesso seja ainda maior, como o comparecimento de mais galerias do exterior, mais colecionadores e curadores; pois um evento como esse contribui muito para o amadurecimento do mercado de arte brasileiro.
Publicado em 29/04/08
Fonte: Portal Onne
Valéria Duarte
Conversamos com diversos galeristas que avaliaram o evento
A SP Arte fechou suas portas. Chegou a hora dos galeristas fazerem uma avaliação da sua participação no evento. Conversamos com diversos deles que nos falaram sobre os negócios realizados, fizeram críticas, elogios e deram sugestões (só não comentaram os valores das vendas...).
Nara Roesler era uma das mais entusiasmadas com o resultado da feira. “Tivemos um aumento de 30% nas vendas em relação ao ano passado” afirma a galerista, que esteve no evento desde sua primeira edição. “Dentre os trabalhos comercializados estão obras de Brígida Baltar, que agora está na coleção da Tate” conta. Demonstrando apoio à SP Arte, Nara afirmou que além de continuar com seu estande na feira no próximo ano, pretende estimular galeristas do exterior a também participarem.
A feira contou com um bom público
Estreante na feira, Luisa Strina, também se diz satisfeita e informa que vendeu uma obra de Marepe para um museu português.
Outra que fez sua estréia este ano foi a Choque Cultural. Questionado sobre o resultado das vendas, Eduardo Saretta, diretor da galeria, apontou para os ‘Azulejos’ de Silvana Mello – “foi a peça mais babada do estande mais ninguém comprou ainda”. Para ele estar na SP Arte foi importante, pois alguns dos freqüentadores da feira não costumam visitar sua galeria.
Para Ana Christina Degens da Galeria Oeste este ano foi melhor do que o ano passado. Ela informa que, dentre outros artistas, vendeu para uma coleção americana obras da dupla Fernanda Figueiredo e Eduardo Mattos. Outras que afirmam ter vendido para coleção dos EUA foram as galerias Berenice Arvani e a Galeria Milan.
Arvani comercializou duas obras de Mira Schendel para uma grande coleção dos EUA,”os trabalhos são muito importantes, da década de 60, óleo sobre tela”. Segundo ela, a feira já faz frente a algumas feiras internacionais, todavia, observou que os colecionadores que passaram pela feira são os mesmos que já costumam freqüentar sua galeria. Apesar de satisfeita, ela faz uma ressalva: “ainda sentimos falta de grandes colecionadores na feira, principalmente os sul-americanos como Cisneiros e Malba que não vem ainda nos prestigiar”.
A opinião de Arvani é compartilhada pela própria diretora da feira, Fernanda Feitosa: “Tivemos colecionadores ingleses e franceses, mas da América do Sul ainda não, a gente não entende muito a razão, não temos explicação para isso, estamos muito próximos da Argentina ,deveríamos estar recebendo a visita de argentinos”. Prossegue dizendo “estamos sempre trabalhando com a estratégia de convidar os colecionadores internacionais, e a cada ano tem vindo mais, mas é claro que estamos fora do eixo”.
Para a próxima edição está otimista: “No ano que vem, com o sucesso deste ano, a gente tem condições de trazer mais colecionadores. Alguns colecionadores americanos compraram através de seus dealers que estavam aqui na feira”.
Fernanda Feitosa deixa claro que dentre as metas da organização da feira, está a de atrair mais feiras do exterior: “gostaria de melhorar a situação das galerias que vem de fora do Brasil, para viabilizar uma maior participação de galerias do exterior. Para ela, a modesta participação de galerias estrangeiras se dá também por problemas políticos e jurídicos: “Temos uma situação de alfândega, tributária e de incerteza de liberação das obras”.
Feitosa aponta algumas soluções: “As obras que vem do exterior para uma feira precisam ter prioridade no tratamento. Não podemos construir uma feira de padrão internacional com essas incertezas. É importante que esta barreira seja eliminada. A tributação também atrapalha, nosso país é um país muito caro para quem vem de fora, a tributação é altíssima e inviabiliza a internacionalização da feira. Temos uma tributação que chega a 45% e, países vizinhos como Argentina e México têm uma alíquota abaixo de 20%”.
Quanto ao número de visitantes, a organizadora acredita que vai mesmo superar a casa dos 10.000. “Os corredores estavam cheios durante todo o dia, o fluxo de pessoas foi excelente” ressalta.
Numa avaliação final da SP Arte, Feitosa se mostra satisfeita: “o balanço final da feira é muito positivo, tivemos uma visitação de um público altamente qualificado, altamente interessado, estamos muito contentes e encerrando o evento com chave de outro” diz.
Outra que avalia positivamente a feira é Eliana Finkelstein da Vermelho. Ela conta que vendeu trabalhos de Marcelo Cidade e Ana Maria Tavares para coleções particulares importantes, mas não revela quais são elas. Destaca que Stuart Evans da Lodevens Collection adquiriu trabalhos de André Komatsu. Ao comparar a SP Arte com outras feiras, ela diz: “acho que a grande diferença é que aqui não temos a visita de muitos curadores de fora. Tivemos dois de Portugal e a Tanya Barson da Tate. Na feira de Miami temos curadores de vários lugares do mundo” finaliza.
Já Raquel Arnauld conta que as vendas foram melhores este ano que no ano passado, “Este ano nosso box era maior, pude trazer mais artistas; vendi 7 gravuras em metal da Elisa Bracher nos dois primeiros dias da feira”.
Eduardo Leme conta que fez bons negócios. Dentre os trabalhos comercializados estão os de JR Duran, Lin Tianmiao, Sandra Gamarra e Felipe Cama; além disso, uma obra de Marcelo Moschetta foi adquirida pelo Iguatemi e doada à Pinacoteca do Estado.
Após todas estas considerações, pode-se dizer, seguramente, que a SP Arte teve um saldo altamente positivo. Para o próximo ano esperamos que o sucesso seja ainda maior, como o comparecimento de mais galerias do exterior, mais colecionadores e curadores; pois um evento como esse contribui muito para o amadurecimento do mercado de arte brasileiro.
Publicado em 29/04/08
Fonte: Portal Onne
sábado, 26 de abril de 2008
Galerias cariocas são destaque na SP Arte
Obras nacionais contemporâneas dominam a mostra
Renata Ramos
São Paulo
Apresentada como um palco privilegiado para os acervos de galerias de todo o Brasil e também de fora do país, a mostra SP Arte acabou, em sua quarta edição (aberta ontem, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera), privilegiando a produção brasileira e os expositores cariocas. Entre os 67 estandes, muitas galerias vindas do Rio, concentrando alguns dos principais nomes da arte moderna e – principalmente – contemporânea nacional.
Exemplo da presença fluminense na mostra é a galeria A Gentil Carioca, com um impactante trabalho de uma de suas donas, Laura Lima. Um enorme quadro chama a atenção pela moldura, destaque da obra. A galeria levou também trabalhos de Carlos Contente e Jarbas Lopes.
– O principal da feira é o aquecimento da arte nacional. Uma peça artística é mais do que um objeto comercial, é um elemento que leva a cultura brasileira. Por isso, a realização desta feira é tão significativa – acredita Marcio Botner, um dos donos d'A Gentil Carioca.
Algumas galerias optaram por dividir um único estande. Foi o que fizeram Mercedes Viegas e Laura Marsiaj. O preço dos espaços no Pavilhão é alto, o que fez com que as galeristas cariocas decidissem levar os artistas que representam para um mesmo espaço.
– O retorno principal é a divulgação do trabalho. Os custos são altos e nem sempre compensam. Dividir o espaço com a Mercedes é ótimo, porque seguimos a mesma linha de trabalho – conta Laura.
Foi o que fizeram também Silvia e Juliana Cintra, donas da Silvia Cintra Galeria de Arte e da Box 4. Mas a união de mãe e filha não levou em conta só o custo. O sucesso de artistas jovens representados pela Box 4 nos anos anteriores provou que poderiam investir num espaço maior englobando ambas as galerias, que são vizinhas em Ipanema.
Para Juliana, o retorno é ótimo e vale a pena o investimento:
– A cada ano escolhemos um espaço maior para poder trazer mais artistas. As vendas compensam o investimento que fazemos.
A feira é uma boa oportunidade para artistas novos. Daniel Murgel participa pela segunda vez. Em 2007, pediu que a galerista que o representa no Rio levasse um trabalho. O desenho foi logo vendido e, a partir daí, começou a fazer parte do time de Mercedes Viegas.
– Andando pelos estandes conheço outras galerias e artistas. O intercâmbio que a feira possibilita é ótimo para o nosso trabalho, que fica conhecido em vários lugares do Brasil e exterior – afirma Murgel.
Outra artista que está testando o potencial de vendas de suas obras é Marta Jourdan, em cartaz no Rio com sua primeira individual. No primeiro dia de feira, já teve seu trabalho Derramados comprado logo após a abertura.
Galerias internacionais, como a chilena Florencia Loewenthal, participam da feira pela primeira vez. Para a galerista, o mercado brasileiro de arte é muito bem visto.
– A imagem da arte brasileira na América Latina é muito forte e a produção do país é a mais importante no momento.
Presença importante na inauguração foi a galerista francesa Denise René, que aceitou o convite da paulista Raquel Arnaud para visitar o país e fazer uma exposição conjunta em São Paulo. Aproveitando a temporada no país, conheceu a SP Arte, tendo como base o estande do Gabinete de Arte Raquel Arnaud, e aprovou a organização do evento.
– Já deveria ter visitado o Brasil, é até uma vergonha só ter vindo agora. Gosto da arte contemporânea daqui, vejo que a produção está muito avançada. Acho que mais artistas brasileiros deveriam expor na França para ter o reconhecimento que merecem – afirma.
Renata Ramos viajou a convite da SP Arte.
Publicado em 26/4/08
Fonte: Jornal do Brasil
Renata Ramos
São Paulo
Apresentada como um palco privilegiado para os acervos de galerias de todo o Brasil e também de fora do país, a mostra SP Arte acabou, em sua quarta edição (aberta ontem, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera), privilegiando a produção brasileira e os expositores cariocas. Entre os 67 estandes, muitas galerias vindas do Rio, concentrando alguns dos principais nomes da arte moderna e – principalmente – contemporânea nacional.
Exemplo da presença fluminense na mostra é a galeria A Gentil Carioca, com um impactante trabalho de uma de suas donas, Laura Lima. Um enorme quadro chama a atenção pela moldura, destaque da obra. A galeria levou também trabalhos de Carlos Contente e Jarbas Lopes.
– O principal da feira é o aquecimento da arte nacional. Uma peça artística é mais do que um objeto comercial, é um elemento que leva a cultura brasileira. Por isso, a realização desta feira é tão significativa – acredita Marcio Botner, um dos donos d'A Gentil Carioca.
Algumas galerias optaram por dividir um único estande. Foi o que fizeram Mercedes Viegas e Laura Marsiaj. O preço dos espaços no Pavilhão é alto, o que fez com que as galeristas cariocas decidissem levar os artistas que representam para um mesmo espaço.
– O retorno principal é a divulgação do trabalho. Os custos são altos e nem sempre compensam. Dividir o espaço com a Mercedes é ótimo, porque seguimos a mesma linha de trabalho – conta Laura.
Foi o que fizeram também Silvia e Juliana Cintra, donas da Silvia Cintra Galeria de Arte e da Box 4. Mas a união de mãe e filha não levou em conta só o custo. O sucesso de artistas jovens representados pela Box 4 nos anos anteriores provou que poderiam investir num espaço maior englobando ambas as galerias, que são vizinhas em Ipanema.
Para Juliana, o retorno é ótimo e vale a pena o investimento:
– A cada ano escolhemos um espaço maior para poder trazer mais artistas. As vendas compensam o investimento que fazemos.
A feira é uma boa oportunidade para artistas novos. Daniel Murgel participa pela segunda vez. Em 2007, pediu que a galerista que o representa no Rio levasse um trabalho. O desenho foi logo vendido e, a partir daí, começou a fazer parte do time de Mercedes Viegas.
– Andando pelos estandes conheço outras galerias e artistas. O intercâmbio que a feira possibilita é ótimo para o nosso trabalho, que fica conhecido em vários lugares do Brasil e exterior – afirma Murgel.
Outra artista que está testando o potencial de vendas de suas obras é Marta Jourdan, em cartaz no Rio com sua primeira individual. No primeiro dia de feira, já teve seu trabalho Derramados comprado logo após a abertura.
Galerias internacionais, como a chilena Florencia Loewenthal, participam da feira pela primeira vez. Para a galerista, o mercado brasileiro de arte é muito bem visto.
– A imagem da arte brasileira na América Latina é muito forte e a produção do país é a mais importante no momento.
Presença importante na inauguração foi a galerista francesa Denise René, que aceitou o convite da paulista Raquel Arnaud para visitar o país e fazer uma exposição conjunta em São Paulo. Aproveitando a temporada no país, conheceu a SP Arte, tendo como base o estande do Gabinete de Arte Raquel Arnaud, e aprovou a organização do evento.
– Já deveria ter visitado o Brasil, é até uma vergonha só ter vindo agora. Gosto da arte contemporânea daqui, vejo que a produção está muito avançada. Acho que mais artistas brasileiros deveriam expor na França para ter o reconhecimento que merecem – afirma.
Renata Ramos viajou a convite da SP Arte.
Publicado em 26/4/08
Fonte: Jornal do Brasil
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Feira de arte terá cerca de 2400 obras
Começa amanhã (24/04/2008) a 4ª edição da SP Arte. A exposição, realizada no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, contará com cerca de 2400 obras de mais de mil artistas.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Uma entrevista com Fernanda Feitosa, a diretora da principal feira de arte do Brasil
A quarta edição da SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo - será aberta, para convidados, nesta quarta-feira (23.07), no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. "Está tudo pronto", contou Fernanda Feitosa, diretora da feira, num papo com RG. "Nesta edição esperamos cerca de 11 mil pessoas. Mas nosso foco não é aumentar números, é realmente inserir cada vez mais pessoas no mercado de arte, inserir o Brasil no circuito internacional e atrair mais colecionadores", defende.
O objetivo, até aqui, tem sido alcançado. "A cada ano crescemos mais. Além dos colecionadores paulistas (grande parte do público da feira), há também um movimento de colecionadores do interior de São Paulo, muitos cariocas, mineiros. E 6% de público internacional", enumera Fernanda. A SP Arte, aliás, acontece entre 24 e 27 de Abril, praticamente o mesmo período (23 a 27 de Abril) de outra importante feira latino-americana, a MACO, no México. Ruim? "Não é ideal, tentamos conversar sobre datas mas elas acabaram coincidindo por uma questão de locação de espaços. Pior aconteceu com a Arte BA, que coincidiu com a Art Basel (a feira de arte mais importante do mundo, com datas em Miami e na Suíça), que acontece em junho", contou Fernanda.
A SP Arte é uma importante vitrine para as galerias de arte brasileiras, mas também atrai galerias de outros países. "Temos 2 do Chile, 2 da Argentina, 1 do Uruguai, 1 da França (uma parceria com o galerista Edu Fernandes) e 1 de Portugal. "Para essas galerias, é interessante vir para cá para abrir mercado para artistas deles, desenvolver um intercâmbio cultural entre exposições e descobrir uns bons artistas daqui para representarem lá fora", explica a diretora.
A arte brasileira tem expressão no cenário internacional, mas os preços ainda não são altos. "O mercado vem trabalhando positivamente há 4 anos, há uma expectativa de que os preços da arte brasileira se valorizem. Há uma curiosidade informada sobre a arte que se faz aqui. Já passamos da fase do exotismo", comenta Fernanda. Ela cita artistas brasileiros que estão em grandes coleções, como Beatriz Milhazes, Tunga, Waltércio Caldas. Será que somos a próxima bola da vez, depois de chineses - e, recentemente, orientais mais exóticos, como os artistas da Indonésia? A SP Arte está estimulando o movimento, agora é esperar pra ver...
RG vai hoje à abertura da feira e te mostra tudo logo mais, fique de olho...
Publicado em 23/04/08
Fonte: Vogue
Para vender e comprar arte: feira SP Arte completa quatro edições
Idealizadora de uma feira voltada à produção moderna e contemporânea, Fernanda Feitosa aproxima público e galerias
Por Gisele Kato
Até 2005, data de estréia da feira SP Arte, era difícil imaginar que galeristas pudessem se juntar em um único evento. Afinal, sempre houve uma rivalidade doentia entre eles. Assim, ninguém se arriscava a propor um encontro nos moldes do organizado em Buenos Aires há dezesseis anos. Ou em Miami desde 2002. Colecionadora de arte, formada em direito e com experiência de trabalho em bancos, a empresária carioca Fernanda Feitosa, radicada em São Paulo desde a infância, resolveu investir na idéia. Vendeu para a Faap duas obras que tinha em casa, uma de José Pancetti e outra de Farnese de Andrade, e conseguiu assim o dinheiro para tirar a idéia do papel.
Nesta semana, entre quinta (24) e domingo (27), a SP Arte completa quatro edições com a participação de 68 galerias – sete internacionais –, cerca de 2 400 obras expostas e um custo de 2 milhões de reais. Segundo os organizadores, os preços devem variar de 2 200 reais a 300 000 dólares. Espécie de madrinha indireta de marchands, artistas e investidores, Fernanda conta que precisou gastar saliva para convencê-los da viabilidade do projeto. Dominados os egos e rompidas as barreiras, hoje as principais galerias do país estão dispostas a se unir de vez em quando em nome de um interesse comum: a compra e a venda de obras. Com a feira, Fernanda construiu uma ponte entre elas e um público que aprecia arte, mas foge do clima às vezes pedante dos ambientes freqüentados por especialistas e iniciados. Distribuídos em estandes pelo Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, os galeristas intimidam menos. E fecham mais negócios. Se em sua primeira edição o evento recebeu cerca de 5 000 visitantes, no ano passado quase 10 000 pessoas cruzaram a bilheteria. "Não temos um número oficial", afirma Fernanda. "Pelos cálculos informais, no entanto, chegamos a mais de 7 milhões de dólares em vendas."
Aos 41 anos, Fernanda tem "umas 200 obras" em casa. Seu artista preferido é Farnese de Andrade, conhecido pelas assemblages, trabalhos que combinam os mais variados materiais, de ex-votos a fotografias de família. Mas sua coleção conta com peças mais convencionais, como telas de Gustavo Rosa e Antonio Henrique Amaral. Igualmente diversificada, a SP Arte 2008 abre as portas com criações para variados gostos e bolsos. Entre as galerias, estão confirmadas as paulistanas Fortes Vilaça, Brito Cimino, Luisa Strina e Vermelho, as cariocas Laura Marsiaj e Tempo e a mineira Celma Albuquerque. Os visitantes verão obras de nomes reconhecidos no mercado, como a festejada – e valorizada – Beatriz Milhazes, Ernesto Neto, Miguel Rio Branco e Marepe. Ao lado de medalhões vendidos a gordas cifras estarão jovens talentos, caso de Mariana Manhães e Marcius Galan. Esses, além de já impressionarem pela maturidade da produção, são uma promessa quase certa de valorização em breve.
O grande desafio da feira atualmente é aumentar seu prestígio entre a crítica. "A visita da curadora internacional da Tate Modern, de Londres, Tanya Barson, significa muito para a gente", diz Fernanda. "Ela está de olho na América Latina." A SP Arte vem ainda com outra novidade. Um de seus patrocinadores, o Shopping Iguatemi, convidou os curadores do MAM e da Pinacoteca do Estado a escolher obras em exibição. No domingo, o shopping irá anunciar a doação de peças para os museus. Um presentão para duas das mais importantes instituições culturais da cidade.
SP Arte – Feira Internacional de Arte de São Paulo. Pavilhão da Bienal, Parque do Ibirapuera, portão 3. Quinta (24) e sexta (25), 14h às 22h; sábado (26) e domingo (27), 12h às 20h. R$ 20,00.www.sp-arte.com
Fonte: Veja São Paulo
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