sábado, 26 de abril de 2008

Galerias cariocas são destaque na SP Arte

Obras nacionais contemporâneas dominam a mostra

Renata Ramos


São Paulo

Apresentada como um palco privilegiado para os acervos de galerias de todo o Brasil e também de fora do país, a mostra SP Arte acabou, em sua quarta edição (aberta ontem, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera), privilegiando a produção brasileira e os expositores cariocas. Entre os 67 estandes, muitas galerias vindas do Rio, concentrando alguns dos principais nomes da arte moderna e – principalmente – contemporânea nacional.

Exemplo da presença fluminense na mostra é a galeria A Gentil Carioca, com um impactante trabalho de uma de suas donas, Laura Lima. Um enorme quadro chama a atenção pela moldura, destaque da obra. A galeria levou também trabalhos de Carlos Contente e Jarbas Lopes.

– O principal da feira é o aquecimento da arte nacional. Uma peça artística é mais do que um objeto comercial, é um elemento que leva a cultura brasileira. Por isso, a realização desta feira é tão significativa – acredita Marcio Botner, um dos donos d'A Gentil Carioca.

Algumas galerias optaram por dividir um único estande. Foi o que fizeram Mercedes Viegas e Laura Marsiaj. O preço dos espaços no Pavilhão é alto, o que fez com que as galeristas cariocas decidissem levar os artistas que representam para um mesmo espaço.

– O retorno principal é a divulgação do trabalho. Os custos são altos e nem sempre compensam. Dividir o espaço com a Mercedes é ótimo, porque seguimos a mesma linha de trabalho – conta Laura.

Foi o que fizeram também Silvia e Juliana Cintra, donas da Silvia Cintra Galeria de Arte e da Box 4. Mas a união de mãe e filha não levou em conta só o custo. O sucesso de artistas jovens representados pela Box 4 nos anos anteriores provou que poderiam investir num espaço maior englobando ambas as galerias, que são vizinhas em Ipanema.

Para Juliana, o retorno é ótimo e vale a pena o investimento:

– A cada ano escolhemos um espaço maior para poder trazer mais artistas. As vendas compensam o investimento que fazemos.

A feira é uma boa oportunidade para artistas novos. Daniel Murgel participa pela segunda vez. Em 2007, pediu que a galerista que o representa no Rio levasse um trabalho. O desenho foi logo vendido e, a partir daí, começou a fazer parte do time de Mercedes Viegas.

– Andando pelos estandes conheço outras galerias e artistas. O intercâmbio que a feira possibilita é ótimo para o nosso trabalho, que fica conhecido em vários lugares do Brasil e exterior – afirma Murgel.

Outra artista que está testando o potencial de vendas de suas obras é Marta Jourdan, em cartaz no Rio com sua primeira individual. No primeiro dia de feira, já teve seu trabalho Derramados comprado logo após a abertura.

Galerias internacionais, como a chilena Florencia Loewenthal, participam da feira pela primeira vez. Para a galerista, o mercado brasileiro de arte é muito bem visto.

– A imagem da arte brasileira na América Latina é muito forte e a produção do país é a mais importante no momento.

Presença importante na inauguração foi a galerista francesa Denise René, que aceitou o convite da paulista Raquel Arnaud para visitar o país e fazer uma exposição conjunta em São Paulo. Aproveitando a temporada no país, conheceu a SP Arte, tendo como base o estande do Gabinete de Arte Raquel Arnaud, e aprovou a organização do evento.

– Já deveria ter visitado o Brasil, é até uma vergonha só ter vindo agora. Gosto da arte contemporânea daqui, vejo que a produção está muito avançada. Acho que mais artistas brasileiros deveriam expor na França para ter o reconhecimento que merecem – afirma.

Renata Ramos viajou a convite da SP Arte.

Publicado em 26/4/08

Fonte: Jornal do Brasil

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