terça-feira, 29 de abril de 2008

Galeristas fazem o balanço final da SP Arte

Mercado de Arte

Valéria Duarte


Conversamos com diversos galeristas que avaliaram o evento

A SP Arte fechou suas portas. Chegou a hora dos galeristas fazerem uma avaliação da sua participação no evento. Conversamos com diversos deles que nos falaram sobre os negócios realizados, fizeram críticas, elogios e deram sugestões (só não comentaram os valores das vendas...).

Nara Roesler era uma das mais entusiasmadas com o resultado da feira. “Tivemos um aumento de 30% nas vendas em relação ao ano passado” afirma a galerista, que esteve no evento desde sua primeira edição. “Dentre os trabalhos comercializados estão obras de Brígida Baltar, que agora está na coleção da Tate” conta. Demonstrando apoio à SP Arte, Nara afirmou que além de continuar com seu estande na feira no próximo ano, pretende estimular galeristas do exterior a também participarem.

















A feira contou com um bom público


Estreante na feira, Luisa Strina, também se diz satisfeita e informa que vendeu uma obra de Marepe para um museu português.

Outra que fez sua estréia este ano foi a Choque Cultural. Questionado sobre o resultado das vendas, Eduardo Saretta, diretor da galeria, apontou para os ‘Azulejos’ de Silvana Mello – “foi a peça mais babada do estande mais ninguém comprou ainda”. Para ele estar na SP Arte foi importante, pois alguns dos freqüentadores da feira não costumam visitar sua galeria.

Para Ana Christina Degens da Galeria Oeste este ano foi melhor do que o ano passado. Ela informa que, dentre outros artistas, vendeu para uma coleção americana obras da dupla Fernanda Figueiredo e Eduardo Mattos. Outras que afirmam ter vendido para coleção dos EUA foram as galerias Berenice Arvani e a Galeria Milan.

Arvani comercializou duas obras de Mira Schendel para uma grande coleção dos EUA,”os trabalhos são muito importantes, da década de 60, óleo sobre tela”. Segundo ela, a feira já faz frente a algumas feiras internacionais, todavia, observou que os colecionadores que passaram pela feira são os mesmos que já costumam freqüentar sua galeria. Apesar de satisfeita, ela faz uma ressalva: “ainda sentimos falta de grandes colecionadores na feira, principalmente os sul-americanos como Cisneiros e Malba que não vem ainda nos prestigiar”.

A opinião de Arvani é compartilhada pela própria diretora da feira, Fernanda Feitosa: “Tivemos colecionadores ingleses e franceses, mas da América do Sul ainda não, a gente não entende muito a razão, não temos explicação para isso, estamos muito próximos da Argentina ,deveríamos estar recebendo a visita de argentinos”. Prossegue dizendo “estamos sempre trabalhando com a estratégia de convidar os colecionadores internacionais, e a cada ano tem vindo mais, mas é claro que estamos fora do eixo”.

Para a próxima edição está otimista: “No ano que vem, com o sucesso deste ano, a gente tem condições de trazer mais colecionadores. Alguns colecionadores americanos compraram através de seus dealers que estavam aqui na feira”.

Fernanda Feitosa deixa claro que dentre as metas da organização da feira, está a de atrair mais feiras do exterior: “gostaria de melhorar a situação das galerias que vem de fora do Brasil, para viabilizar uma maior participação de galerias do exterior. Para ela, a modesta participação de galerias estrangeiras se dá também por problemas políticos e jurídicos: “Temos uma situação de alfândega, tributária e de incerteza de liberação das obras”.

Feitosa aponta algumas soluções: “As obras que vem do exterior para uma feira precisam ter prioridade no tratamento. Não podemos construir uma feira de padrão internacional com essas incertezas. É importante que esta barreira seja eliminada. A tributação também atrapalha, nosso país é um país muito caro para quem vem de fora, a tributação é altíssima e inviabiliza a internacionalização da feira. Temos uma tributação que chega a 45% e, países vizinhos como Argentina e México têm uma alíquota abaixo de 20%”.

Quanto ao número de visitantes, a organizadora acredita que vai mesmo superar a casa dos 10.000. “Os corredores estavam cheios durante todo o dia, o fluxo de pessoas foi excelente” ressalta.

Numa avaliação final da SP Arte, Feitosa se mostra satisfeita: “o balanço final da feira é muito positivo, tivemos uma visitação de um público altamente qualificado, altamente interessado, estamos muito contentes e encerrando o evento com chave de outro” diz.

Outra que avalia positivamente a feira é Eliana Finkelstein da Vermelho. Ela conta que vendeu trabalhos de Marcelo Cidade e Ana Maria Tavares para coleções particulares importantes, mas não revela quais são elas. Destaca que Stuart Evans da Lodevens Collection adquiriu trabalhos de André Komatsu. Ao comparar a SP Arte com outras feiras, ela diz: “acho que a grande diferença é que aqui não temos a visita de muitos curadores de fora. Tivemos dois de Portugal e a Tanya Barson da Tate. Na feira de Miami temos curadores de vários lugares do mundo” finaliza.

Já Raquel Arnauld conta que as vendas foram melhores este ano que no ano passado, “Este ano nosso box era maior, pude trazer mais artistas; vendi 7 gravuras em metal da Elisa Bracher nos dois primeiros dias da feira”.

Eduardo Leme conta que fez bons negócios. Dentre os trabalhos comercializados estão os de JR Duran, Lin Tianmiao, Sandra Gamarra e Felipe Cama; além disso, uma obra de Marcelo Moschetta foi adquirida pelo Iguatemi e doada à Pinacoteca do Estado.

Após todas estas considerações, pode-se dizer, seguramente, que a SP Arte teve um saldo altamente positivo. Para o próximo ano esperamos que o sucesso seja ainda maior, como o comparecimento de mais galerias do exterior, mais colecionadores e curadores; pois um evento como esse contribui muito para o amadurecimento do mercado de arte brasileiro.

Publicado em 29/04/08

Fonte: Portal Onne

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