terça-feira, 29 de junho de 2010

Quando o lar vira galeria. No Estadão

Com o mercado em alta, a hora é boa para iniciar uma coleção.  Especialistas dão dicas aos iniciantes


Você tem sensibilidade para a arte e gostaria de possuir belas e instigantes obras em seu lar, doce lar. Sonho impossível? Nem um pouco. A crescente difusão de artistas nos últimos anos originou um mercado mais amplo e acessível, ideal para quem está decorando a casa ou simplesmente quer torná-la mais interessante. Mas como iniciar uma coleção sem ser um especialista ou ter uma conta bancária de múltiplos dígitos?

















Fernanda Feitosa, da SP-Arte, com tela de Gabriela Machado

É certo que 99,9% dos novos colecionadores, até por razões de ordem financeira, não começam com um Vik Muniz ou uma Adriana Varejão, artistas consagrados no circuito internacional. Há dezenas de novos nomes, no entanto, cuja trajetória vale a pena acompanhar - e cujos valores de obras estão igualmente no início. É como diz o curador e mestre em filosofia pela USP Cauê Alves: "Quem comprou uma tela de Beatriz Milhazes há dez anos não pagou o que ela vale hoje".

O primeiro passo, portanto, é entender o princípio básico de uma coleção. "Colecionar não é o mero ato de acumular", ensina Fernanda Feitosa, organizadora da feira SP-Arte. "O conjunto tem de ter nexo, seguir um período, tema ou técnica. Caso contrário, não ganha o caráter de coleção e as obras não conversam entre si." Agnaldo Farias, um dos curadores da próxima Bienal de São Paulo, no ano que vem, valoriza a empatia entre apreciador e obra. "O interessado deve estudar o tema", recomenda. "Quem não se educa - e isso vale para qualquer coisa - acaba comprando gato por lebre."

Visitar galerias, museus e feiras especializadas é outra forma de aprimorar o senso estético. "Os museus que trabalham com arte contemporânea fazem exposições regulares e galerias têm linhas de atuação com um recorte específico", diz o curador. Aproximar-se de um iniciado nesses locais, ainda que provoque certa timidez, é dica de Renato de Cara, da galeria Mezanino. "Converse com artistas e curadores, puxe papo mesmo", sugere. "Você não tem ideia de quanto vai sair enriquecido."

Íntegra: O Estado de S. Paulo

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