sábado, 3 de junho de 2006

Jóias das galerias: Feira de arte reúne produção moderna e contemporânea de cinqüenta acervos

Orlando Margarido



O Jovem Mulato, tela de Lasar Segall (à esq.), e pintura da Ilha de Paquetá, de Di Cavalcanti (à dir.), ambas dos anos 20, estavam fora do mercado brasileiro havia mais de seis décadas: podem atingir cifras acima de 1 milhão de reais

No ano passado, um galerista carioca participante da SP-Arte retornava de carro ao Rio de Janeiro quando foi interceptado pelo celular. Era um colecionador de São Paulo querendo fechar ali mesmo, em plena Via Dutra, a compra de uma série de guaches de Ivan Serpa. "Fiquei surpreso", diz Gustavo Rebello, sócio do Estúdio Guanabara. "Nunca havia vendido numa situação tão inusitada." Era o efeito da SP-Arte, que vai se repetir entre quinta (4) e domingo (7), quando o Pavilhão da Bienal receberá a segunda edição da única feira no país dedicada às artes plásticas. A exemplo de iniciativas similares no mundo, caso da Basel, na Suíça e nos Estados Unidos, as galerias exibem para colecionadores e visitantes as jóias de seu acervo. Entre os mais de 600 trabalhos de 44 expositores nacionais e seis estrangeiros cintilam raridades como a tela O Jovem Mulato, pintada por Lasar Segall em 1926, na chamada fase brasileira. Sem preço fechado, a obra, da Athena Galeria de Arte, poderia ultrapassar em leilão a cifra de 1 milhão de reais.

Publicado em 3/6/06















Foto da Rua 25 de Março, de Camila Sposati: 3 000 dólares

Mas nem todos os preços do que está à venda são estratosféricos. Gravuras de Cildo Meireles, por exemplo, serão negociadas por 2.500 reais cada uma no estande de Heloísa Amaral Peixoto. "A intenção também é incentivar os novos e pequenos colecionadores", aponta a organizadora Fernanda Feitosa. "A primeira edição da feira repercutiu em vendas nas galerias até o fim do ano passado", diz ela. Há razão para comemorar. Um público de 7.000 visitantes ajudou a movimentar 3,5 milhões de reais em negócios. O sucesso atraiu algumas novidades neste ano, entre elas a vinda de representantes da Alemanha, Argentina, Espanha, Chile e Portugal. Também foi programado um ciclo de debates, como o que acontece na sexta (5), às 18h30, sobre o colecionismo no Brasil.








São Jorge, objeto de Farnese de Andrade: em alta, por 30 000 reais

Para o visitante curioso ou admirador da arte moderna e contemporânea, programão mesmo é conhecer ao vivo obras-primas como o óleo de Di Cavalcanti que retrata a Paquetá dos anos 20 – na melhor e mais valorizada fase do artista – e a peça Fauno, de Victor Brecheret, estudo em terracota da escultura que hoje se encontra no Parque Trianon. Ambos os trabalhos são do Escritório de Arte Paulo Kuczynski. O ingresso para apreciar essas e outras preciosidades custa 18 reais. Uma vez dentro da feira, até o cafezinho vem associado à arte. A cafeteria Orfeu é patrocinada pelo colecionador Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, que, além de empresário de comunicação, também cultiva café em sua fazenda.

Fonte: Veja São Paulo

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