Com ares de megaevento, SP-Arte traz obras para colecionadores e para público
Nada de bricabraque ou quinquilharias expostas lado a lado de obras contemporâneas. A SP Arte - Feira Internacional de Arte Moderna e Contemporânea de São Paulo, inaugurada quarta-feira, no Pavilhão da Bienal de São Paulo, pretende ser um diferencial entre os outros eventos do gênero que ocorrem no Brasil. Na sua primeira edição, que vai até domingo, reúne 40 galerias, na maioria paulistanas e cariocas, com representantes também de cidades como Belo Horizonte e Salvador. Há até uma de Montevidéu, do Uruguai. Todas levaram para o já consagrado território das artes plásticas do Parque Ibirapuera o biscoito fino de seus catálogos, compondo uma megacoletiva que atrai não somente colecionadores, mas o público interessado em ver o melhor da produção artística brasileira.
Artistas do naipe de Nelson Felix e Rubens Gerchman criaram trabalhos inéditos para mostrar na feira. Gerchman, por exemplo, preparou dez telas que, segundo ele, "estão fresquinhas como pão quente saindo do forno", expostas no espaço da galeria Murilo Castro. Além dessas pinturas, o artista conta com obras suas de diferentes épocas em outros estandes.
- Encontrei trabalhos que há muito tempo não via e nem lembrava onde estavam. A sensação é de rever velhos amigos. Descobri nestas obras de décadas sinais das questões que aparecem hoje em minha produção - conta Gerchman.
Na opinião do pintor, a SP Arte, elaborada nos moldes de feiras internacionais como a Arco de Madri ou a Art Basel na Suíça, apresenta vantagens sobre elas.
- Como chegou depois, traz características inovadoras como debates e mesas redondas. Faz um amálgama do papel de difusão e também de formação de público e de colecionadores - explica.
Esse aspecto do evento também chamou a atenção do escultor Nelson Felix, que pela primeira vez visitou uma feira. Apesar de ter constantemente peças suas em exibições semelhantes, ele nunca tinha tido curiosidade de comparecer. Desta vez, Felix foi verificar a montagem da escultura que criou especialmente para a área da H.A.P Galeria. Ele disse ter ficado contagiado pelo envolvimento de tanta gente, especialmente de Heloisa Amaral Peixoto, da H.A.P. A galerista, uma das entusiastas do evento, acredita que desta forma pode-se quebrar a dicotomia que existe entre comércio e cultura. Além das galerias, entidades não comerciais como o Projeto Leonilson, o Instituto de Arte Contemporânea, o Paço das Artes e a Fundação Iberê Camargo estão com espaços na feira.- Para a qualidade da produção brasileira o mercado ainda é muito pequeno. Por isso, ao mesmo tempo que se comercializa é importante informar e divulgar, criando uma nova geração de amantes da arte - diz Heloisa.
Entre os galeristas, a intenção de aumentar o número de clientes aparece estampada na lista de preços das peças que estão à venda. Muitos deles escolheram, além dos medalhões, trabalhos de valores mais acessíveis, para incentivar pessoas que nunca compraram obra de arte a adquirir uma peça. Esse cuidado foi além das expectativas da idealizadora e responsável pelo SP Arte, a empresária e colecionadora Fernanda Feitosa, que a princípio visava aos colecionadores.
- Na verdade tomei a frente do projeto por sentir falta de uma proposta de exposição nos moldes das feiras internacionais, para os amantes da arte nacional como ela. Com o decorrer da produção, o SP Arte acabou ganhando novas dimensões. Acredito que o evento no Pavilhão da Bienal irá preencher uma lacuna importante no cenário das artes plásticas do Brasil. A feira já tem data marcada para se repetir em maio do ano que vem e espero que se torne parte oficial do calendário cultural na cidade - diz Fernanda.
Fonte: JB
sexta-feira, 29 de abril de 2005
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